• Capítulo Único - A lua compartilha do nosso segredo.

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Admirando o céu e as estrelas que acompanhavam a lua enquanto o clima seguia sua estação de forma calma e serena, Lan XiChen inspirou profundamente em meio ao silêncio absorto da noite assim que terminou de verificar os discípulos em seus respectivos aposentos;— apreciando a noite agradável sutilmente ondular a sua volta depois de um dia inteiro de treinamento. Exausto, o sossego logo tornava-se cada vez mais reconfortante quando um bocejo ameaçou sair de seus lábios, exercendo gradualmente o recesso de seus passos lentos para o próximo saguão.

Então, de repente, Lan Xichen paralisou.

Ouvindo o silvo do vento e o movimentar sútil de folhas que despertam sua atenção tão rápido quanto os olhos ágeis de uma criança em direção aos fogos de artifício, Lan Xichen se silenciou, ficando a espreita para um segundo movimento. Todavia, o cenário reverteu-se para outro. E, em vez de luzes coloridas preencherem sua visão em meio as árvores escuras, apenas uma cor foi pega pelo seu olhar vigilante: o mais puro e perfeito branco.

Franzindo o cenho diante tal descoberta, a curiosidade naturalmente se aguça assim que lembranças da conversa energética entre discípulos,— sobre um possível espirito estar andando entre seus quartos —, se fez presente nos seus pensamentos conturbados. Obviamente, Lan XiChen sabia que não se tratava de um espirito. Contudo, ele também não poderia ignorar a falação durante a semana que, infelizmente, também havia chegado aos ouvidos de seu tio. Pois, somente tendo o devaneio de existir um possível fugitivo dos Recantos da Nuvem... Bem, isto já era o suficiente para fazer seu coração pesar pelas punições severas de seu irmão estando com o discípulo indisciplinado.

Negando, Lan XiChen arfou baixinho.

Optando por seguir a sútil movimentação entre os arbustos enquanto vários tipos de questionamentos surgiam acompanhadas com as concebíveis repreensões, Lan XiChen se impressionou com o modo engenhoso de como o discípulo conseguia se mover entre as arvores e as folhas que se agitavam a favor do frescor do ambiente. De fato, era impressionante! Se escondendo de forma irregular e um pouco desajeitado; mas, ainda sim, sendo silencioso o suficiente para passar despercebido, XiChen logo constatou que, o tal discípulo, se tratava somente de uma criança.

Por conseguir se esconder inicialmente até mesmo de seu olhar, a falha de sua façanha logo se tornou explícita no pequeno movimento de sua aparente confusão. Um movimento do branco de suas vestes que balançou de um lado para o outro, entre as folhas, nitidamente perdido na escuridão onde a lua não conseguia alcançar. No entanto, apesar da intrigante agitação do pequeno corpo ter continuado até 'achar' sua trilha, para Lan XiChen, seu caminho se tornara óbvio quando a paisagem de onde estavam, passou a ser minuciosamente observada.

Se sentindo ainda mais confuso, o caminho que raramente era pisoteado foi logo reconhecido pelo mais velho; sendo ele, o Jingshi de Lan WangJi.

Perplexo e passando a sorrir ligeiramente assim que a pequena figura deixou de se esconder da completa escuridão, Lan XiChen rapidamente pôde reconhecer o rosto do inocente e tímido Lan SiZhui,— parado em frente a porta de madeira —, mantendo-se reflexivo por um curto período de tempo antes de decidir se mexer novamente.

Sendo pego desprevenido pela trajetória final do 'espírito', XiChen se afastou um pouco mais da cena singular. Logo, o cenho se franziu. Notando a fita na testa ser ajeitada pelas mãos pequenas enquanto as roupas receberam leves tapas para retirar a sujeira, a hesitação foi reparada antes do mesmo decidir se aproximar definitivamente da porta.

Desta maneira, SiZhui respirou fundo, criando sua coragem.

Abrindo a boca e articulando palavras inaudíveis enquanto os punhos deram dois toques leves na porta, surpreendentemente, não demorou muito para uma figura alta e robusta pudesse surgir a frente do discípulo. Sendo um detalhe mínimo de reação, mas que fez toda a diferença quando este notou a expressão calma no semblante do irmão, Lan XiChen também observou que, curiosamente, não havia nenhum indício de uma advertência no olhar de WangJi.

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