Capítulo Único

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Nikolai estava entediado, havia passado o dia inteiro no quarto de Sigma, o provocando com seus quizzes, perguntas e jogos até o mesmo ter sua paciência esgotada e o expulsado de lá.

A noite havia caído e Nikolai, por sua vez decidiu migrar para o quarto de Fyodor ao invés de voltar para o seu próprio.
O quarto de Fyodor era exatamente o mesmo ao de Sigma e ao seu próprio.

Exceto, por pequenas coisas.

Como as xícaras de chá espalhadas pelo quarto, na estante, na escrivaninha, na cômoda e no chão perto da cama.
Havia muitos livros, livros dos mais variados tipos - livros grandes e grossos, livros finos, livros pequenos, livros com capas e até mesmo sem elas.
E havia papéis, papéis limpos e papéis já escritos.

Mas o problema que Gogol encontrou foi o fato de que Dostoevsky era simplesmente muito calmo e impassível, ele não se irritava.

Fazendo uso de sua habilidade, ele abrira um pequeno portal com seu manto próximo ao rosto do outro russo, do tamanho adequado para passar sua mão.
Ele estivera apertando sua bochecha e mexendo em seu cabelo por incansáveis minutos, mas Fyodor continuava inabalável.

Sentado na cama com as costas apoiadas na cabeceira, ele dedicava sua atenção somente ao livro em suas mãos.

- Ah Dos-kun! Por que você não me bate ou me manda embora? - Choramingou.

De fato, provocar Sigma era inúmeras vezes mais divertido.

- Dos-kun!!!!

A este ponto, Nikolai se assemelhava a uma criança fazendo birra.

Silêncio.

- Dos-kun, o gato comeu a sua língua?

- Eu - Começou, quebrando seu silêncio e falando pela primeira vez desde que Nikolai adentrou o quarto - Estou a espera de que isso aconteça - Fechou o livro e sorriu com escárnio.

Nikolai pareceu surpreso a primeiro momento, mas Fyodor logo viu a malícia de seu sorriso contagiar aqueles olhos que o encaravam agora.

A mão dentro do pequeno portal desapareceu.

Observou Nikolai se levantar e caminhar em sua direção, o felino se preparando para o ataque.

O primeiro movimento de Nikolai fora andar sobre a cama, de quatro, com os joelhos e as mãos - como um gato - até Fyodor, então segurou delicadamente seu rosto com as mãos e selou os lábios com um beijo.

Um beijo fervoroso, carregado de desejo, selvageria e um toque de gentileza.

Oh bem, agora o gato havia realmente comido sua língua.

A ushanka e a cartola já haviam caído de suas cabeças em meio a movimentação.

Os lençóis brancos antes perfeitamente impecáveis agora se encontravam em uma perfeita desordem.

Fyodor tremeu ao ter sua camiseta e casaco retirados de seu corpo.

- Dos-kun? - Perguntou apreensivo.

- Está frio.

Não estava tão frio assim, estavam no fim da primavera, as noites costumavam ser agradáveis. Entretanto, Nikolai se esquecera que devido a sua anemia, ele estava sempre com frio.

- Eu irei te aquecer - Disse o platinado, envolvendo os braços no corpo do homem abaixo de si.

Sentir a respiração de Fyodor perto de seu ouvido trazia um sentimento reconfortante para Nikolai, um sentimento semelhante ao que sentimos quando ouvimos uma tempestade correr lá fora e se sentir seguro por estar dentro de casa.

The Clever Rat an his White Cat Nikolai - FyolaiOnde histórias criam vida. Descubra agora