A minha história hoje é conhecida por todos, estou na boca de todos até dos
jornais e canais televisivos, eles produziram isso, também não sou nenhum
santo e nem espero clemência da vossa parte nem do meu país, tive de ser
assim durante muito tempo, passei por situações menos boa durante toda a
minha vida, e hoje estou aqui a ouvir o que eles querem de mim, vocês vão
decidir que lado da moeda escolher.
CAPÍTULO I
Meu nome é Frédéric Muzala, tenho 48 anos de idade, Angolano e Belga,
nasci numa localidade bem distante da zona urbana, sou procurado pelos
crimes de lavagem de dinheiro, posse ilegal de armas, escuta ilegal, tráfico
de drogas e de influencia, e também sou acusado por instaurar no seio dos
jovens a ira e a vontade pela liberdade de impresa e expressão, o que eles
chamam de activista, fui encontrado e capturado pela polícia internacional
perto da cidade de Marselha, durante a minha viajem à Paris, num carro de
marca Volkswagen de cor cinza, um carro modesto para não chamar
atenção da polícia local e nem da polícia internacional, fazia-se acompanhar
com meus dois passaportes, sou um cidadão comum como os outros,
durante alguns anos os vossos jornalistas nem pararam de seguir sobre a
minha história, não consigo andar nas ruas de Luanda como um cidadão
normal, nesse momento me encontro num edifício estranho mas muito
sofisticado, não sei se é a inteligência local ou a internacional, mas, confesso
que estou a ser bem tratado.
E o agente pergunta:
- É tudo que tens pra dizer?
- Sim é, na verdade sou inocente de tudo que a inteligência internacional vem
fumentando sobre mim, respodeu Frédéric.
- Olha ele com toda audácia vem aqui dizer que é um inocente, Sr.Frédéric
sei que não nos conhecemos, mas, melhor assim, o senhor vai passar muitos
anos quer dizer o resto dos teus miseráveis anos de vida aqui nesse complexo
super luxuoso, ironizando.
- Mas desculpa, quem é o senhor? Perguntou o Frédéric.
- Sorriu, hoje já quês saber quem eu sou, está bem, Bernardo Mbunga, sou
chefe desse edifício e chefe da inteligência conjunta, olha a cara do senhor
não se preocupe, você é o meu convidado especial.
Fiquei pasmo quando ouvi, era o Bernardo Mbunga na minha frente, parecia
que todo o pecado do mundo estava sobre os meus ombros, ele é conhecido como o terror de gente como eu, conhecido internacionalmente pela sua
rigidez e sucesso nos casos que pega, por mais que as minhas pernas
estavam trémulas não podia mostrar para eles o medo que pairava sobre o
meu corpo, se estivesse em Paris seria outra coisa, lidar com o François
Antoine da polícia seria como traçar um novo carregamento de drogas para
o Brasil ou Colômbia, o chefe de toda inteligência encarregado pelo meu caso
é esse boneco e marioneta de quem quer a minha cabeça até ao meio de
dia.
-Muito bem, já que nos apresentamos, vamos ser curtos e objectivos, para
onde foi o carregamento de drogas do mês passado? Perguntou Bernardo
Mbunga.
- Senhor, é um prazer ver-te, o senhor é famoso pelas barbaridades e coisas
que vão contra os direitos humanos, não tenho medo do senhor, nem tão
pouco da sua gente e diz aos seus superiores que o Muzala não lhes vai dar
nem um quilo de farinha, respondeu o Frédéric.
- Muzala, Muzala, Muzala, até estou admirado como alguém que está a mais
de 5 anos a ser procurado pela polícia se deixa ser pego numa cidade cheio
de encanto, é onde estão escondidos o resto do teu pessoal?
- Nunca fizemos mal a ninguém nem à um rato, Marselha é uma cidade
maravilhosa, gosto do clima e da hospitalidade das pessoas, fiz bons amigos,
respondeu Frédéric.
- Deixa ver se entendi, a revista internacional forbes te classifica como o
jovem mais rico de África, mas não citaram nomes como a de Matota Jean,
é curioso.
- Não sou obrigado a responder, disse o Frédéric.
- Deixa de rodeios páh, onde está Matota Jean?
- Sou obrigado a saber onde andam as pessoas ou seja cidadãos de outras
nacionalidades? Não sei. Respondeu Frédéric.
Conheci o meu amigo Matota Jean nas ruas de Kinshasa, eu estava perdido
e procurava por um restaurante francês, muito entusiasmado com a ideia de
comer e descansar por aquelas terras, logo me deparei com ele, éramos
muito jovens, acho que por aí uns 25 anos, lhe contei sobre os meus projectos
e o que pensava sobre liberdade financeira, fui à kinshasa para comprar
produtos electrónico de baixo custo e com uma mínima qualidade, jovens que
queriam mudar o mundo, o Jean estava a terminar o curso de tecnologia e conhecia muito bem sobre gerência financeira, parecia que encontrei o
parceiro ideal num lugar cheio de diversidade, de lá pra cá somos que nem
irmãos, ele é o meu braço direito em África.
- Temos de encontrar o Matota Jean, é a nossa única solução, sabes que ter
o Frédéric aqui no complexo não nos diz nada, pois quem pensa sobre as
movimentações do tráfico é o seu fiel amigo congolês. Falava Bernardo
Mbunga com representante da polícia internacional, Pierre Clement.
- Meu amigo, nós já temos o Muzala, vai ser difícil localizar Matota Jean, pois
nem temos fotos ou alguma informação sobre ele, a única coisa que sabemos
é sobre a sua nacionalidade e onde estudou, os registos de identificação de
Kinshasa sofreram um ataque à três meses, tudo foi apagado, tudo, nem
backup eles têm, se calhar usar agentes infiltrado seria importante. Disse
Pierre Clement
- Está bem, vou providenciar uma equipa para isso, até logo.
Era óbvio de que a minha detenção não significava nada para a polícia, o mais
procurado de todos, talvez era uma vitória para os procuradores judiciais, eu
era visto como um problema de segurança pública, para não dizer que alguns
até me consideravam como terrorista, triste situação, estar sentado naquela
cadeira fria e ter aqueles agentes a olhar pra mim por detrás dos vidros
escuros daquela sala, já sei que até os miúdos vão pensar que sou um
predador, é difícil lutar com quem tem todos na sua mão.
- Há relatos por todo o lado de que o Frédéric foi pego pela polícia em
Marselha e nós já procuramos em todos os postos policiais e sem sinal dele,
disse o Mariano Alvarez.
- O que você falou? Perguntou Joseph Martin.
- É isso que o chefe ouviu, as ruas estão super lotadas em festas, parece que
ele era um terrorista, sei lá.
- Precisamos sair da Bélgica imediatamente, já não estamos seguros,
arrumem tudo, precisamos pensar rápido e pára tudo que foi agendado,
precisamos voltar para Colômbia, preciso ligar ao Matota. disse Joseph
Martin.
- Senhor melhor não fazer nenhuma ligação, se calhar estamos sob escuta
da polícia e talvez do exército.
- Esses malfeitores não sabem com quem estão se metendo, precisamos sair,
diz ao pessoal das ruas para parar com o comércio, parem tudo e vamos nos
esconder por um tempo.
- Senhor, se pegaram o senhor Frédéric, sinto que é o nosso fím, é como nos
filmes, quando o chefe é pego automaticamente o seu elenco caí, estou com
medo, sou muito jovem, ainda tenho muito que viver.
- Cala essa boca, se ficar calado vais viver mais tempo do que é previsto, seu
idiota, agora vamos, disse o Joseph Martin.
As televisões por todo o mundo só falavam de mim, Frédéric Muzala, preso e
escoltado pelos melhores polícias de todo o mundo, confesso que pensei na
minha família, parei e pensei por um instante quando fui à Lisboa, foi quando
conheci Joseph Martin, cidadão americano, jovem com uma inteligência sem
igual, na altura ele passava férias em algures em Cascais, é engenheiro de
profissão, por mais que os jornais e televisões do mundo passem ou vão
passar uma imagem desagradável sobre o meu amigo, adianto já que ele
nem consegue ver alguém triste, não foi obrigado a entrar no mundo dos
negócios, é director executivo da minha empresa de tecnologia, a mesma
empresa que os polícias dizem ser para lavagem de dinheiro, mas garanto
que não, apenas fazemos negócios, simplesmente isso.
No complexo:
- Senhor Muzala, desculpa lhe deixar sozinho e estar com medo dos seus
pensamentos, mas, o procurador geral, vai falar consigo. Disse o agente.
É engraçado como alguém de excelente prestígio vem falar com um
engenheiro de software, pois é, é isso que sou, um simples engenheiro,
receber a visita do procurador Patrick Gonga, é como ouvir barbaridades,
mais um sem noção que não sabe de onde está a se meter, ninguém sabe.
- Quer que lhe trate de Sr. Procurador ou por excelência? Perguntou Frédéric.
- Vamos fazer assim, eu te autorizo a me tratar de Patrick se você responder
com clareza e sem rodeios todas as minhas perguntas.
- Está bem Patrick. Disse Frédéric.
- 12 de Fevereiro de 2008, o edifício da segurança nacional e o das
telecomunicações sofreram um ataque, e segundo os relatórios, a sua
empresa bem camuflada procurou por arquivos na nossa rede, o que tens a
dizer sobre isso? Perguntou o procurado.
- Os vossos relatórios vão sempre dizer que o Muzala é que está por detrás
de tudo, não lembro o que a minha empresa fez nessa data, não sei.
- O senhor é dono de uma das empresas de tecnologia mais importante da
europa e não sabe o que aconteceu nesse dia? Vamos refrescar a sua ideia,
nesse mesmo dia Guilherme Marcos porta-voz e segundo director executivo
da empresa, deu uma entrevista de impresa a dizer que naquele instante
estavam a lançar um plano fantástico de telefonia para África. Disse o Patrick.
- É uma actividade normal, as empresas fazem tais movimentações, vocês
não têm provas concretas.
- E essa imagem de Mariano Alvarez nas nossas instalações? Perguntou
Patrick
- Não tenho nada a dizer, nem tenho direito a um advogado, só falo na
presença de um advogado.
- Agora sim, senhor Muzala, no dia 20 de Abril de 2007, o teu grupo de
traficante transportava haxixe, quantidades estrondosas, e mais uma vez o
teu cão rafeiro Mariano Alvarez lá estava. Disse o procurador Patrick.
- Já disse só falo na presença do meu advogado.
- Frédéric Muzala, melhor você falar, no dia 30 de Agosto de 2009 o senhor
e o seu amigo Matota Jean, fizeram descarrilar um comboio no sentido
Lisboa-Espanha que transportava dinheiro para os bancos comercias, não
levaram nenhum dinheiro que é o mais engraçado.
- Se a gente tira, vocês vejam problemas nisso, se a gente não tira, outro
problema, de que lado vocês estão? Senhor procurador já perguntou ao seu
adjunto de onde saiu aquela toda fortuna? Quem designou o senhor como
procurador? Claro, são perguntas que nenhum de vocês nessa maldita sala
vai responder, não é mesmo Sr.Bernardo Mbunga? Zangado estava o
Frédéric.
- Bernardo, o que ele quer dizer com isso? Perguntou o Patrick
- Senhor procurador não sabemos o que ele quer dizer com isso, ele quer
nos destrair com os seus jogos de palavras. Respondeu o Bernardo
- Está bem, terminamos por enquanto, precisas descansar, senhor Muzala
nos ajude para que nós possamos te ajudar, disse Patrick Gonga.Naquela noite estava a lutar com os meus penamentos, sem saber onde
estavam os outros, sem saber se foram pegos pela polícia, confesso que me
arrependi de tudo que aceitei até aqui, não me reconhecia, malditos
pensamentos, só queria ver a minha família e sair disso tudo, quem sabe
desaparecer, quem sabe.
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Frédéric Muzala
ActionA necessidade de escrever chega a ser comparado com a imensidão das palavras, estórias que não vão mais além do que frutos da imaginação e do poder da mente, seja bem-vido à essa estória de encantar, faça parte da vida de Frédéric Muzala. O referido...