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"Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne."
Gálatas 5:16
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Mamãe sempre dizia que eu deveria me casar com uma "pessoa de Deus", por isso eu costumava me arrumar muito bem pra ir às missas ou em qualquer outro evento da paróquia de nossa pequena cidade, porque sempre acreditei que apenas garotos assim frequentassem esses eventos. Então, imaginem minha surpresa quando ela me disse para nunca, em hipótese alguma, chegar perto do filho da Senhora Choi.
- Ele é um menino mau, apenas me obedeça, sim? - foi o que ela respondeu quando perguntei o motivo. Tudo bem por mim, eu realmente não tinha o mínimo interesse naquele garoto de cabelos descoloridos e que sempre estava de cara fechada. Eu tinha 12 anos na época.
Quando fiz quinze, mamãe e papai deram uma grande festa para comemorar e todos da cidade foram convidados. O pastor discursou e as irmãs da igreja prepararam tudo para que o baile fosse perfeito, mas, assim como minha mãe havia me dito alguns anos antes, o primogênito dos Choi era um garoto muito mau e tive a prova disso quando o Pastor o pegou aos beijos com sua filha mais nova, Ágatha, atrás do salão em que estávamos.
Ele estava lá, parado ao lado da mãe que discutia com os pais da garota; as mãos nos bolsos da jaqueta de couro preta, a calça jeans rasgada e os tênis all star nos pés. Ele me encarava de nariz empinado, sorrisinho de canto e os cabelos descoloridos sendo bagunçados pelo vento. Aquela foi a primeira vez que ele me olhou nos olhos e, infelizmente, eu nunca esqueci aquele olhar.
Naquele mesmo dia, o garoto foi mandado para a casa dos avós, na cidade vizinha e, mesmo assim, ainda ficávamos sabendo de suas gracinhas por lá. Todos seguiram suas vidas normalmente até que, dois anos depois, a mãe da Senhora Choi faleceu e ele precisou voltar para casa. Foi realmente um alvoroço na nossa pequena cidadezinha, afinal, o maior evento dos últimos anos havia sido minha festa de aniversário de quinze anos que acabou em barraco.
- Aquele garoto está voltando e prometi à Sari que o receberia bem, afinal, ela está muito abalada com a perda da mãe e vai precisar de ajuda com as crianças.
Nossas mães haviam se tornado amigas, me levando a conhecer Choi Yuna, a filha mais nova do casal que agora também era minha melhor amiga.
- Você e Yuna deveriam convidá-lo para o seu aniversário.
Mamãe sugeriu e eu aceitei, não era como se fosse mudar algo para mim, não é? Eu realmente achei que não. Mas na manhã daquele domingo, ao chegar na igreja e encontrar minha amiga com seu irmão mais velho, eu soube que nada nunca mais seria igual.
