Parte 1.

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     - A condessa está gravida de Pedro. - Teresa nunca achou que doeria tanto falar aquela frase em voz alta. Apesar da desconfiança da imperatriz, no fundo ela ainda sentia como se fosse apenas uma brincadeira de mau gosto. Mas, agora falando para Celestina sua mais fiel companheira tudo se tornava verdade e a napolitana sentia como se o seu coração finalmente fosse se afogar na profunda dor que sempre o cercava.

     - Como? - A voz de Celestina saiu mais baixa do que o normal, e por um momento Teresa não conseguiu desviar seu olhar da janela para olhar sua aia. Porque ela sabia que naquele olhar sempre sincero de sua amiga ela encontraria pena, e era tudo o que a imperatriz menos queria no momento. - A senhora tem certeza?

     Teresa quis rir nesse momento, que bom seria se ela não tivesse certeza. Que bom seria se tudo isso não fosse apenas uma paranoia de sua cabeça, ou um pesadelo do qual não conseguia acordar. Mas, a Imperatriz sabia que o destino não estava do lado dela, e que infelizmente a gravidez da condessa era tão real quanto as duas mulheres paradas ali naquela sala.

     - Enjoos, tontura, nervosismo... - A Imperatriz falou enquanto respirava fundo tentando a todo custo não desabar ali mesmo naquela sala na companhia da baronesa, pelo menos não agora quem sabe mais tarde quando estivesse sozinha trancada em seu quarto. - Sintomas que eu tive por quatro vezes.

     - Um bastardo. - A Baronesa falou em sussurro enquanto colocava sua mão em cima de um armário que estava em seu lado e se apoiava no mesmo. Em todos esses anos que Celestina esteve ao lado de sua imperatriz, ela sempre soube de todas as indiscrições do Imperador do Brasil, mas nunca chegou a achar que algo assim realmente poderia acontecer. A Baronesa se sentia mal pela amiga, sempre tentou ficar ao lado de Teresa e justamente por isso sabia que por mais que a imperatriz tentasse demostrar que tudo estava bem, a cada dia que passava, a mulher em sua frente ficava mais infeliz. E se fosse sincera consigo mesma, ela tinha um grande medo do que aconteceria quando Teresa não conseguisse mais suportar tudo isso e se entregasse de vez a imensa tristeza.

     - A anos eu engulo essa humilhação tentando proteger minha família, meu casamento. - Por mais que Teresa tentasse falar firmemente sua voz já começava a sair mais rouca que o normal, aos poucos a imperatriz sentia sua garganta se fechar enquanto algumas lágrimas já escorriam livremente por seu rosto. - Uma criança... Tudo estará perdido.

     Por alguns segundos o silencio se fez presente naquela sala, ambas as mulheres perdidas em seus próprios pensamentos. Celestina tentava pensar em algo que pudesse falar para tentar confortar pelo menos um pouco o coração da Imperatriz, que estava parada com o seu olhar perdido olhando para a janela.

     Já Teresa, tentava não desmoronar no chão daquela sala na frente da Baronesa. Ela sabia que se fizesse isso, sua aia não iria a julgar, muito pelo contrário, provavelmente a tomaria em seus braços e tentaria a acalmar como ela já fez em algumas situações. Mas, já era humilhação demais ter que falar que seu marido infiel iria ter um filho com uma pessoa que não era ela e tudo o que a imperatriz precisava agora era se preservar um pouco e guardar um pouco de seu próprio orgulho que já estava mais ferido que o normal.

     - Celestina irei para meu quarto, non mi sento molto bene. - A Imperatriz finalmente falou após ter ficado por algum tempo em silencio. - Não irei descer para jantar, então não precisa ir me avisar quando o mesmo estiver pronto sì? - Disse enquanto voltava sua atenção para a mulher em sua frente. - E per favore, não comente sobre isso com ninguém. Se perguntarem, diga apenas que já me recolhi pois estava indisposta e che non voglio essere disturbato.

La fine di tutto.Onde histórias criam vida. Descubra agora