Dona do poder (parte 2-final)

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****** Seher

Kemal Camgoz, deve ter aproximadamente a minha idade, talvez um pouco mais novo, o mais estranho é que ele não parece tão surpreso em estar na situação que está, ele me não me olha com medo, mais apenas decepcionado, talvez por ter sido pego... ele estava calmo até eu falar com o desgraçado do pai dele, assim que o coloquei para falar ele mudou, sua expressão antes calma ficou tensa, ouvi pela primeira vez a voz dele quando ele implorou para o pai o tirar dali, mais assim que o tirei do telefone ele novamente ficou com uma expressão calma, e me olhou com certo deboche, me surpreendeu, pois ele representou bem. Não contive minha curiosidade e o questionei.
S: Você não parece nervoso quando seu pai não está te escutando, seu medo só aparece quando fala com ele?
K: É Seher não é?! Escutei seu nome várias vezes, algumas enquanto me traziam pra cá, e outras quando meu pai falava de você e do seu marido... ironicamente o que me dá medo não estar sob o seu poder, mais é saber se o meu pai vai ter medo o suficiente pra abrir mão de algo que ele quer, por mim.
S: Ele não vai arriscar a vida do próprio filho.
K: Eu estou contando com isso, do contrário nem que você mude de idéia e me deixe ir, eu vou querer viver.

Então ele fez toda aquela cena no telefone pra ver se o pai demonstrava medo em perde-lo, que tipo de vida uma pessoa assim leva, que tipo de pai é aquele velho asqueroso, me pergunto internamente enquanto me vejo refletida nos olhos daquele homem que me encarava sem medo, com olhar frio, como se nada mais importasse.
Talvez se fosse em outro tempo eu teria me comovido, teria o soltado, teria feito qualquer outra coisa que não essa que fiz, mais não agora, já foram tantas provações, tantas coisas que passamos que hoje entendo o porque ele se preocupava tanto com a nossa segurança, ser um Kirmili já é andar com um alvo nas costas, e hoje com o sequestro dele eu só tenho mais uma prova de temos que estar sempre atentos.

Mais de três horas se passaram e nada do Camgoz entrar em contato, estou começando a achar que seu filho tem motivo de sentir toda aquela decepção, será que aquele desgraçado não iria fazer nada, não iria se mover pra ter seu filho de volta, ando de um para o outro pensativa, de longe vejo Kemal me observar, posso jurar que vi um sorriso irônico se formar nos lábios dele, não resisti e me aproximei.

S: Do que você tá rindo?
K: Meu pai não entrou em contato até agora não é? Você não o conhece, ele é assim, depois do susto do primeiro momento, eu aposto com você que ele sentou com os seus cães de guarda e discutiram se valia a pena me salvar, talvez mais do que me querer de volta, meu pai queira o seu marido morto.
S: Cala a boca, você não sabe o que tá dizendo, nenhum pai vai deixar um filho morrer.
K: Talvez o meu pai seja diferente, e o que você vai fazer se ele não me quiser? Você mesma vai me matar? Você não parece ser o tipo de mulher que atira em alguém.

Aquelas palavras, as lembranças, a voz dele, tudo me tira do sério, saio rápido da frente daquele miserável, entro no banheiro e lavo meu rosto, respiro fundo, e aos poucos vou me acalmando, e pondo minha cabeça no lugar. Não sei o que Camgoz planeja, talvez me desestabilizar seja a exata intenção dele, não, eu não vou deixar ele conseguir.

Assim que saio, Nedin vem ao meu encontro.
N: Seher, já faz três horas e nada do Camgoz entrar em contato, talvez devêssemos dar mais um incentivo a ele.
S: Não! Ainda não, ainda não é hora de usar isso.
N: Mais ele não parece preocupado com o filho, do contrário já teria entrado em contato...
S: Eu sei que ele está preocupado, nem ele sendo o melhor ator do mundo ia conseguir fingir aquela preocupação.
N: Como você sabe que não é fingimento?
S: Porque eu vi com os meus próprios olhos o que é um pai temer pela vida de um filho...eu senti o medo na voz falha do Yaman, quando Selin sequestrou Yusuf, e a voz daquela escória do Camgoz, também falhou quando ele soube que o filho estava aqui.

Mais uma hora se passa e nada do Camgoz entrar em contato, me aproximo de Kemal, e ele continua me olhando com um ar debochado.
K: Eu te disse, te disse que meu pai não liga pra mim, ver seu marido morto é mais importante pra ele, do que ter a mim de volta.
S: Você tem razão, eu não quis acreditar antes, mais seu pai é um crápula que não se importa nem com o filho...

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2021 ⏰

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