Único; Alone

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Vinte minutos se passaram desde que Ladybug havia chegado no topo daquele prédio antigo e abandonado no meio de Paris, esperando por Chat Noir. Ele havia mandado mensagem na noite anterior pedindo para encontrá-la naquela tarde. E ela estava preocupada, o assunto parecia urgente e ele estava atrasado. De qualquer jeito, a heroína não sabia o porquê de estar tão nervosa, o parceiro já havia perdido o horário antes, assim como ela vivia perdendo em sua vida civil. Era isso, precisava se lembrar que ele também tinha uma vida fora da máscara, apenas.

Afinal, estava tudo bem, não estava?

O assunto que ele queria tratar não seria nada demais, certo?

Certo?

Ela não sabia dizer, mas não demoraria para obter uma resposta.

Mais cinco minutos que pareceram horas transcorreram e a paciência da garota de vermelho se esgotava a cada passo agitado que dava, caminhando de um lado para o outro, como demonstração de sua ansiedade sem sentido. Sentou-se na beirada do prédio pondo-se a observar o horizonte, percebeu que faltava pouco para escurecer. Cruzou os braços quando os olhos semicerraram e ela bufou. Iria embora.

Estava decidida. Ele não apareceria e se convenceu disso. Levantou, caminhando até a outra ponta do extenso telhado, pronta para lançar seu ioiô, quando no meio do caminho, algo havia chamado sua atenção. Reluzindo em efeito óptico, pela luz do entardecer refletida sobre, uma caixinha estava no chão. 

A menina se aproximou, ela reconheceu a caixinha. Claro que a reconheceria, era ela a responsável por entregar os Miraculous naquelas caixas portadoras do antigo guardião. Mas como era possível? Aquelas embalagens já não existiam mais desde que ela havia se tornado a guardiã. Apenas ela possuía uma, onde os brincos ficavam. A única outra pessoa que tinha uma igual era...

Chat Noir.

Aquilo, definitivamente não era bom.

Desesperou-se, pegou a caixinha com as mãos e por muito pouco não perdeu o papel embrulhado que estava debaixo dela, para o vento.

As delicadas mãos estavam trêmulas enquanto abria a possível carta. Não tinha coragem de abrir aquele recipiente. Sabia que ali encontraria o que mais temia. Não conseguia encarar o verdadeiro significado daquilo, não ainda.

Uma carta formada por uma letra caprichosa e bem desenhada, foi a primeira coisa que percebeu quando a abriu. O papel estava um pouco molhado, alguém havia chorado sobre ele. Começou a ler.

"Ladybug,

Eu sei, deveria ter a coragem de fazer isso enquanto olhasse em seus belos olhos azuis, mas eu não posso. Não consigo. Pode me chamar de covarde se quiser, com certeza eu mereço o título.

Não ache que isso está sendo fácil para mim, pois não está. Ser Chat Noir era o que me dava liberdade, era o que eu mais adorava ser desde que... bom, você não pode saber, isso diria demais sobre minha vida civil e quem realmente eu sou. Eu posso estar decepcionando você agora com a minha atitude, eu sei que estou, mas de qualquer forma preciso respeitar até o final sua decisão de nossas identidades permanecerem em segredo. Pelo menos isso eu posso cumprir.

Você deve achar que estou sendo impulsivo e não estou pensando muito bem sobre, não é? Eu pensaria o mesmo se estivesse no seu lugar. Mas não é assim, como eu disse, ser Chat Noir era um mundo pra mim a partir do momento em que deixou de ser. Se ser seu parceiro significa que vou continuar decepcionando você de alguma forma, então eu prefiro parar de ser.

Você precisa de alguém em quem possa realmente confiar. Talvez, eu não seja essa pessoa, certamente não sou. Acho que te incomodo mais do que realmente te ajudo. Eu sei disso. A tempos venho reparando que não faço mais ideia do que está acontecendo com você, o que está fazendo ou pensando. Você não me diz. Outra pessoa sabe sua identidade, e realmente achava que eu seria o primeiro. Não posso reclamar, a decisão é sua e você sempre sabe o que está fazendo, mas estar de   fora de tudo isso, me faz pensar que nunca fui bom o suficiente ao seu lado.

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