Assim como Khoy e Viycy

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— E então, meu filho, com a sua vitória no "Confronto Final", tudo isso estará sob nosso comando... — diz a criatura aparentemente mais velha passando a palma da sua mão esquerda lentamente por uma esfera que mostrava em si, a imagem de vários edifícios e pessoas vivendo sua vida tranquilamente. — Não será lindo ver esses seres consumidos pelo completo desespero, lutando em guerras vazias, sem saber se sobreviverão ao amanhã? — Um pequeno sorriso sarcástico se ilustra em sua boca comprida e fina.

— Com certeza, meu pai. O jeito como aqueles leprosos gerenciam o mundo é extremamente inexpressivo, sem graça, chego até ter pena. É como se estivéssemos olhando para uma imagem estática durante esses anos. — O ser mais alto e com energia jovem discursa enquanto caminha, com as mãos nas costas, pela sala extremamente escura com escassez de detalhes, apenas alguns objetos essenciais em vermelho quase neon se destacavam no cômodo que era adereçado com uma grande janela em uma das suas extremidades, a qual dava vista à toda a cidade logo abaixo.

— Khoy, eu consigo sentir que você será o responsável por finalmente trazer a tão esperada prosperidade à Trewmo! Basta! O reinado de Vebue deve acabar! — Batucava ritmicamente suas unhas mortalmente pontudas na esfera à sua frente. — Soube que nos traria orgulho desde o momento em que mexeu uns pauzinhos para que a humanidade começasse a venerar aquele idiota, anos atrás. Conseguiu com que o mundo todo seguisse seus pensamentos estúpidos! Qual era o nome dele mesmo? Arnold... Anthony...

— Quer dizer Adolf, meu pai? Adolf Hitler? — O ser mais alto desvia seu olhar da vista da janela para encarar o mais velho apenas de perfil.

— Esse mesmo! Aquele cara foi uma figura! E você conseguiu causar uma bela dor de cabeça naqueles vebuianos, precisaram de anos para resolver essa sua brincadeira! — Balançou pra frente e para trás pelo impacto de suas escandalosas risadas em conjunto com algumas palmas, movimentos despertados pela lembrança que acreditava ser muito engraçada.

— Aquilo não foi nada... — desdenhou virando sua cabeça oval adereçada com um par de grandes e pontiagudos chifres escuros que combinavam com o tom restante de seu corpo alto e esguio — foi algo que fiz para matar o tempo, estava entediado.

— Meu filho, você tem um talento nato! — Comenta com euforia — Se apenas sua irmã tivesse herdado um pouquinho desse seu poder...

— Geate ainda é jovem. Pai, tente ter um pouco mais de paciência com ela, logo mais fará tantas maldades quanto eu fazia em sua idade.

Neste momento, ouve-se uma quase inaudível batida na porta do cômodo em que as duas criaturas estavam, era ninguém mais, ninguém menos que a própria menina ali.

O pai, sem aparentar remorso nenhum das palavras ditas a pouco, a olha de cima a baixo acenando para que entre.

— É bom que esteja aqui... talvez assim aprenda algo com nosso futuro governante e também traga algum orgulho para seu povo e sua família!

Por dentro, facas pareciam cortar seu coração, mas por fora Geate simplesmente levantou mais o queixo angular, ajeitou a postura para parecer mais alta e o olhou nos olhos.

— Venha cá Geate, vamos ver se seus dons resolvem, finalmente, aparecer... — o ser mais velho a chama para perto de sua esfera de estimação. — Vamos, faça algo que orgulhe seu pai e seu irmão, qualquer coisa, estamos esperando. — Ele cruza seus braços esqueléticos que contrastam com sua barriga avantajada.

A menor se aproxima do objeto e com seus pequenos dedos de unhas bem afiadas, põe as mãos acima da bola e foca em seu centro, tentando se demonstrar concentrada na missão que acabara de receber do pai.

Assim como Khoy e ViycyOnde histórias criam vida. Descubra agora