Prólogo

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Eu poderia criar uma lista com ao menos 10 coisas que mais odiava em Konoha High School, começando com o fato de ter entrado no meio do ano, o que me deixava deslocado entre tantos grupos já formados. Sendo assim, ganhei a horrível fama de garoto solitário, misterioso e carrancudo que vivia com a cara nos mais diversos livros da biblioteca.

Não queria ter abandonado meus amigos, principalmente agora que faltava apenas um passo para a faculdade, mas estava preso ao meu irmão, Itachi Uchiha, que possuía minha guarda e havia sido transferido de cidade por causa de seu trabalho. Éramos apenas nós dois e nosso gato num apartamento de dois quartos.

— Dê mais uma chance para o ensino médio, Sasuke. — Itachi sempre dizia isso quando eu começava meu monólogo sobre os dias terrivelmente tediosos

Era a mesma rotina todo dia e eu estava farto disto. Não era apenas dentro daquela escola, mas dentro de casa também. Nunca saíamos da mesmice e ler todos os livros da enorme biblioteca de Konoha era uma meta quase alcançável, visto que a escola e minha própria casa eram os únicos lugares que conhecia.

Itachi comia sua torrada enquanto nosso gato ronronava e se esfregava em seus pés, torcendo para algumas migalhas caírem. Já eu, guardava os livros na mochila, conferindo as horas a cada segundo para não me atrasar para o inferno diário.

— Vamos logo. Tenho prova de biologia hoje. — disse, enlaçando a alça da mochila num ombro só

— Seu humor é contagiante. — meu irmão revirou os olhos e pôs a louça na pia, pegando as chaves do carro no caminho até a porta de casa — Desamarra essa cara logo, Sasuke. — ele bateu a ponta de seus dedos na minha testa e riu

A segunda coisa que eu odiava era precisar da carona de meu irmão mais velho.

[...]

A terceira coisa que eu mais odiava eram as segundas-feiras naquela escola. O primeiro tempo era de biologia e nosso professor era completamente irritante. Iruka era, de fato, o professor mais tedioso daquela escola. Sua voz e ensinamentos eram tão rasos que só não dormia por causa dos fones de ouvido que usava durante suas aulas.

A culpa não era minha se ele explicava algo que todos já sabiam como se tivéssemos dois neurônios.

Os únicos que prestavam atenção eram seu pupilo, Naruto Uzumaki, a representante de turma, Sakura Haruno e a filha do vice-diretor, Hinata Hyuuga.

Sinceramente, admirava a força de vontade deles em continuarem focados em cada palavra de Iruka. Até mesmo a prova dele conseguia ser mediana, com perguntas simples demais e respostas em outras questões.

— Já terminou a prova? — ele se assustou quando lhe entreguei a folha A4, mas sorriu largamente ao ler a primeira resposta — Você tem um futuro brilhante pela frente. Continue assim. Pode sair da sala, está liberado.

Com isso, vaguei pelos corredores até encontrar um banco com sombra no pátio. Peguei o livro que estava custando a terminar e dei play na primeira música que vi pela tela do celular trincado. O barulho daquela escola era insuportável, mas não entrava na minha lista de motivos para odiar o ensino médio, porquê era simplesmente silenciado com a música e volume certo.

Comecei minha leitura e mergulhei profundamente nos sentimentos do personagem. E, a cada palavra que lia, percebia o quão bizarro era se enxergar como o próprio personagem em certos pontos. Órfãos de pai e mãe, uma vida escolar relativamente complicada e uma companhia felina que aguardava fielmente a sua chegada.

Mas, tinha um ponto que nos diferenciava: ele tinha uma namorada.

O personagem definitivamente era mais sociável que eu também. Seu grupo era composto por mais dois amigos e, de brinde, ele ainda conhecera o amor, coisa que nunca havia acontecido comigo.

Sim, eu, Sasuke Uchiha, nunca me apaixonei verdadeiramente por alguém nesses últimos dezessete anos. E, a cada dia que se passava nessa maldita escola, a certeza de que nascera para seguir carreira solo só aumentava.

Algumas vezes, me pegava imaginando viver dentro de alguns dos diversos livros que já tive o prazer em ler. Viver aventuras, completamente livre e ter aquela calorosa sensação de pertencer a algum lugar.

Não me leve a mal, eu amo meu irmão e respeito e admiro todo seu esforço para nos sustentar, mas ainda assim, faltava alguma coisa, assim como faltava em minha antiga cidade.

Recebi um rápido cutuque no braço, o que me fez despertar drasticamente da imersão na fantasia.

  Para minha surpresa, era Hinata.

A garota de longos cabelos azuis escuros e olhos perolados não conseguia me encarar nos olhos e parecia estar tremendo de nervosismo. Tirei meus fones e fechei o livro para poder prestar mais atenção na pergunta que hesitava em fazer.

— Podemos conversar? — a perolada me perguntou, ruborizando de vergonha

10 motivos para odiar o ensino médioOnde histórias criam vida. Descubra agora