Capítulo 03 - A Sombra de Lobos

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A noite envolvia a floresta em um manto de escuridão quase palpável, e o caminho de Elara estava repleto de sombras que pareciam se mover e sussurrar ao seu redor. O frio cortante penetrava seus ossos, a neve caia por todo canto, e a umidade da floresta fazia a umidade se acumular no chão, transformando-o em uma superfície traiçoeira.

Elara avançava com cuidado, seus olhos fixos na trilha escura que se desenrolava à sua frente. O silêncio era profundo, interrompido apenas pelos estalos ocasionais das folhas secas sob o cavalo. A sensação de estar observada era inquietante, e o frio na espinha não a deixava em paz. Ela sabia que estava se aproximando do coração da floresta, um lugar onde a magia antiga e os perigos desconhecidos se entrelaçavam.

De repente, um rosnado baixo e profundo rompeu o silêncio, e Elara congelou. O som parecia vir de todas as direções, uma ameaça iminente que crescia cada vez mais próxima. Seus sentidos estavam alertas, e ela girou a cabeça rapidamente, tentando identificar a fonte do perigo. Mas era impossível ver além das sombras densas que a cercavam.

Então, com um pulo ágil, um lobo apareceu na sua frente, seus olhos brilhando com uma intensidade predatória. Outros lobos emergiram das sombras, seus corpos musculosos movendo-se com uma sinistra coordenação. Elara sentiu um gelo na barriga. Ela estava cercada e com o susto, o cavalo em que estava relinchou e a derrubou seguindo para bem longe.

O líder do grupo, um lobo de pelagem escura e olhos como brasas, avançou com um rosnado feroz. Elara recuou na neve e se encostou em uma árvore, seu coração batendo frenético. Sem tempo para pensar, ela pegou um galho grosso do chão e preparou-se para defender-se. Com um movimento rápido e desesperado, ela usou o galho para desviar a primeira investida.

Os lobos, no entanto, eram implacáveis. Um deles saltou, suas garras afiadas cortando o ar e acertando o braço de Elara. Ela gritou de dor, o sangue escorrendo de um corte profundo. A dor era intensa, e a jovem se viu cambaleando, lutando para manter-se de pé. O galho a ajudava a manter os lobos à distância, mas o esforço estava cobrando seu preço.

O líder do grupo avançava novamente, e Elara se viu encurralada. Com um movimento ágil, o lobo desferiu um golpe letal, suas garras afiadas arranhando sua perna. Ela caiu no chão, o impacto e a dor a deixando tonta. O sangue estava quente e pegajoso, misturando-se com a umidade do chão da floresta.

Enquanto o líder do grupo se preparava para o golpe final, Elara começou a perder a consciência. A visão estava ficando borrada, e o som dos lobos estava se tornando um eco distante. A sensação de estar sendo esmagada pela escuridão era opressiva. No entanto, através da névoa crescente da sua mente, ela viu uma figura sombria se aproximar. A silhueta de um homem vestindo uma capa preta emergiu da escuridão, e, com um movimento fluido e decidido, ele afastou os lobos com um gesto firme.

O líder dos lobos, aparentemente intimidado pela presença do homem, recuou, seus olhos ainda brilhando com uma ameaça silenciosa. A figura misteriosa avançou rapidamente em direção a Elara, sua capa negra ondulando como uma sombra em movimento. Com uma rapidez surpreendente, ele pegou Elara nos braços, a força e a segurança de seu toque contrastando com a dor que ela sentia.

— Quem... quem é você? — conseguiu murmurar Elara, sua voz um sussurro fraco enquanto a consciência começava a escapar dela.

O homem não respondeu imediatamente. Seu rosto estava oculto pela sombra de seu capuz, e o som de sua voz era abafado, mas havia um tom de urgência e preocupação em seu timbre. Sem palavras, ele carregou Elara para longe da cena do ataque, suas pernas quase se arrastando pelo chão enquanto ele avançava com uma rapidez sobrenatural.

A visão de Elara estava cada vez mais embaçada, as imagens se misturando em uma nuvem de escuridão e luz. O último que ela viu foi o rosto oculto e a capa preta do homem, antes de sua visão se tornar completamente turva e a escuridão a envolver completamente.

Quando ela finalmente perdeu a consciência, o mundo ao seu redor desapareceu, e o único som que restava era o sussurro da floresta e o eco distante da batalha que ela havia deixado para trás.

O Palácio Sombrio - AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora