11- O meu passado

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Olho para a sua cara e pela primeira vez parece não ter maldade. Mesmo depois de tudo o que ela nos fez, eu tento não me descontrolar e apenas manter uma relação médica/paciente saudável. Ela olha-me profundamente nos olhos e de seguida passa para a minha mão junta à de Louis. Ainda que possa não ter más intenções perante mim, só me consigo lembrar de todas as barbaridades que disse acerca de mim e da minha mãe. Toda a inveja emanada dos seus olhos cada vez que me aproximava da minha avó...

"Vamos, doutora?" Digo, tentando aliviar a tensão.

"Claro. Siga-me." Eu dou um passo na sua direcção, mas a mão de Louis impede-me.

"Eu vou contigo."

"Não pode entrar. Peço desculpa." A voz dela faz-se soar no corredor.

"Deixa estar. É melhor não assistires a esta conversa." Passo a minha mão pelo seu ombro e desço-a novamente até à sua mão apertando-a. "Confia em mim." Ele beija-me.

"Se precisares de alguma coisa, estou aqui fora." Assinto e dou passos lentos e cautelosos sobre a tela brilhante que cobre o piso por baixo dos nossos pés. Ela abre a porta do seu gabinete e eu entro em primeiro lugar.

"Senta-te, querida!" A sua voz inesperadamente doce quebra o silêncio destas quatro paredes.

"A doutora é sempre assim com todos os seus pacientes?" Pergunto e ela franze o sobrolho.

"Como?"

"Simpática..." Ela olha-me com mais atenção a fim de perceber o que quero dizer. "Sim, não se faça de parva. Ambas sabemos que a doutora é tudo menos simpática. Diga-me, o que pretende com esta atitude?"

"Eu quero resolver tudo. Quero esquecer todo o ódio e todos os erros que cometi. Por favor. Só mais uma oportunidade." Ela aproxima-se de mim e eu afasto-me para me manter em segurança da pessoa que tanto mal me fez!

"Eu entrei neste gabinete devido a um problema que houve. Eu desmaiei num cemitério e fui transportada para este hospital de ambulância. Acho que se trata de algo importante, não? Pelo mais do que as suas palavras."

"Evelyn. Por favor!" Eu levanto-me rapidamente da cadeira e saio do gabinete, sem sequer me dar ao trabalho de fechar a porta do mesmo. Dirijo-me até à sala de espera e oiço os gritos daquela mulher atrás de mim.

"Louis, vamos embora daqui." Ela olha-me à toa. "Já!" Eles pegam nas suas coisas e levantam-se. A minha tia chega até nós.

"Por favor..." Ignoro-a e ando até à saída.

...

Agora que penso em tudo o que a minha tia me fez, bem como no incêndio, percebo que talvez fosse melhor desaparecer mesmo. Todos me querem ver morta. E mais uma vez me culpo por não ter voltado atrás para salvar a Emily. Ela merecia viver. Eu não.

O ambiente desde que saímos do hospital tem estado muito tenso. Ninguém diz grandes palavras e a expressão de Louis e de Luke está bastante séria.

"Não fique preocupada que não foi nada de grande gravidade. Agora precisa de descansar e de tomar os comprimidos que lhe receitei." O médico sorri.

"Muito obrigada doutor." Louis dá-lhe um aperto de mão e acompanha-o até à porta. Fico com Luke no sofá e ele mal fala desde que chegamos do hospital. Pouso a minha mão na sua perna e quando se apercebe, ele levanta a cara.

"O que se passa, Luke?"

"Sabes bem o que se passa. Hoje foi um dia difícil por todos os motivos que conheces e ainda por cima esta situação da tua tia. Acho que devias contar tudo ao Louis. Ele merece que lhe expliques." Ele diz num tom ríspido.

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⏰ Última atualização: Jun 15, 2015 ⏰

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