piloto

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pov Poliana

    Acordo assustada, sentando na cama de imediato. Olho para o celular, são 10:00 da manhã. Coloco as mãos no rosto tentando me manter desperta, mas sinto a famosa tontura e minha visão escurece por alguns segundos, até que sou atingida por uma dor de cabeça forte que me faz sentir falta de estar dormindo.

  É assim que tem sido minhas manhãs todo dia, desde o dia 24 de abril. Hoje faz um mês. Hoje já é 24 de maio, e meu cérebro começa a assimilar isso.

Não.
Não pense, Poliana.

Luto com meus próprios pensamentos rapidamente, afastando eles com muita dificuldade, mas não vai embora. Droga, minha psicóloga disse para não pensar, não posso pensar.

Estou pensando.
Como paro isso?

Entro em desespero, preciso me distrair, não foque nisso! mas não consigo. Meu ar começa a faltar e sinto minhas mãos tremerem. "De novo não" penso comigo mesma. "Ótima maneira de começar o dia"

Minha mão atinge minha mesinha de cama com dificuldade, abrindo minha galeria e procurando pela foto. Meus dedos tremem, sequer presto atenção nos meus movimentos mais, preciso da foto. Rolo para baixo, de novo, de novo, e de novo.

Finalmente. Abro a foto e começo a observar. João e eu. Os cabelos escuros dele, os olhos focados em mim enquanto eu sorrio para a selfie. Ele sequer estava prestando atenção na foto. Rio comigo mesma. Meus dedos passam pela tela.

— Você não faz ideia do estrago que sua ausência trás, bichinho. — sussurro com a voz trêmula. A minha garganta se fecha. Vou chorar.

"Chore quando sentir vontade"

Todos falam isso pra mim, o dia inteiro, o tempo todo. Psicóloga, tia, amigos, primos. Mas eu sei que não devo, porque se fizer isso, posso acabar do mesmo jeito que no dia 24 de abril, ou pior ainda.. o dia 25.

Nesses dias eu chorei tanto que mal consegui respirar. Não sei se foi o trauma, os sentimentos, tudo. Mas desmaiei. Tive que ficar dois dias internada no soro, pois nunca conseguia alta. Talvez deve-se ao fato de que eu não tocava na comida.

Minha família toda, e até meus amigos ficavam o dia inteiro lá comigo, eu sinceramente acho que eles tinham medo de que eu me machucasse ou fizesse besteira...

Mal percebo quando me agarro aos lençóis e começo a tentar abafar o choro. Um mês. Faz um mês.

João morreu.

A um mês ele não me vê mais. Não me toca mais. Não me escuta mais. E nem vice-versa.

*Flashback*

— Fala sério, bichinha! Eu acho que eu deveria deixar de ser o seu amigo depois dessa. — o garoto de cabelos cacheados sorri para Poliana.

— O que foi? — ela se vira para ele.

— Você tá apaixonada no Éric, é?

— O que?! — Poliana sente suas bochechas esquentarem automaticamente — Não, por que?

— Você tá com uma carinha de boba — ele diz e dá um sorriso brincalhão. Poliana está seria.

"Será que falei demais?"

João pensa. O pensamento fica ainda mais intenso ao reparar Poliana se aproximando.

— E se eu não estiver apaixonada pelo Eric? — ela diz perto demais. Perigoso.

O calor de seu hálito doce atinge João, que se prende com todas suas forças ao seu lado racional. Ela definitivamente estava ultrapassando todos os limites de distância considerados aceitáveis entre melhores amigos.

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⏰ Última atualização: Jan 11, 2023 ⏰

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Com amor, João - JOLIANA Onde histórias criam vida. Descubra agora