Diário parte 02

118 9 1
                                    

New Orleans, 5 de março de 2011 às 10:05
Olá. Quem está escrevendo hoje é a Sara. Resolvi escrever porque tenho certeza que a Maria não vai contar tudo o que aconteceu ontem a noite no bar.

Resolvemos parar no Pat O'Brien's Bar, na terceira quadra da Bourbon Street. Havia uma placa dizendo que haveria som ao vivo de blues. Optamos por esse.

A noite foi bem tranquila. Renata bebeu um pouco mais da conta e se engraçou com um rapaz da cidade. Lívia, Maria e eu ficamos sentadas na mesa curtindo o show. Até que o blues man resolve cantar uma música muito sinistra...

Quando ele disse que ia tocar uma músida de Robert Johnson já fiquei arrepiada. Robert Johnson tem músicas com letras muito sombrias, que falam de pactos com o demônio, inferno, etc. Não gosto dessas coisas. Eu queria sair da mesa, mas as meninas não deixaram.

No meio de uma música chamada "Hell round on my trail", Maria começou a passar mal. Transpirava muito e seus olhos ficaram avermelhados. Ela arranhava a mesa de madeira com tanta força que rastros de sangue da sua unha ficaram gravados na madeira. Ela dava socos na própria nuca e gritava "Tira ele dai!".

Quando Maria caiu da cadeira, o blues man parou de tocar a música. Nesse momento Maria voltou ao normal. Ela não se lembrava de nada. Resolvemos ir para casa.

No caminho para casa ela disse que sentiu-se mal e caiu da cadeira. Ela acha que foi o drink que ela tomou, porque ela não se lembra de arranhar a mesa nem de gritar durante o show.

Ficamos muito assustadas com isso. Tenho a sensação de que mais coisas estranhas estão para acontecer.

Publicado por: Maria A. C.

New Orleans, 6 de março de 2011 às 18:15
Não acredito que a Sara escreveu aquilo. Não tem nada a ver. Eu apenas passei mal por causa da bebida. Acabei misturando destilado com cerveja e já viu o que dá.

Fora isso, nosso dia de ontem e hoje foram bem agitados. Fizemos um passeio por todo o French Quarter e conseguimos fazer um Tour Fantasma a noite. Existem passeios que exploram as histórias de fantasmas do bairro. Quando passeavamos perto da casa de Julie, uma jovem que morreu de frio no telhado de sua casa para provar seu amor, algo muito estranho aconteceu.

Renata, que ainda estava de mal de tanto beber na noite anterior, disse que estava vendo a moça no telhado. Os guias disseram que podia ser algum gato, sombra ou núvem, mas ela disse que uma moça de cabelos negros, pele branca e completamente nua fazia gestos para ela. Gestos como se estivesse a ameaçando. Renata nos largou no meio do tour e voltou correndo para pegar um taxi para casa.

Quando chegamos em casa, encontramos Renata encolhida no canto da sala, tremendo, toda molhada, dizendo que Julie estava na casa. Tentamos acalma-la mas ela não quis. Notamos que ela já havia tomado remédios para se acalmar, então devia ser alguma alucinação.

Fomos dormir todas assustadas, até que, pela manhã Lívia nos acordou gritando. Renata estava tentando se enforcar com uma toalha. Conseguimos impedi-la e resolvemos leva-la ao hospital.

Desculpe não ter escrito antes, é que esses dois dias foram muito tumultuados. Estamos no hospital aguardando o diagnóstico da Renata e assim que tiver novidades, eu ou alguma das meninas manda para vocês.

Publicado por: Maria A. C.

New Orleans, 7 de março de 2011 às 10:47
Nossa noite foi infernal! Voltamos para casa ontem por volta das 11:30 da noite. O diagnóstico de Renata foi uma crise de estresse. Ela recebeu alguns remédios e voltou grogue para casa. Tudo ia muito bem, até que resolvemos dormir.

Durante a madrugada, por volta de 02:00 ouvi alguns passos. Resolvi levantar para ver o que era. Renata estava caminhando pela casa, tremendo, e com os olhos fechados. Parecia que estava sonâmbula.

Lívia e Sara também levantaram. Quando chegamos perto, percebemos que Renata estava usando minha camiseta, aquela manchada pelo boneco de palha. E tinha um pedaço de tijolo na mão. Acompanhamos os movimentos dela. Ela foi até o meu quarto, abriu meu guarda-roupa, pegou o boneco de palha e voltou para a sala.

Com o boneco na mão esquerda ela fazia gestos circulares em sua nuca e com a mão direita começou a escrever algo na parede. Não conseguiamos ler o que ela escreveu pois estava escuro. Quando ela terminou, Renata caiu no chão como se estivesse desmaiada. Levamos ela ao meu quarto e ficamos de olho nela. Ela dormiu a noite toda.

Hoje pela manhã resolvi ver o que Renata havia escrito na parede. Além de um desenho parecido com o boneco de palha, ela escreveu o seguinte: Sua vida é sugada pela energia dos fracos e os fracos temem por sua vida. Não haverá piedade.

Ficamos muito assustadas. Queremos sair logo daqui mas está chovendo demais. Apesar de tudo o que aconteceu, não quero acreditar em algo sobrenatural. Ainda acho que a Renata vai melhorar e amanhã continuaremos nossa viagem.

Publicado por: Maria A. C.

New Orleans, 9 de março de 2011 às 9:31
Desculpe por não escrever nada ontem. Foi um dia tão corrido. Ficamos fora o dia todo a procura de outra casa para morar, já que ainda ficaremos aqui nos Estados Unidos pelo menos uns 20 dias. Foi em vão. Hotéis são muito caros e etdas as casas que procuravamos estavam ocupadas, e duas delas que estavam disponíveis não queriam nos alugar por estarmos nessa casa estranha.

Ainda estamos tentando nos recuperar do surto da Renata. Ela está bem agora. Colocamos um guarda-roupa na parede onde ela havia escrito aquelas coisas e não contamos a ela o que aconteceu. Ela não precisa de mais problemas.

Hoje pela manhã resolvemos procurar a balconista do restaurante que fomos, para conversar sobre a casa, mas ela não apareceu para trabalhar ontem nem hoje. Estou com um mal pressentimento sobre isso.

Publicado por: Maria A. C.

New Orleans, 12 de março de 2011 às 00:21
Tivemos dias terríveis entre a quinta-feira e hoje a noite. Vou contar tudo o que aconteceu, para não esquecer e para deixar registrado, caso algo aconteça com a gente.

Na quinta-feira, dia 10, saimos novamente para procurar a balconista do restaurante. Batemos na porta, mas o restaurante estava fechado. Muito estranho, por ser perto da hora do almoço. Um segurança que estava lá dentro nos informou que estavam todos no enterro da balconista. Ela foi assassinada em frente ao cemitério. Foi estrangulada.

Ficamos chocadas. Resolvemos passar lá para ver o enterro da moça, e quem sabe conversar com mais alguém sobre o que aconteceu.

Quando chegamos lá, estavam há poucos minutos de colocar o caixão no mausoléu. Nesse instante, Renata me puxou de canto e disse que estava ouvindo a voz da balconista. Ela me disse que sabe quem a matou e quer que Renata a ajude a localizar a pessoa.

Logo que acabou o enterro, conversamos com o dono do estabelecimento e ele disse que de uns dias para cá a moça estava tendo surtos estranhos, e acha que ela estava se drogando e foi morta por dívida com drogas. Eu não acredito muito. Acho que hoje acredito mais na Renata do que no dono do restaurante

Na sexta-feira a noite acordei com um grito da Lívia. Corri até o quarto e vi Renata de pé ao lado da cama, com a mesma fisionomia assustadora de antes. Ela tremia, e arranhava a parede. Até que uma hora ela saiu correndo pela casa e começou a bater no guarda-roupa que colocamos na frente das frases que ela escreveu na parede. Tentamos segura-la. Ela me deu um tapa muito forte e agarrou Lívia pelo pescoço. Quase a matou, se não fosse a Sara bater com uma vassoura em suas pernas. Resolvemos amarrar a Renata até que ela voltasse ao normal.

Tudo ia bem, até que nessa madrugada Renata começou a falar com uma voz grossa e estranha. Disse que todas nós iamos morrer e que iriamos arder no inferno por toda a eternidade. Estamos muito assustadas

Renata ainda está amarrada. Pela manhã devo procurar um padre ou alguém para tirar isso dela. Não sei mais o que fazer.

Publicado por: Maria A. C

O diário de MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora