FLORA WALSH
O dia estava estranho. A cidade estava calma, parecia que não tinha ninguém. O governo mandou todos se trancarem em suas casas após alguns ataques começarem a acontecer em Atlanta, mas por incrível que pareça, hoje estava silêncio.
Eu estou sozinha em casa, meu pai foi visitar seu melhor amigo no hospital e não voltou até agora, as vezes essas idas dele me preocupam. Meu pai é um policial, ele ama o seu trabalho e dá tudo para se sair bem nele. É óbvio que eu me preocupo sempre que ele coloca os pés para fora de casa, mas ele sempre volta no fim do dia.
Aproveitando a calmaria de hoje, liguei a televisão e esquentei o almoço de hoje no microondas, sentei no sofá com as pernas cruzadas e prestei atenção no noticiário, a internet estava um lixo e quase não tínhamos sinal de celular, parecia o apocalipse.
Antes que eu pudesse terminar de comer, todas as luzes da casa se apagaram, bom, não só da casa. O bairro todo estava apagado e quase escuro, pois a noite estava chegando.
— Que puta bosta. - resmunguei, deixando meu prato na pia e trancando todas as portas da casa.
Subi para o meu quarto e peguei meu celular, sem sinal. Olhei pela janela e vi os vizinhos acendendo algumas velas, pensei em fazer o mesmo, mas talvez eu esteja com medo de ficar no escuro sozinha. Fechei a cortina e deitei na cama, por conta do tédio acabei pegando no sono.
[...]
A porta do meu quarto foi escancarada, me fazendo dar um pulo na cama e pegar a arma reserva do meu pai - a qual foi dada a mim - embaixo do colchão, apontando diretamente para a pessoa.
— Levanta agora, temos que ir.
Meu pai abria minhas gavetas e enfiava alguns dos meus pertences em uma mochila.
— O que tá acontecendo? Por que tem sangue na sua blusa? - perguntei um pouco assustada, indo até a janela.
— Se afasta das janelas! - meu corpo foi puxado - vai pro carro, eu te explico lá.
Meu pai me entregou a mochila e saiu, indo até o quarto dele. Fiz o que ele mandou e desci as escadas, indo para o lado de fora da casa, vendo seu carro parado de mau jeito. Abri a porta do carona e arregalei os olhos ao ver que o banco estava ocupado.
— Lori?
A senhora Grimes me encarou assustada, mas suspirou ao ver que eu havia aberto a porta.
— Deus você está bem. - Lori saiu do carro e me abraçou com força - entre no carro, já vamos sair.
— Por que você tá aqui? - franzi a testa - você não devia...
— Flora! - olhei para a porta de casa e meu pai vinha em nossa direção - mandei você entrar no carro.
— Eu ia mas ai eu vi a Lori e...
— Tudo bem, só entra logo.
— Shane, se acalme por favor. - Lori colocou a mão em seu ombro - vamos, entre no carro, precisamos pegar a estrada.
Meu pai jogou as mochilas no porta-malas e entrou no carro, entrei no banco de trás e dei de cara com o filho de Lori, Carl. Revirei os olhos e bati a porta, colocando o cinto de segurança.
— Podem me contar o que tá acontecendo? - perguntei angustiada.
Os dois adultos no banco da frente se entreolharam e vi meu pai engolir em seco.
— Rick está morto.
Arregalei os olhos ao ouvir Lori pronunciar aquela frase e olhei de relance para Carl que havia aumentado o volume da música em seus fones de ouvido.
— Sinto muito, o Rick era...
— Shane cuidado!
Meu pai parou o carro bruscamente mas era tarde, ele havia atropelado uma pessoa. Carl e eu saímos do carro ouvindo meu pai gritar para que voltássemos. O corpo da pessoa que meu pai atropelou levantou do chão e estava estranho. Tentei me aproximar mas Carl agarrou meus braços, me puxando para longe. A mulher olhou em nossa direção e eu pude ver. Seus olhos estavam brancos e ela fazia um barulho estranho.
Antes que ela se aproximasse um tiro foi disparado. Olhei para o lado e meu pai tinha sua arma apontada.
— Falei pra vocês voltarem!
— O que foi isso? Que merda tá acontecendo?
— Você não vê? - Carl abriu a boca pela primeira vez - ela era um zumbi. Estamos em um apocalipse.
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HIATUS | Beyond Desolation
FanfictionFlora nunca imaginou que seu último ano no Ensino Médio seria um completo caos. A correria, o desespero, os grunhidos, tudo era muito assustador. Vizinhos, amigos e conhecidos estavam mortos, e agora, andavam em busca de comida. Atlanta não era mais...