Sabe, eu podia começar isso com "Querida Elizabeth" ou alguma dessas besteiras de carta mas isso não daria certo, não com você. Eu não sei ser romântico, e sorte a minha que você também não. Então vamos lá.
Eu tô escrevendo isso depois de uns copos de whisky então talvez a minha letra esteja cagada, mas pelo menos a gramática tá certa, coisa de jornalista.
E eu acabei de perceber que já estou tentando fugir do assunto.
Vamos lá, eu gosto de você Elizabeth Webber. É isso.Eu penso em você no meio do trabalho e começo a sorrir como um idiota, eu lembro de você sempre que passa um filme policial na televisão, eu olho pro céu e penso em você. Por sinal, ele é meu maior confidente.
Já que você gosta tanto dele eu acabo me confessando pra ele todas as noites esperando estar um pouco mais perto de você. E eu estava aqui apenas contando ao céu sobre você mais uma vez. Contando pra ele que apesar de doer, ainda vale a pena cada segundo do amor que eu sinto por você. Ou ao menos minha mente apaixonada me diz que sim.Dói porque eu sei que "isso" é impossível. Você me lembra todas as vezes que é só um caso e ninguém pode saber. Afinal, o que pensariam "A brilhante cientista forense Webber tendo um caso com o insuportável do Fritz?". A minha equipe odeia a sua e vice versa, você me odeia. Eu só não consegui fazer o mesmo.
Dói no fundo da minha alma. Eu estaciono a duas quadras da delegacia, te vejo pelo retrovisor enquanto você se aproxima com todo o ar de superior. Você entra, ficamos em silêncio até você me puxar pra um beijo feroz, e todas as vezes eu só consigo ceder e cair pelos seus encantos. Toda merda de vez, pra no final, você sair com palavras curtas "Te vejo segunda?" ou "Te mando mensagem marcando a próxima".Nos somos só isso, algo casual. E eu sou só um brinquedinho escravo dos teus encantos; e isso dói, dói porque o que eu sinto não é o esperado de um caso. Eu sinto mais, muito mais. Eu acho que te amo, e admitir isso assusta e machuca cada canto do meu ser. Porque te amar vai ser a minha ruína.
Nunca achei que ia sofrer de amor e aqui estou eu, chorando em cima de um pedaço de papel somente com um copo de álcool como companhia. Quem diria que o aclamado repórter Thiago Fritz ia cair de amores tão violentamente.Eu desfrutei de cada momento juntos de qualquer forma possível. Nos pouquíssimos dias que você me deu o luxo de ficar um pouco mais no carro, ou respondeu alguma das perguntas que eu te fiz. Como no dia que descobri que você gosta do universo após perguntar sobre as suas diversas tatuagens. Ou no dia que você entrou no meu carro e só ficou em silêncio, não me beijou, só olhou fundo nos meus olhos e desabafou sobre a sua vida. Acho que você estava sobrecarregada demais e resolveu desabafar pra um "estranho", pois é isso que eu sou pra você.
Foi nesse dia que eu te vi, que eu olhei nos teus olhos e vi quem era você. Foi nesse dia que você olhou pra quem eu era e eu me senti mais nú do que nunca antes, porque a profundidade do seu olhar estava além de tudo que eu já tinha sentido. Acho que você soube mais sobre quem eu era só com esse olhar do que eu ouvindo sobre toda sua vida nessa mesma noite.E estamos nisso a semanas, meses, anos.
E cada vez eu me apaixono mais e me machuco mais. Eu devia parar com isso e me sinto um fodido masoquista por não conseguir. Então eu conto pra Vênus sobre nós, e pra Saturno, Plutão, Orion, Andrômeda, Capricórnio, Marte, Canopus, Cartwheel e mais algumas. Eu falo com o Sol e choro com a Lua. As músicas românticas agora me trazem sensação de reconhecimento e as histórias já não me parecem mais tão distantes.Tudo isso porque eu caí de amores por você. Agora eu tenho uma pergunta pra ti Webber, talvez a última.
O que você sente?
Eu preciso saber, porque senão eu vou embora. Tem uma proposta no Rio, não é tão diferente daqui, mas é uma chance de ficar longe de você e disso que eu sinto.
Se me pedir pra ficar, se me pedir um tempo, se me falar que sente algo. Me fale qualquer coisa que me faça ficar, caso contrário, eu vou desaparecer da sua vida. Você é quem manda, como sempre.Porque caso isso seja unilateral eu vou tentar me livrar disso e seguir em frente. Vou parar de te amar. Mas caso exista alguma coisa, qualquer coisa, eu fico. Então tudo isso é pra perguntar.
Eu vou ter um motivo pra ficar? Porque nenhum motivo pra ficar já é um bom motivo pra ir.
É a minha última pergunta pra você, espero que essa você responda.
Te vejo no lugar de sempre, no horário de sempre. Se você não aparecer, então eu já sei que é um não.
Essa merda toda ficou uma confusão, mas não é como se o meu eu bêbado de agora ligasse. O que eu tinha pra falar eu falei, ainda que de forma desconexa.- Talvez pela última vez, Thiago Fritz
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Telling to the sky
RomanceDivagações e declarações de um jornalista apaixonado sobre uma perita criminal após alguns copos de uísque.