Capítulo 13.

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 Começou um novo dia. Lia é acordada pelos raios de sol a alcançarem a sua cara através da janela e para dentro do seu quarto, criando uma palete de diferentes sombras e luzes dentro do pequeno espaço. Lia imediatamente revê os acontecimentos do dia anterior, e um sorriso aparece-lhe na cara tão rapidamente que ela não tem tempo de se lembrar de algo que o faça desaparecer.

  Era dia de semana, segunda-feira, e infelizmente ela tinha de seguir com a sua vida em frente e esquecer as piores partes do dia anterior, e superar a tristeza que estas lhe causavam.

  Levantou-se da cama e começou a sua rotina matinal de pequeno-almoço – duche – vestir. Estava um dia bonito, ela conseguia perceber só por olhar pela sua pequena janela, e portanto não vestiu nada de muito pesado; embora estivesse frio, o sol não era suficiente para esconder a temperatura.

  Foi uma viagem rápida até à Universidade e seguiu para a zona comum, onde havia mesas e cadeiras, e chegou a ser o sítio preferido de Lia para estar, sozinha ou acompanhada, onde podia fazer imensas atividades. Naquele momento, Lia decidiu tirar da sua mochila o trabalho de literatura que ela ainda não tinha acabado completamente. Dickens sempre a transportou para os melhores locais e fê-la conhecer imensas pessoas. Este autor era incomparável.

  Passaram-se uns bons minutos em que ela se absorveu totalmente no seu trabalho, ficando surpresa quando alguém se sentou ao seu lado tão abruptamente.

  Niall. O corpo de Lia imediatamente ficou tenso ao recear que ele fizesse alguma pergunta que ela não desejava responder ou que dissesse algo de modo a ela não puder fugir daquele lugar em que ela se encontrava sentada. Respirou fundo, levantou a cabeça e forçou um sorriso na sua cara enquanto olhava para os olhos azuis do seu primo.

 - Não fazes ideia de quem está cá – foram as palavras que saíram da boca de Niall, e Lia até se sentia ofendida pela forma como o rapaz olhava para outro sítio enquanto falava – Olha – Ele continuou, apontando com um aceno de cabeça para algum lugar à frente de ambos.

  Lia não podia acreditar. Naquele momento, a única coisa que lhe apetecia era encontrar um buraco para se esconder, porque tudo podia estar À sua frente. Tudo, qualquer coisa. Porque tinha de ser Harry?

  Harry estava mais radiante que nunca, se isso era sequer possível. A sua camisa com o símbolo da universidade complementava os seus olhos verdes, brilhantes que vinham sempre acompanhados com a presente de um sorriso tão maroto e próprio de Harry, que não despendia a covinha na sua bochecha esquerda. Ele não estava a olhar para perto de Lia e de Niall, ele falava com um provável amigo, mais baixo, moreno e de olhos azuis, e Lia não pôde deixar de reparar o quão atraente era a visão dos dois juntos, ignorando qualquer hipótese de inveja e egoísmo que pudesse vir da mesma visão.

  Lia olhou à volta do rapaz de caracóis e estranhou o olhar que algumas pessoas lhe davam. Ódio? Medo?

 - O que se passa? – A sua voz tremia quando questionou o rapaz loiro ao seu lado que tinha a palavra confusão e desconforto escrita por toda a sua cara.

 - O que é que ele está cá a fazer é que eu não sei. Nem gosto. – Foi a resposta que Niall deu a Lia, que continuou a procura a resposta à sua pergunta na cara das outras pessoas, até os seus olhos encontrarem os de Harry.

  Ele olhava para Lia com um sorriso apologético na sua cara, suplicando por um feliz de Lia, que teimava em aparecer na cara da rapariga que tinha as sobrancelhas ligeiramente aproximadas. Lia levantou-se subitamente, desprendendo primeiro os seus olhos dos do rapaz de olhos verdes tristes, e reuniu os seus cadernos e livro, arrumando tudo dentro da mochila, que meteu nos ombros de seguida.

  Lia andou pelos corredores, mais ou menos dirigindo-se à sua aula, pois provavelmente se aproximava da hora de entrada; ela não podia ter a certeza, uma vez que com toda a tensão na zona comum há momentos atrás, tinha-a tudo posta um pouco confusa e desorientada.

  As aulas passaram-se, e Lia esteve metade atenta e outra metade nos cantos da sua mente, revendo acontecimentos passados, embora ela soubesse que mais tarde ela se iria arrepender, quando viessem a ser a altura dos exames e ela virá a desejar ter estado mais atenta.

  Quando tocou para a saída da última aula do dia, Lia suspirou de alívio por não ter de estar mais tempo na universidade com o estado de espírito que ela transportava, e assim, saiu da sala e dirigiu-se para a casa-de-banho, porque a sua bexiga não aguentaria até casa.

  No entanto, duas vozes surgiram abatidas e abafadas de dentro de uma sala com a porta meio aberta e Lia reconheceu uma em particular. Harry.

 - E como correu a conversa com … - Lia aproximou-se da porta para conseguir perceber estas palavras, e não soavam a Harry. Talvez fosse o rapaz que antes tinha estado com ele, ode olhos azuis e sorriso que prometia algo que Lia estava incerta de descobrir.

 - Gemma já está melhor. Eu tinha-te dito que não demoraria muito para ela finalmente me perceber. Ela pensava que a situação podia ter-se repetido com Niall – Harry respondeu à meia pergunta que Lia percebeu, e ao nome do seu primo, ela afastou-se, sentido as vozes muito mais próximas dela do que primeiramente tinham soado. Inesperadamente, com o movimento súbito de Lia, ela chocou com alguém que provavelmente estaria a passar atrás dela, e o que se seguiu foram uma mistura de folhas e cadernos a voarem pelo ar para a seguir caírem barulhentamente no chão, seguidos da pessoa a quem pertenciam.

  Lia virou-se, e imediatas desculpas e perdões foram cuspidos da sua boca, para a rapariga que se levantara e encarara Lia com um sorriso que contrariava o sentimento de culpa de Lia, que se baixara para agrupar as folhas e cadernos, que deu à rapariga de sorriso inquebrável.

  O que Lia não se deu conta foi que os dois rapazes tinham saído da sala onde se encontravam para fora, ao som súbito de barulhos e coisas a caírem no corredor, e olhavam para uma Lia a dirigir-se a uma rapariga para entregar as coisas já arrumadas e ordenadas.

 - Lia? – Harry reconheceu, olhando a rapariga que se virou com um olhar assustado de alguém que é apanhado a fazer o que não devia.

  A rapariga que Lia tinha ido contra afastou-se com um adeus e o seu permanente sorriso, deixando os dois rapazes e Lia no corredor a olharem-se mutuamente.

  Lia já sabia por experiências anteriores que fugir não é solução para nada, e era isto que surgiu na cabeça dela, enquanto as suas pernas contrariavam os seus pensamentos. Ela não correu, apenas andou um pouco mais rápido, mas infelizmente Harry não queria deixar o que se passara sem explicação, e Lia sentiu-o a agarrar pelo pulso (quem mais poderia ser, realmente, senão Harry com aquelas mãos fortes, grandes e calorosas) e a puxá-la no sentido contrário do que ela se movimentava.

  Lia apenas viu olhos verdes, olhos verdes a olharem para os dela, enquanto sentia cacifos a perfurarem suavemente a pele das suas costas.

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