— Estou entediada – Disse Hinata, deitada na própria cama. Sua cabeça estava tão perto da extremidade da cama que seus longos cabelos negros, soltos e pendurados na beirada, quase tocavam o chão.
Ela apenas estava deitada ali, escutando música com apenas um fone desde que eu cheguei, já há um bom tempo. Mirava o teto com indiferença enquanto comia aqueles palitinhos doces que ela tanto amava. Hoje, de morango.
— Hm – Apenas murmurei, desviando a atenção do celular em minhas mãos para ela, por um momento. Eu estava sentado em um desses puffs fofos que ela mantinha no quarto, perto da janela por onde eu entrei.
Hinata e eu somos vizinhos e amigos desde os dez anos de idade, que foi quando eu me mudei. Ela facilmente conquistou minha mãe, que tem dois filhos homens, tanto quanto eu consegui o interesse da mãe dela, que tem duas meninas. Meio que suprimos a necessidade de nossas mães e isso nos aproximou muito. Mais do que eu mesmo queria, no inicio.
Hoje, com 17 anos, ainda somos muito amigos. Eu sou bem vindo na casa dela tanto quanto ela é bem vinda em minha casa, porém na grande maioria das vezes eu utilizo a janela, por ser mais rápido. Meu quarto fica bem de frente ao dela, separados por uma enorme árvore, que vem bem a calhar.
Ela se mexeu, virando-se sobre a cama. Apoiou-se nos cotovelos e colocou mais um palitinho na boca.
— O que está fazendo de interessante?
— Nada – disse, largando o celular de lado ainda fitando-a.
— Ficou muito tempo fazendo nada.
— E você estava admirando o teto.
— Você é chato Sasuke – disse, me olhando de relance, voltando-se totalmente para palitinho que ela mordia aos poucos.
Sou completamente louco por ela. Não sei quando exatamente isso começou a ficar assim, mas faz mais de um ano que me dei conta do quanto me controlo perto dela.
Meus pensamentos, meus ciúmes, minhas duvidas, minhas vontades, meus planos... Tudo era cheio de Hinata.
Me dando conta disso, fiz algumas tentativas discretas em demonstrar, mas confesso que tenho muito medo de perder tudo o que construímos nestes longos anos.
O problema é que meu controle vem se desgastando consideravelmente. Não sei quanto tempo mais eu aguento sem estragar tudo.
— O que? Quer um? – disse, quando percebeu que eu ainda estava olhando para ela, mas seu olhar sobre mim durou apenas um instante e logo a jovem voltou sua atenção para o celular largado na cama.
Eu não havia desviado meus olhos dela nem por um instante.
— Não gosto de nenhum tipo de doce.
— Eu sei, mas você está encarando com tanta vontade.
"Não estou olhando o doce, Hinata", ponderei, fechando os olhos por um instante.
De repente ela se levantou, ficando sobre os joelhos. Largou o celular, tirou o fone e olhou-me diretamente nos olhos, pela primeira vez desde que entrei e disse:
— Sabe, acabei de me tocar que nunca joguei Pocky Game. Deve ser interessante, não acha? – Ela sorriu, e em seguida colocou um pocky na boca, mas não mordeu, apenas o pressionou nos lábios.
— Está me convidando, Hinata? – Ela me olhou assustada e até deixou o pocky cair. Ficou vermelha até as orelhas, totalmente adorável, o que me arrancou um sorriso.
Isso pode ser interessante.
— N-não... Eu só comentei, seu bobo.
— E eu só perguntei, não precisa ficar vermelha.
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Pocky Game
Romance- Qual intuito dessa brincadeira? - Ver até onde a pessoa consegue ir... - Não, o intuito é beijar. O palitinho é só uma desculpa...