O DRAGÃO-DE-KOMODO

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O grande lagarto, com quase 150 quilos, usa a sua língua para experimentar o ambiente. Ele consegue sentir tanto o sabor quanto o cheiro de sua presa, graças ao órgão de Jacobson que fica em sua boca. O lagarto faz isso passando colocando a sua língua para fora, assim como as cobras, e depois passando a língua sobre o órgão de Jacobson na parte superior da boca.

A sua presa, um grande búfalo-d'água de quase 800 quilos, está caminhando em direção a um olho d'água. Pelo cheiro o grande lagarto percebe que o animal está doente. O dragão-de-komodo vai caminhando na mesma direção do búfalo, até encontrá-lo bebendo água no pequeno corpo d'água. Sem chamar muita atenção, o lagarto vai se aproximando devagar, sem assustar o grande búfalo. Quando se encontra a menos de um metro de distância do búfalo, o dragão-de-komodo dá um bote brusco, mordendo profundamente a pata traseira do ruminante que parte em disparada. Enquanto o búfalo foge, o lagarto vai caminhando calmamente atrás da trilha de odores deixada por de sua presa.

O lagarto não tem pressa, pois sua mordida tem duas armas secretas. Uma delas é a presença de várias bactérias encontradas em sua saliva e que são capazes de causar uma forte infecção nas suas vítimas, como o búfalo, que caíra doente em poucos dias, talvez mais rapidamente que um indivíduo mais jovem, devido a debilidade do seu mecanismo de defesa por conta de sua idade avançada. Mas, há poucos anos, pesquisadores descobriram outra arma, que explica como as vítimas do dragão-de-komodo morrem mais rápido do que seria esperado, mesmo acometidos por uma infecção, a mordida do grande lagarto é venenosa. O veneno do dragão-de-komodo causa grande inchaço no local da mordida, além de uma dor fortíssima e a ação mais letal de seu veneno é impedir a coagulação do sangue. Sua vítima fica mais fraca devido a hemorragia, que aliada a infecção causada pelas bactérias presentes na saliva do lagarto, acaba matando sua presa em até três dias, no caso do grande búfalo. Presas menores podem ser abatidas imediatamente ou podem morrer, caso consigam escapar ao primeiro ataque, em questão de horas.

Dias depois o dragão-de-komodo encontra sua presa morta, mas não intacta. Dragões-de-komodo mais jovens e rápidos chegaram primeiro na grande carcaça do búfalo morto. O grande macho aproxima-se com a cabeça erguida demonstrando agressividade e os lagartos mais jovens fogem para não virarem um aperitivo, pois a espécie é canibal. Apesar disso, o grande macho não vai comer sozinho, outros dragões-de-komodo adultos, tão grandes como ele, se aproximam da carcaça do búfalo atraídos pelo cheiro do animal abatido (a principal fonte de alimento do dragão-de-komodo é carniça) e vão repartir a grande presa.

O dragão-de-komodo é encontrado em uma série de pequenas ilhas ao sudeste da Indonésia (ilhas de Komodo, Rinca, Gill Motang, Flores e em algumas áreas de Sítio Alegre). Algumas dessas ilhas apresentam pequenas vilas e o dragão-de-komodo é um perigo constante para a população, principalmente para as crianças, mas a população local sabe se proteger e conviver com o perigoso lagarto. Mas mesmo assim vários ataques já foram registrados a seres humanos, muitos deles fatais, e geralmente as vitimas humanas são turistas desavisados ou que desrespeitam as regras locais. Um dos ataques sem fatalidade já registrado foi de um pesquisador que estava acampado em um barco perto de um ancoradouro. O pesquisador tinha capturado um peixe e o preparou no próprio barco para servir de refeição durante o almoço. Depois de comer, o pesquisador resolveu dormir devido ao forte calor que fazia e foi surpreendido por um grande dragão-de-komodo dentro de seu barco que tinha sido atraído pelo forte cheiro do peixe. O pesquisador esqueceu de limpar o barco e tinha deixado guardado partes do peixe para servir de isca para atrair dragões-de-komodo para sua pesquisa, só não esperava que atrairia para dentro de seu abrigo. A sorte do pesquisador foi escutar o barulho de entrada do grande lagarto ao barco e ter despertado antes de ter sido mordido pelo animal. O pesquisador conseguiu afugentar o lagarto do barco batendo panelas. O grande bicho se jogou ao mar e voltou a terra nadando tranquilamente. O dragão-de-komodo é um ótimo nadador, podendo atravessar largos braços de mar de ilha em ilha.

No período de reprodução é possível observar o embate de grandes machos em disputa pelas fêmeas. O macho mais forte geralmente afugenta os machos mais fracos sem causar grandes danos. Uma vez vencida a batalha pela reprodução, o macho pode fecundar a fêmea e uma vez terminada a cópula abandona a fêmea à própria sorte. A fêmea desenvolve até 20 ovos que quando amadurecidos são colocados em cova no solo escavada por ela, cobertos com terra e restos de vegetais e abandonados por ela. Os ovos são chocados através do calor do sol. Uma vez que os filhotes nascem, eles abandonam rapidamente o ninho, encontrando refúgio em uma árvore próxima, para se proteger nos galhos mais altos e finos de outros dragões-de-komodo adultos, que podem ser seus próprios pais. Os filhotes se alimentam principalmente de insetos e pequenos vertebrados, quando atingem um determinado tamanho, vão para o solo para se alimentar de presas maiores, e principalmente de carniça.

O dragão-de-komodo é o maior predador das pequenas ilhas da Indonésia. É um animal grande, forte e poderoso, munido de fortes garras nas patas anteriores e posteriores, de dentes afiados na mandíbula. Pode correr mais rápido que um ser humano, além de ser um ótimo escalador, conseguindo subir em rochas e árvores, e é um excelente nadador. Com todos esses atributos físicos, ainda é armado com um coquetel de bactérias na saliva e um potente veneno. Se não bastasse tudo isso, também apresenta ótimos sentidos que o permite perseguir suas presas mesmo nas noites mais escuras.

Além do nome dragão-de-komodo, também é conhecido, principalmente pelos habitantes das ilhas em que vive como crocodilo-da-terra. Apesar deste último nome, o dragão-de-komodo, é parente dos lagartos-monitores que fazem parte da família dos varanídeos (Varanidae), grandes lagartos carnívoros encontrados na África, Ásia e Oceania (existe uma única espécie que é frutívora, ou seja, esta espécie se alimenta de frutas). Cientificamente, o dragão-de-komodo, é conhecido como Varanus komodoensis.

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