Capítulo 1

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A moça de olhos claros como a lua cantarolava em voz baixa enquanto penteava seus longos cabelos negros. Hinata Hyuuga estava animada.

Haveria um baile na mansão do Lorde Uzumaki em comemoração à boa colheita deste ano e ela pretendia se divertir um pouco, dançando com os jovens do vilarejo.

Em outros lugares seria comum que esse baile se estendesse pela madrugada, mas não em Konoha. Por aqui, tudo termina antes do pôr do sol e todos devem estar em suas casas antes do anoitecer.

O motivo era bem sabido: pessoas desapareciam estranhamente, sem deixar rastros, sempre que saíam por aí à noite. A causa rendia muitas especulações, e a mais conhecida remetia ao castelo e aos séculos passados.

A lenda conta que o antigo Conde Uchiha, um grande lorde e exímio comandante, estava perdendo uma guerra contra invasores bárbaros. Sua derrota significaria a morte e escravidão de seus súditos, algo que ele não iria tolerar.

Desesperado, ele buscou ajuda das trevas. Ao retornar ao campo de batalha, Madara estava mais forte que nunca, o que permitiu sua vitória.

Isso seria um final feliz, não fosse o acordo feito por ele. Tudo nessa vida tem um preço, mas o mal geralmente cobra mais caro. Madara havia se tornado um monstro, que dependia da vida dos outros para manter a sua.

Assustados, os aldeões procuraram auxílio da igreja. Liderados por Hashirama Senju, eles invadiram o castelo e mataram todos que ali residiam, mesmo que fossem apenas humanos. Afinal, quem compactua com o mal já está condenado.

Após o que ficou conhecido como Massacre Uchiha, Madara desapareceu. Por alguns anos, acreditou-se que ele havia sido derrotado, porém, numa noite de outono ele retornou. Naquele 31 de outubro, o Conde exterminou todos aqueles que assassinaram sua família.

Conta-se que ele não estava sozinho durante sua vingança, mas ninguém sabia o nome da outra criatura maligna.

Konoha ficou praticamente desabitada por muitos anos, até que algumas pessoas encontraram o local e o elegeram para habitar. Havia apenas um velho maluco que afirmava ter sobrevivido à chacina do passado. O homem foi responsável por transmitir a lenda e alertar que ninguém deveria se aproximar do castelo.

Por séculos isso foi tomado como certo, pois ninguém tinha coragem de invadir o local abandonado no alto da colina, cercado por arbustos espinhosos e repleto de criaturas peçonhentas em seu entorno; o castelo permanecia lá, quase esquecido, fazendo parte da paisagem de Konoha.

Essa lenda alimentou a história de que o responsável pelos raptos era o próprio Conde Uchiha, que havia se tornado uma espécie de demônio. Todos o temiam, sem nunca terem visto a criatura.

Muitos jovens duvidavam dessa lenda absurda, atrevendo-se a sair pela noite. Inexplicavelmente, eles jamais retornaram. Nem mesmo seus corpos eram encontrados.

Assim, por mais que houvesse dúvidas sobre a lenda, não se podia arriscar. Nem mesmo guardas ficavam nas ruas após escurecer.

Os cardeais da igreja afirmavam que o próprio demônio habitava aquele castelo e que ele era responsável por punir os não devotos que se aventuravam pela noite em busca de diversão mundana.

Assim, Konoha se mantinha num limbo, dominada pela fé, assombrada por desaparecimentos inexplicáveis, perdida no tempo.

Entretanto, a vida acontecia durante o dia, exatamente como aquele baile tão esperado pelos jovens. Um momento para se divertir, sem preocupações com seres das trevas e as imposições da igreja.

Por isso Hinata estava feliz, assim como seu irmão caçula, Neji. Os dois órfãos criados por freiras tiveram permissão para comparecer, visto que o Lorde Uzumaki era benquisto pela igreja. Um homem devoto e benevolente.

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