PLEASE ME NOW - oneshot

Capítulo Único

versão completa dessa história já disponível no meu perfil

— A Roupa do Ethan vai precisar ser ajustada.

Ah não.
Quase deixo a tesoura afiada que eu estava segurando cair no chão.
O pior é que eu sabia que isso iria acontecer porque o maldito faltou em todas as provas de roupa para os shows dessa semana, ainda teve a audácia de dizer que eu deveria saber as medidas dele por causa das roupas de shows anteriores. Sim, isso seria uma alternativa mas Ethan se esquece de que ele tem pegado mais pesado na musculação ultimamente e o corpo dele obviamente não ia ser o mesmo para sempre, por isso pedi para trazerem as roupas em um número maior que o dele.

Trabalho com a banda desde que eles explodiram pelo mundo afora assim que ganharam o Eurovision. Tem sido insano desde o começo, já perdi a conta de quantos países conheci graças a este cargo como estilista da banda. Antes eu só trabalhava para artistas locais da Itália, no máximo com personalidades da TV, mas agora isso mudou.

Eles estão virando referência no mundo da moda e eu tenho que ficar quebrando a cabeça para fazer esse título crescer ainda mais. Sou muito grata pelo fato de todos os integrantes serem abertos o suficiente para vestir qualquer coisa. Mas ainda assim fico com dificuldades para montar propostas para uma pessoa em específico.

Ethan.

Já são meses nesse trabalho e eu sinto que não o conheço. Ele está sempre quieto, me olha sempre nos olhos com expressão difícil de ler.
Nunca sei se ele gosta ou não das roupas que escolho pra ele, mesmo que ele as use sem questionar.
Às vezes sinto que ele sente algum tipo de raiva de mim. Sei lá, existem pessoas assim, certo? Que odeiam as outras sem razão alguma.

É por isso que eu respiro fundo ao agarrar a bolsa média onde guardo meus acessórios de costura, assim como o cabide com a roupa e me viro para onde ele está me esperando, vestindo nada além de um roupão e meia calça preta. Os olhos me encaram, sem expressão. O cabelo longo e escuro hoje foi preso no alto da cabeça de forma que as laterais raspadas ficassem expostas. A maquiagem como sempre está impecável e, porra, aquele batom vermelho metálico combina tanto com Ethan.

— É melhor vocês irem para o outro camarim, 'tá muito cheio aqui. — Ouço o produtor dizer. De fato, estava. Hoje eles ficaram super bravos porque dos dois camarins, apenas um está com a iluminação funcionando, sendo assim todos os integrantes estão se arrumando no mesmo lugar.

Já no outro camarim nossa única opção foi deixar nossos celulares com a lanterna ligada apoiados na bancada do espelho e enquanto minhas coisas eu deixei no pequeno sofá azul que tinha na outra extremidade do lugar.
Logo que entramos eu o vi encostando a porta, isso foi estranho porque de a deixássemos aberta a luz vinda do corredor seria útil, mas nem questionei.

— Pode vestir para eu ver como ficou? — Peço o entregando o cabide.
Ethan apenas assente com a cabeça e abre e tira o roupão.

Porra. Agora tenho visão do peitoral definido, dos braços torneados, a maldita cueca preta da Gucci com cinta liga segurando as meias nas coxas dele.
Eu não devo ter ficado nem quatro segundos olhando porque logo senti a vergonha chegando em mim e me virei para abrir a bolsa com minhas coisas. Tirei de lá o compartimento de agulhas, linhas no tom das roupas e queria que eu tivesse também um pote com água benta para jogar em Ethan porque tenho certeza de que esse homem não é de Deus.

O kilt de veludo preto da Burberry estava folgado na região da cintura de forma que a peça caía nos quadris dele na altura das entradas para a virilha. A camisa social da mesma cor e mesma grife também estava folgada, já o corset  feito especialmente para a banda, num vermelho bem próximo ao do batom que ele usava, me fez rir.