Capítulo UmAlice acordou com uma dor horrível de cabeça, naquela manhã. Não conseguia abrir os olhos de tanta dor. Céus! Será que havia bebido tanto na noite anterior? Lembrou que um estranho havia lhe oferecido uma taça de champanhe e ela prontamente aceitou, pois estava com muita sede. Depois disso não se lembrava como chegara em casa, nem como havia se despido para dormir....
Tudo estava muito confuso em sua mente, mas de uma coisa ela tinha certeza. Se estava tão bêbada, não teria sido ela quem tirara suas roupas.
Meu Deus! Será que havia dormido com um estranho que nunca vira antes na vida? Não! Só poderia ter acordado dentro de um pesadelo. Oque iam pensar dela? Que era uma depravada, caçadora de estranhos. Por Deus! Estava arrasada!
Sentou se lentamente tentando se acalmar um pouco, pois sua cabeça tinha sinos batendo com toda a força. Sentiu um movimento do seu lado na cama e engoliu em seco. Não podia ser! Aquele estranho realmente havia dormido com ela?! Segurou o lençol com força contra o peito, quase não respirando para não fazer barulho e acorda-lo. Foi saindo da cama devagar indo rapidamente para o banheiro. Trancou a porta e quando se virou para a pia sentiu náuseas.
Estava ajoelhada na frente do vaso, quando escutou uma batida forte na porta do banheiro. Seu estômago parecia que ia sair pela boca. Em seu pensamento prometeu que nunca mais ia beber uma gota de álcool.
Fez menção de levantar, mas suas vistas escureceram. Quando acordou estava deitada na cama e aquele estranho sentado na beirada, bem próximo a ela. Estava tão perto que podia sentir o cheiro gostoso de seu perfume.
Alice fez menção de levantar se da cama. Precisava se recompor. Mas ele a segurou pelos ombros fazendo-a recostar se no travesseiro novamente.
_ Caso você não queira ser carregada pra cama novamente, sugiro que você fique exatamente onde está mocinha. _ ele falou olhando preocupado para ela.
_ Mas... eu preciso levantar. Meu noivo está prestes a chegar de viagem. Oque ele vai pensar se ver você aqui comigo? _ Alice se enrolou no lençol e saiu da cama rapidamente. Começou a andar de um lado para o outro procurando por suas roupas , quando foi interrompida por uma mão segurando-lhe em um dos braços.
_ Então quer dizer que você é noiva? Juro que não foi isso que imaginei ontem a noite. _ ele disse com um riso no canto dos lábios, fazendo seus olhos escuros brilharem. _ Do jeito que se atirava para cima de mim, até pensei que estava procurando marido.
Alice não pôde evitar o rubor da raiva lhe subir pelo rosto. Como aquele homem ousava falar com ela daquela forma? Passou por ele rapidamente e foi até o roupeiro pegar uma blusa, quando escutou uma batida na porta do quarto e a mesma logo em seguida se abrindo. Naquele momento gostaria que o chão se abrisse sob seus pés, para que fosse engolida.
David estava parado na soleira da porta, com a bagagem na mão a olhando e perguntando com os olhos oque estava acontecendo alí.
_ D..David?! _ ela só conseguiu balbuciar. _ suas pernas estavam bambas e sua boca seca. _ Olá...
David entrou porta a dentro, largou a bagagem no chão e cruzou os braços, esperando com certeza uma resposta para aquela situação estranha. Ela segurou tão firme o lençol contra o próprio corpo que sua mão começou a doer.
_ Posso saber oque significa isso tudo Alice? _ David quebrou aquele silêncio ensurdecedor.
Alice podia ver com o canto dos olhos um riso em tom de deboche, no rosto daquele estranho. Jurava para si mesma que nunca mais queria ver a cara dele.
_ David, é tudo um grande mal entendido. Não é o que está parecendo... Não aconteceu nada, exceto que eu bebi um pouco de mais ontem a noite e este senhor me acompanhou até em casa, pois eu não estava me sentindo bem. _ Alice tentou explicar.
_ Alice, nós íamos casar mês que vem. Como você pôde fazer isso comigo? Com a gente, depois de tanto tempo juntos? _ David perguntou sentando- se na beira da cama e escondendo o rosto entre as mãos. Estava desolado.
Havia barulho na cozinha. Podia escutar. Céus! Porquê aquele homem ainda não foi embora? Já não bastava ter invadido o seu quarto, teria que revirar a sua cozinha também?! Que ódio! _ pensou ela.
Tudo oque mais queria era dormir e acordar de novo e perceber que tudo não passou de um pesadelo. David e Alice sempre pensavam em se casar. Queriam uma cerimônia simples, sem muitos convidados, apenas os parentes mais próximos e alguns amigos mais chegados. Se conheciam desde os tempos da faculdade. Começaram a namorar e logo em seguida David a levou para conhecer seus pais. Os pais dele a receberam muito bem. A mãe de David era uma mulher de uns cinquenta e poucos anos, muito amável e gentil. O pai era um senhor já grisalho, alto como David, mas mais reservado. Não que não fosse simpático, mas mais reservado.
Logo depois desse primeiro encontro, suas famílias começaram a se reunir nos finais de semana, na fazenda do pai de Alice. Os homens saíam para pescar e as mulheres cuidavam do almoço. David tinha um irmão mais novo, Willian, que estava fora do país estudando para médico. Alice havia o visto apenas uma vez, num final de semana que passou na casa deles. Conversaram, ele lhe contou sobre o sonho de ter seu próprio consultório depois de formado. Ele era o oposto de David, extrovertido, sempre sorrindo e muito bonito, gentil.
_ David... _ ela tocou seu ombro. Mas ele parecia não suportar seu toque, rapidamente levantou- se a olhando furioso.
_ Não me toque Alice!! Não me toque!_ ele praticamente gritou. Ela nunca havia o visto daquela forma, tão alterado. Também, quem não ficaria furioso de encontrar sua mulher, com um estranho no quarto, enrolada apenas num lençol?
_ Eu já disse que não aconteceu nada. Por favor acredite em mim. _ ela quase implorou. _ Eu apenas não estava bem...
Novamente ele se virou para ela, se aproximando tanto que podia escutar as batidas do coração dele dentro do peito.
Segurou- a pelos pulsos e a olhou a de cima a baixo como se estivesse a desprezando. Na verdade ele queria humilha- lá como ele estava se sentindo humilhado, diante de toda aquela confusão.
_ Acabou! _ ele falou fulminando-a com os olhos. _ Nosso casamento está cancelado. Você pôde ficar com o seu amante.
_ A..amante?!_ meu Deus David!.. _ ela pensou olhando o com os olhos arregalados.
Alice não podia acreditar no que acabara de ouvir. Depois de tanto tempo juntos, de tantas provas de amor, de carinho, cumplicidade, ele pensar que ela tinha um amante?
_ Por acaso você tem outro nome para dar ao estranho que está lá na sua cozinha com tanta intimidade?_ David apontou o dedo para o rumo da cozinha enquanto falava aquilo para ela. _ Pois eu não!_ passou a mão nos cabelos.
Alice piscou várias vezes, sentindo que sua garganta estava engasgada de raiva e vontade de chorar. Como David podia pensar tudo aquilo dela? E porque aquele troglodita não saia de sua cozinha e ia embora? Céus!! Tudo estava tão confuso. O mundo resolveu cair de uma vez só sobre sua cabeça. Maldita hora que resolveu beber mais de uma taça de champanhe. Mas estava tão sedenta devido o calor que estava fazendo naquela época do ano.
Alice havia escolhido um vestido de alças finas para o casamento de Jeniffer, num tom azul Royal que combinava muito bem com seus olhos. Não era muito alta, um metro e sessenta de altura com um corpo bonito, bem definido. Cabelos longos, loiros. Havia os erguido num coque bonito, deixando alguns fios caídos do lado do rosto e na nuca. Escolheu um sapato de saltos altos, finíssimos. Estava muito elegante. Num dos bracos usava um pequeno bracelete com florezinhas que combinava com alguns detalhes do vestido. As três damas de honra usavam as mesmas cores nos vestidos, apenas os cortes eram diferentes. Quando elas entraram na igreja, todos se viraram para vê-las.
Alice entrou por primeiro, em seguida as outras damas a seguiram. Com um leve sorriso no rosto, ela cumprimentava os convidados num acenar de cabeça. Em um desses momentos correu os olhos em um homem, estranho que estava parado em um canto escuro da igreja observando tudo, muito sério.
Será que seria algum parente distante de Jeniffer? Pois Alice não lembrava daquele rosto já que em cidades pequenas todos se conheciam. Não pôde deixar de notar seu porte atlético, dentro de um terno azul marinho que não conseguia esconder a musculatura de seus ombros. Seus olhos eram de um castanho escuro, os cabelos castanhos com alguns fios prateados, davam lhe um charme especial. Deveria ter um metro e oitenta, mais ou menos.
Alice mudou o rumo do olhar, quando percebeu que ele a observava. Não queria parecer que estava interessada. Sentiu seu rosto corar com aquele olhar sobre ela. Meu Deus! Espero que ele não tenha percebido seu rosto mudar de cor. Podia ser do calor, já que estava muito abafado lá dentro. Sua boca estava seca de sede e seu estômago doía, já que não comeu nada a tarde toda ajudando as outras damas provarem os vestidos e fazerem a maquiagem. Só esperava que a cerimônia não durasse muito tempo, pois precisava de algo para se refrescar.
Já no altar as três damas, esperavam a noiva se posicionar com seu lindo vestido branco, todo bordado com pérolas e pequenos cristais. Com uma longa cauda de renda. Alice desceu pelo lado do altar e ajeitou a parte de trás do vestido da noiva. Ao retornar para o seu lugar, novamente encontrou os olhos daquele estranho. Agora um pouco mais perto, ele parecia que queria ter a certeza de algo. Ele lhe cumprimentou com um aceno de cabeça. Alice sentiu suas pernas tremerem. Porque aquele estranho não tirava os olhos dela e de Jeniffer?
Quando a cerimônia terminou e os noivos estavam na porta da igreja, para se despedirem dos convidados e convidando-os para um coquetel no salão da casa do casal, Jeniffer fez lhe sinal para aproximar-se dela.
_ Por Deus Alice!_ por onde você andava?_ Jeniffer puxou a pelo braço, num canto da igreja.
Alice não estava entendendo nada. Porque Jeniffer estava agindo daquela forma? Parecia que estava com medo de algo, nervosa.
_ Eu fiquei presa lá dentro da igreja. Então resolvi esperar todo mundo sair. _ ela respondeu olhando ao redor, para ver se ninguém estavam nas observando.
_ Preciso de sua ajuda amiga. _ ajuda? Do que será que Jeniffer estava falando?_ Preciso que você fique de olho numa pessoa para mim, aliás que você o deixe entretido a noite toda.
_ M..mas como vou fazer isso Jeniffer?!_ Alice gaguejou não acreditando no que a amiga estava lhe pedindo. Até porquê, como poderia entreter alguém, se nem sabia quem era? Pelo que pôde perceber, não havia muita gente lá para entreter, já que todos estavam acompanhados com seus pares. Ah não ser... Não! Não podia ser, só de pensar nessa hipótese suas pernas tremeram.
_ Você está sugerindo que eu sirva de babá a quem a noite toda?_ Alice lhe perguntou engolindo em seco.
_ Está vendo aquele homem, alí encostado naquela BMW preta? Pois é, é ele que você precisava manter bem ocupado. _ Jeniffer lhe respondeu, tentando não demonstrar que estavam falando dele.
_ Como você vai fazer eu não sei Alice, mas preciso muito que faça. Por favor! Por favor! _ Jeniffer lhe implorou.
Alice não teve tempo de responder, a outra saiu às pressas para juntar- se ao seu marido. Como Jeniffer podia lhe pedir tal absurdo? Seduzir um estranho que nunca havia visto antes. E oque se passou na cabeça dela de aceitar tal absurdo? O calor deve ter afetado os seus neurônios. Não é possível.
Todos estavam se encaminhando para a mansão dos Smiths, para o coquetel. Alice pegou carona com as outras duas damas, Mônica e Angélica. Estavam ansiosas para beber algo refrescante, pois o calor estava dos infernos.
Mônica estacionou o carro ao lado da mansão, onde ainda havia uma vaga. Haviam muitos carros por todos os lados. Alice desceu devagar pois o chão estava coberto de pedriscos, cobrindo todo o pátio da casa. Havia um jardim lindo, com muitos arbustos, folhagens e trepadeiras que estavam floridas, perfumando o ambiente.
A casa tinha uma varanda enorme na frente e dos lados. A porta de entrada era imponente, larga e alta. As paredes tinham uma cor suave em tons de bege.
Ao entrar no hall de entrada, Alice foi recebida por por um senhor de meia idade, que deveria ser o mordomo. Ele se ofereceu para guardar sua bolsa. Ao entregar a bolsa para ele, Alice sorriu agradecendo.
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A DAMA DE HONRA
RomanceAlice foi convidada para ser dama de honra, pela sua melhor amiga. O casamento e a comemoração após foi tudo perfeito, só não imaginou acordar no dia seguinte com um estranho do seu lado em sua cama...