Um milagre de duas almas

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Yuji observou de lado o médico vir dar o parecer e as enfermeiras tirarem o corpo do velho da maca. Seguiu as instruções e foi até a recepção para preencher os formulários adequados para o corpo ser liberado

— Certo, esses são todos os documentos que precisam ser preenchidos - a recepcionista disse ao entregar uma pilha de papéis - você está bem mesmo? - ela questionou pela quarta vez

Ela já tinha visto muitos acompanhantes de pacientes que morreram. Alguns riem de nervoso, outros gritam de desespero, outros ficam em silêncio com sua própria dor e tem aqueles que parecem entrar em outro mundo. Mas o jovem a sua frente parece muito com qualquer transeunte na rua

— Essa é a primeira vez que estou neste tipo de situação - Yuji disse assinando rapidamente os papéis. Seu olhar se voltou para a parede - não sei realmente como devo agir

Isso era verdade. Como Callan, ele nunca perdeu ninguém já que nunca teve alguém para perder. Mesmo que alguém dissesse que ele tinha que chorar, ele ainda não saberia como fazer isso. Ele nunca chorou

— Da forma como você fala...- a recepcionista não tinha palavras para expressar ao ver a reação do adolescente

Yuji sentiu a mesma presença da escola mas não se moveu. Parecia que aquele garoto tinha algo com ele

— Você é Itadori Yuji?

Yuji olhou para o lado e viu o garoto. Agora ele estava vestindo uma roupa que parecia um uniforme escolar e que o fez parecer ainda mais magro do que antes - Sério, o que há com as roupas desse cara? - A expressão do garoto era até mesmo um pouco apologética

— Eu sou Fushiguro da escola de magia. Não tenho muito tempo então vou direto ao assunto - Fushiguro disse - o amuleto amaldiçoado que você tem, me dê

A recepcionista olhou para esse garoto que surgiu no meio da noite para falar bobagens e até se perguntou, onde estão os pais desse goroto

— É seu amigo? - ela se virou para Yuji

Yuji olhou para Fushiguro que parecia está falando sério sobre essa coisa se escola de magia e amuleto amaldiçoado. Mesmo que ele dissesse outra coisa, ele ainda desconfiaria. A energia estranha que ele tem no corpo diz muita coisa. Então aquela caixinha com a coisa estranha é um amuleto amaldiçoado

Seu silêncio deve ter dado a ideia de que ele não sabia do que o outro estava falando já que, Fushiguro tirou um celular do bolso e mostrou uma foto de uma caixinha e dentro da mesma um objeto com selos

— Hm - Yuji cruzou os braços e olhou para o adolescente a sua frente - eu peguei algo como isso sim. Meus senpais curtem essas coisas, mas antes de eu entregar, me explique o que é

Não existe comida de graça neste mundo ou em qualquer outro. Ele não vai simplesmente entregar a caixinha, ele não sabe o motivo de o outro querer e bem, esse garoto não parece boa pessoa

Fushiguro olhou para o adolescente a sua frente. Suas curiosidade estava só nas palavras pois seus olhos estavam imoveis e o observando. Ele sentiu que Itadori parecia um pouco assustador assim, como um predador esperando sua presa

— No Japão, o número de pessoas que morreu ou desaparecem é de dez mil por ano - Fushiguro estava falando como se recitasse um texto - a maioria dos casos é por causa de sentimentos ruins, o que faz com que surjam as maldições

— Maldição? - Yuji inclinou a cabeça. Maldição era algo novo

— Eu não ligo se você acredita ou não - Fushiguro parecia irritado - lugares como escolas e hospitais, até mesmo casas são onde possuem mais lembranças e memórias e é assim que as maldições surgem

Torpe e InicuoOnde histórias criam vida. Descubra agora