Naquela mesma quarta-feira pós detenção Kurt voltou pra casa a pé como de costume. Chegando lá notou que sua mãe estava o esperando na cozinha, com uma expressão não tão agradável
—porque voltou tarde igual segunda?
—estava conversando com os meus amigos ué, nada de novo hm?
—desde quando você tem amigos?– a pergunta doeu, porém era uma verdade que ele não poderia negar, afinal estava mentindo
—hah, ótima piada, deve ser difícil ver seu filho solitário e problemático criando laços com outras pessoas
—certo, então fez novos amigos, quais são os nomes deles?– sua mãe era uma mulher tão astuta e inteligente que a qualquer momento estava encurralado novamente
—é...– respirou fundo —Carmen e Ruel
—entendi, chame eles algum dia pra vir em casa, adoraria os conhecer– abraçou o filho logo depois o deixando ir pro quarto, que ficava no sotom, "último andar da casa" praticamente no forro.
"sou homofóbico?" digitou no navegador após se lembrar da frase que Carmen disse a si. Clicou em um link que levava a um quiz, testes de perguntas e respostas de múltipla escolha, algo que o mesmo nunca tinha feito.
—"o que acha de pessoas LGBTQIAP+..." que merda de sigla é essa? Não era apenas LGBT?– ao ler a primeira pergunta percebeu que a sua resposta não existia. "porque eu deveria ter uma opinião sobre o relacionamento de outras pessoas?" pensou olhando para a tela do laptop, "tanto faz se for uma opinião ruim ou boa, se não sou então não devo falar nada sobre esse assunto" respirou calmamente tentando escolher uma das alternativas abaixo. Ele demorou mais que o esperado para terminar o Quiz, e no final a reposta foi exatamente o que Carmen afirmou
—"sim você é homofóbico, apesar de demonstrar poucas opiniões preconceituosas como conversadores radicais, em algumas situações demonstrou não se importar com o preconceito que pessoas LGBTQIAP+ sofrem, não ser homofóbico não é só ter opiniões à favor da comunidade, mas também ajudar e defender aqueles que sofrem"– ao terminar de ler percebeu o quão errado estava, suspirou e ligou pra Carmen —ok você estava certa, sou homofóbico, está feliz agora?
—PORQUE EU ESTARIA FELIZ COM ISSO?!– a moça quase o deixou surdo —porque está afirmando isso do nada?
—respondi um Quiz e ele me disse isso aqui ó– enviou uma foto do que estava escrito em seu resultado
—entendi... Enfim, amanhã falo com você sobre isso, estou no meio de um ritual com pedras, bye bye– desligou a chamada
—FILHO TEM UM MENINO AQUI EM BAIXO NA PORTA!!– sua mãe gritou esperando uma resposta
—masoque!?– não perdeu tempo e foi conferir quem seria o dito cujo.
Estava um tanto surpreso e a expressão de seu rosto mudou de um segundo para outro ao abrir a porta e avistar aquele sorriso tão antigo. Seu ex melhor amigo de muito tempo atrás estava ali, até paralisou sem dizer um único "a", em seu estômago um mix de sensações estranhas deu se início, várias lembranças se desbloquearam
—nossa mas que expressão estanha está fazendo para o seu melhor amigo ein, nem um "oi"? Não mereço nem isso?– riu sozinho porém meio desconfortável
—Leonardo...– engoliu em seco e começou a pensar em algo para dizer e não parecer um louco
—é... Eu acho que sou– pôs a mão no ombro de Kurt —tá tudo bem com você? Está tão surpreso assim?
—é uma conhecidencia do destino, sinto como se eu estivesse em uma fanfic– tapeou o próprio rosto três vezes seguidas ainda não conseguindo acreditar —entre por favor– deixou espaço para o amigo entrar pela porta e logo a fechou
—quando foi que se mudou pra Melborn?
—esse sábado, e você?
—é a minha cidade natal, nasci aqui e depois fui pra Sidney, mas depois de três anos voltei pra cá, minhas mães se separaram, voltei com Lilloy e minha outra mãe, Christine, ficou naquela cidade– respirou para pegar um pouco de ar —e você, Como veio parar aqui onde estamos?
—então, na época que nós nos conhecemos eu ainda não era um anti social como hoje...– suspirou —porque você veio até aqui? ANDA ME STALKEANDO?!
—Carmen me contou sobre você, me perguntou se te conhecia, eu surtei quando ela disse seu nome, pensei que nunca mais o escutaria... tive que vir até aqui de qualquer forma
—entendi, então, eu sou um aluno considerado "problema" faz um tempo, foi literalmente uns três a dois anos mais ou menos, comecei a me envolver em brigas sem sentido, meu temperamento era uma bosta– olhou para o lado de fora da casa —quer ir lá fora sabe...– fez um sinal de "fumar"
—bora
Os dois foram e ficaram conversando e fumando por um tempo considerado, até perceberem que já passava das nove da noite e se despediram.
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RomanceKurt Eldris é um jovem de 16 anos que se encontra acostumado com a vida complicada que sempre o julga de "problemático", sempre muito largado, despreocupado e preguiçoso, além de pavio curto e cabeça dura. Porém não passa de um jovem comum com seus...