COLAPSANDO; jikook.

2. o que caralhos você tem na cabeça?

Jungkook

Não há nada melhor do que sentir que o mundo lhe notou pela primeira vez, não importa o que digam ou como tentem fingir que tal sentimento não importa, porque assim que os aplausos soam, você agradecerá de alma aberta, e foi isso que fiz.

Antes eu não tinha sequer ideia de que fazia os passos corretamente ao dançar por sempre fechar os olhos sem querer na prática, mas naquela tarde era como se eu tivesse alguma certeza. Haviam muitos rostos sorrindo para nós, notas e moedas lotando o chapeuzinho no chão e vozes pedindo por mais, loucuras o suficiente para me deixar em estado letárgico e implorar com os olhos para que Hoseok comandasse a situação dizendo o que faríamos em seguida. Como se possuísse um dom anormal para isso, o loiro fala no microfone com toda a naturalidade do mundo, agradecendo e anunciando que cantaríamos mais uma ultima música, e essa seria Be Kind da Halsey.

Eu preferia me preparar internamente para minha próxima dança do que prestar total atenção ao nosso “público”, pois era normal que muitos olhares estivessem em nós por conta de que éramos dois garotos cantando e dançando no meio de uma ponte do centro de Busan, diante da movimentação da tarde ensolarada, e mesmo que alguns olhares específicos me deixassem nervoso, como o de um garoto moreno que sorria para mim parecendo estar totalmente maravilhado com o que via, desviando sempre quando eu o encarava de volta. Hoseok com certeza soltaria alguma piadinha safada depois que a multidão fosse embora.

– vai fingir que não viu o que eu vi? – suas cotoveladas no meu braço confirmavam que eu o conhecia até demais para o meu próprio bem.

– depende se você viu o mesmo que eu.

– tô’ falando daquele garoto de shorts que tava’ na frente, ele tava’ quase babando por você!

Seguro uma das caixas de som com mais força por debaixo do braço e dou um sorriso de canto, sentindo uma pontinha de satisfação com aquilo, mesmo que fosse errado e possivelmente ilusório, Hoseok costumava exagerar demais no que ele dizia “ver”.

– ele não tava’ babando, eu só danço bem – balanço os ombros, já ele bufa contrariado, como quem diz que estou me fazendo de idiota.

– mas se ele pedisse o seu número com certeza você daria.

Não respondo, lhe dando uma razão silenciosa que resultou num sorriso seu grande e brilhante, bom demais para receber um soco amigável no meio deles.

Se eu fosse chutar, talvez já fossem umas 16h da tarde, pois era sempre nesse horário que a nossa “turminha” se encontrava no mesmo lugar, uma estação de trem inativa à uns 2 anos. Por incrível que pareça não era um cenário assustador, quanto mais íamos até lá, menos abandonado o local ficava. Até porque fumar e beber em um canto mal assombrado não dava a brisa certa para ninguém.

Nos aproximamos e fomos presenteados com a imagem de Dawn, Hyuna e Kwon se engasgando de rir enquanto rolavam pelos trilhos metálicos, Jackson tossia sem parar em pé.

– estão atrasados – Dawn anuncia tentando recuperar o fôlego – perderam o Jack inalando um cigarro pelo nariz.

– quantas garrafas alguém tem que beber pra fazer isso?

– ele no caso nenhuma – eu digo e me jogo ao lado das garrafas de energético próximas de Hyuna e abro a primeira, dando goles longos e sentindo o gosto forte e gelado rasgar na garganta.

Hoseok como um bom amigo dá tapinhas nas costas de Jackson. Era incrível como ele podia ser o mais forte de nós, o mais alto, mais velho e ao mesmo tempo o mais desprovido de sensatez.

– essa foi... a-a minha despedida – Jack anuncia em meio as tosses – vou parar de fumar.

– depois de deixar a sua alma ter esse cheiro de fumaça? – Hoseok zomba e leva um tapa na nuca, gemendo de dor em seguida. – ai!