VIDA DE UM TRANSGÊNERO

Minha Infância

Era tarde, o sol estava muito forte e brilhoso
Assim como eu sentia os seus raios na minha pele, ele me prejudicava com a luz. Mas
mesmo assim eu brincava com meus amigos e jogava futebol toda a tarde depois da escola.
No outro dia acordei cedo e fui para varanda ficar com meus primos, estava brincando com
uma das minhas primas e por um estante parei e olhei pra uma delas bem fixamente e não
consegui disfarçar o sentimento no olhar.

Ali eu comecei uma paixonite pequena por minha colega e não fazia a mínima ideia o por
que aquele sentimento estava dentro de mim e por que eu estava com meu coração
disparado sem ao menos eu ter levado um susto sequer.

Minha rotina continuou, eu morava com meus avós.Ia pra escola,depois almoçava e já
combinava com meus primos e amigos para jogar futebol em campo de Várzea, sabe
aquele campo que quando chutamos a bola e sobe poeira, então esse mesmo e eu amava
jogar bola todos os dias no período da tarde.

Nessa época minha família já sabia o que eu queria e meus familiares sabiam o que eu era.
Mas nunca conversaram comigo sobre o assunto pois eles não estavam acostumados com
a atualidade nos tempos de hoje.

O tempo foi passando, fui crescendo com a idade e mudando minhas rotinas e com elas os
comentários irrelevantes também mudaram.As pessoas começaram a fazerem cenas
desconfortáveis com a minha pessoa. Já fui chamado de diversos apelidos como
SAPATAO, SAPATA , MARIA MACHO em fim entre outros. Eu me sentia ofendido e
obviamente chorei muito por esses momentos.

Formam anos e anos passando pelo mesmo
processo e decidi não me importar mais.
Eu comecei a ser mais feminina em um tempo , mais foi curto e voltei com minhas rotinas
anteriores. Meus pais moravam na cidade grande e todo os anos viam para o interior rever
os familiares , principalmente eu e minha irmã.

Depois de alguns anos eles voltaram com o
intuito de levar eu e minha irmã para cidade grande para morar de vez com eles, meus avós
não concordavam muito com a ideia pois eles já estavam acostumados a cuidar das netas
deles.