Prólogo

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Dor

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Dor.

É isso que sinto quando abro os olhos vagarosamente. Dor em cada centímetro do meu corpo, mas alucinantemente agonizante na minha perna direita, como se estivesse pegando fogo. É tão forte que queria ter morrido.

Helena. Forço minha cabeça a se virar para o lado e vejo minha noiva desacordada com um corte profundo na testa e sangue caindo até seu olho esquerdo.

Movo minha mão, dando pequenos passos com meus dedos e chego à mão dela, apertando-a de leve e implorando à Deus que ela esteja bem. Lágrimas escorrem de meus olhos. Se não estivéssemos discutindo por um assunto tão banal, eu teria visto a caminhonete e desviado antes que estivéssemos nesta situação atordoadora.

A dor em minha perna é massacrante e fica ainda pior quando tento me mexer para sair do carro, fazendo-me parar imediatamente e querer espernear.

Quando tinha quinze anos, caí andando de skate e a queda foi tão feia que quebrei o braço e chorei feito um bebê. Pensava com leviandade que jamais experimentaria uma dor maior que a dos ossos se deslocando, mas me enganei. Preferia aquilo multiplicado por cinquenta e seria como deitar num colchão d'água.

— Helena... — A voz sai num sussurro inaudível.

Minha loira continua sem esboçar nenhuma ação.

Minha Helena. Meu amor. Meu sol.

Choro querendo bater em minha própria cara! Isso foi culpa minha. Hoje é aniversário de Helena e saímos bem cedo para comemorar tomando café na padaria do shopping que serve o bolo de morango com nata que ela tanto gosta; depois disso passeamos pelo centro da cidade e tivemos a sorte de encontrar um palhaço que fez um coração de balão rosa para ela, um truque de mágica que incluía fazer uma moeda desaparecer e ainda me deu beijo no rosto que a fez gargalhar. Fomos almoçar num restaurante com música ao vivo.

Os músicos, uma banda de samba, cantava muito bem e eu estava adorando, já Helena não gosta desse gênero de música e ficou entretida com o cardápio. Ela se retirou para ir ao banheiro antes após eu pagar a conta e foi quando vi uma mulher que subiu no palco para cantar. Uma linda mulher negra de cabelos cacheados e sorriso deslumbrante.

A cantora desconhecida começou cantando uma música que eu sempre gostei e aquilo me animou tanto que parti para o meio da pequena multidão na frente do palco e comecei a dançar e cantar junto com todos.

A cantora desceu do palco e começou a sambar comigo sem afastar o microfone da boca e acabar com a eufórica melodia. Eu estava me divertindo de verdade, apenas isso. Mas Helena entendeu errado e viemos todo caminho discutindo sobre isso.

O problema é que ela havia citado algo sobre "não acredito que você estava dançando com aquela macaca..." e eu fiquei perplexo por ouvir isso vindo de uma loira que tem um namorado negro. Instantes antes de perguntar o que ela queria dizer com aquela palavra, tudo ficou agitado e eu apaguei.

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