Kyo, olhos de gato

"Kyo"

Eu sou Hirumi Kyoto, e tenho 12 anos, e- Não, não... Oi, eu... Agh! Oi! Eu sou Hirume... Não vale a pena.... - Disse Hirumi, rasgando a folha de seu "novo diário" que sua psicóloga propôs. Aborrecido, jogou pela janela do ônibus na qual estava apanhando.

Apoiou seu queixo na palma de seu braço mais próximo da janela do ônibus, encostando seu cotovelo ali. Soltou um suspiro, já cansado de esperar sua próxima parada, na qual, era sua casa. Olhando na tela principal de celular a hora, parecia demorar um pouco até a chegada de sua casa. - Era só o que me faltava... Meus dados acabaram e estou longe de casa, mas que azar, viu... - Resmungou o garoto.

Inclinou sua cabeça, apoiando um dos lados, na janela do ônibus, observando os carros pela janela passando ao lado do ônibus, todos os postes em que cada avenida havia, todas as verdes folhas das árvores que se moviam nesta manhã , e em seu corpo, o tremor do ônibus , que continuava se movendo, infinitamente aos olhos de Hirumi, um garoto impaciente, e provavelmente, entediado naquele momento; Não é de se surpreender, são poucas as vezes que Kyoto presta atenção nas coisas a seu redor, como agora. É comum ele estar sempre fissurado em seu celular, ou em outra coisa comovente em relação a internet, essa razão deveras ele esteja em terapia.

Chegando próximo à próxima parada, na qual a que Kyoto descia, ele pôs seu celular dentro de seu bolso, apanhando sua mochila em seu ombro, e se levantando pra puxar a cordinha do ônibus pra que ele parasse. Saindo do ônibus, com apenas um passo de seu solado ao chão, dava pra sentir, mesmo com seus pés cobertos pelo seu tênis, o calor do sol, que batia no solo. Sentiu o sol esquentar sua pele, numa manhã bem calorenta.

Um passo atrás do outro, enquanto os olhos de Kyoto eram fissurados no chão, viajando entre seus pensamentos. Puxou a chave da fechadura de sua porta, fazendo-a "pular" em sua mão, até sentir algo o acompanhar. Olhando para o lado, percebeu um gato de pelugem laranjada, com pequena estatura, o perseguindo a seu lado. Interrompeu seus passos, o garoto que amava felinos.

Fitou por alguns segundos o gato, que logo parou de andar, após perceber que o rapaz havia parado, soltando um miado por trás de um ronronado manhoso, esperando que o garoto voltasse a caminhar. Hirumi, se ajoelhou no chão, acolhendo o gatinho com sua mão livre, logo ele se aproximou da palma do rapaz, esfregando sua cabeça por lá, soltando um miado persistente.

- O que foi, amiguinho? Está com fome? Hum? - Perguntou Kyoto. Logo o gatinho se deita no chão, e foca na chave que se balançava no palmo fechado de Hirumi. Levou suas patinhas até lá, tentando trazê-la pra si, acompanhado de outro miado.

- Meaw.. - Miou o gato, dilatando sua pupila.

- Oh, isso daqui que você quer? - Hirumi apanhou a chave em suas mãos, deixando ela no alcance do gato. O gato fixava seu olhar na chave, enquanto o vento a movia de leve, aquilo estava em sua mira. Balançou sua cabeça, acenando.

Por alguns momentos, apenas apreciava e daba toda sua atenção á quanta fofura e beleza aqueles olhos cintilastes e pelugem macia aquele gato tinha, ao perceber que ele acenou a cabeça, em pleno questionamento-

- Espera ele acenou pra mim?! - Antes que o rapaz se questionasse mais, o gato puxou com suas patinhas a chave até sua boca, a agarrando com astúcia. Depois daquela brecha, correu do garoto, o mais rápido possível. Kyoto, desesperado e assustado; Sem esperar por aquilo, tentou correr atrás do gato, tropeçando no chão, sujando suas mãos de restos de areia espalhados no chão, limpou em sua blusa, auxiliando sua mão no chão pra que levantasse, correndo atrás do gato em desespero.

O gato, sem ter o que esperar, virou a esquina daquela rua, o que era estranho, por que ali havia um conjunto de prédios e Kyoto não lembrava de ter aquela esquina por ali, mas não tinha o que se questionar naquele momento. Enquanto as patinhas do gato batiam no quente chão daquela manhã, com toda velocidade que adquira a cada ofegante, enquanto Hirumi, totalmente afligido, preocupando-se em como voltaria pra casa, só gostaria de estar deitado em sua cama naquele momento. Sem hesitar, o felino saltou ao telhado de uma das casas mais próximas. Antes disso, subindo em um muro de tijolos velhos. Aquilo fez o moreno perder todas esperanças. Ainda com medo, escalou o pequeno muro de tijolos, saltando em pouca distância ao telhado da casa, ainda sim com cuidado, enquanto o gatinho não parava de movimentar suas perninhas.