II

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Então, para a surpresa dos irmãos o moço se transformou instantaneamente e sua falsa expressão de calma caiu, revelando sua verdadeira face, seu lado maléfico que os assustou. Tomando-os pelos braços fortemente, e mesmo tentando se desvencilhar foi em vão pois o homem era muito mais forte, os arrastou pelos corredores e as jogou no quarto proibido, que até então não sabiam o que era.
Tentaram de tudo, gritaram até perder o fôlego, mas nada adiantava. Anoiteceu, e o homem voltou, as crianças cansadas tinham adormecido. Irritado, jogou um balde com água nos irmãos que acordaram assustados.

O homem riu, visivelmente alucinado, seus olhos vermelhos e inchados das drogas que costumava usar, gargalhando do pavor que as crianças demonstravam, começando com as suas “brincadeiras” algemou os irmãos pelos braços em cadeiras de ferro, apertou tanto que seus pulsos começaram a sangrar, se desesperaram mas se recusaram a derramar uma só lágrima, já não bastava o medo evidente em seus olhos, não queriam demonstrar mais fraqueza.
O seu opressor ficou transtornado com a audácia das crianças de adquirirem uma expressão neutra, como se não se importassem, o que estava longe de ser verdade. Só eles sabiam o que se passava em seu interior.

E apenas de birra, bateu nas costas de um de seus prisioneiros com um bastão de madeira com algumas farpas visíveis, deixando marcas na pele morena de João que foi seu primeiro alvo. Quando percebeu que já havia deixado hematomas evidentes, o deixou de lado, não poderia completar sua missão de vende-lo se estivesse doente.

Agora, deu sua atenção para Maria, ela era uma menina muito linda, cabelos escuros e ondulados que iam até os ombros e a pele igualmente morena como a de seu irmão gêmeo, tinha doze anos e seu corpo estava em desenvolvimento, despertando pensamentos nojentos em seu opressor (pensamentos esses, que não merecem ser citado aqui), vendo a expressão maliciosa que o homem lançou para ela, Maria agoniou-se, desejando que alguém chegasse logo, pois aguentaria a tortura, exceto aquilo que estava visivelmente previsto para ela. João percebendo a aflição de sua irmã e o que estava por vir, falou:

-Pode fazer comigo, mas não toque nela!

Releitura - João e MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora