00 | PRÓLOGO

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  DESDE os seus oito anos de idade, Hisako sabia como viver sozinha, logo que perdeu os seus pais para o frio da montanha, que morava há muito tempo.

A sombra de seus pais ainda estavam presentes, como almas mortas que vagavam no mundo em preocupação de sua única filha, sozinha naquela casa de madeira, em cima das montanhas. Lhe assombravam, mas nunca faziam nada, quando a visse olhar para eles, podendo-os ver as suas sombras ao invés de sua figura.

Hisako se perguntou se eram os seus pais, ou espíritos da montanha.

Com menos de seus dez anos, ninguém do vilarejo abaixo tentou saber o que ocorreu com o casal isolado das montanhas, que lhe forneciam madeira no inverno. O inverno havia começado, e nenhum dos moradores precisou ir atrás de seus vendedores de madeira, já que o estoque estava cheio. Nesse inverno, tão rigoroso, Hisako conseguiu viver enquanto ficasse aquecida pelo corpo pequeno, e o manto de seus pais aquecendo-a do frio, e tendo somente a suas pequenas aventuras, no plantio de frutas venenosas ao lado de sua casa, dando-lhe vida como doença, pelas frutinhas amargas.

O veneno das frutas que apenas crescia no inverno lhe eu náuseas, mas, mesmo assim, continuava comendo-as quando não sabia caçar. O gosto era amargo —mas fresco—, lhe contagiando com uma dor extremamente da morte, querendo-a mata-la. Porém, mesmo com uma dor agonizando e as sombras de seus pais estarem lhe esperando do outro lado, Hisako resistia e não morreu. A partir daí,  frutas venenosas que comia já não lhe fazia mal, comendo-as com favor do sabor amargo.

  Após o inverno, um morador vizinho a casa da antiga família de Hisako foi procurar o seu amigo, que morava lá com a sua esposa e filha. Já fazia tempo que ele não descia a montanha, e nem lhe falou alguma palavra.

  O homem se preocupou, e partiu na manhã de sol caloroso com a neve sumindo nas árvores e formando a terra. E então, uma do encontrasse o corpo de seu amigo e de sua esposa já mortos na casa, o seu rosto ficou pálido e sem palavras. Pois ele conseguiu ver, na cama próximo aos corpos do casal, a única filha deles estar dormindo em meio a uma febre, segurando o dedo de sua mãe, que lhe trouxe calor em seu pesadelo.

Assim, como amigo de longa data daquela família, correu quando viu a menina não acordar. Os seus amigos estavam mortos, e a única sobrevivente estava pálida e muito magra, fazendo-o se perguntar como aquele garotinha viveu meses sozinha, sem seus pais.

Ele não tinha respostas, mas acreditou que os deuses cuidaram dela, vendo que ela ainda tinha o propósito a cumprir em sua vida.

O homem a salvou, mas não poderia leva-la para fora a montanha, logo que fosse impedido pelas sombras que a cercavam, fazendo-a viver naquele casa novamente — sozinha.

Abide In The Mountain | Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora