twenty

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𝗠.

Se tivesse uma palavra pra me definir quando estou na cozinha, seria correto me chamar como 'pesadelo do fogão'. Desde que eu cheguei já consegui derreter umas cinco panelas anti aderente enquanto me enfornava naquele quarto e só dava conta quando o cheiro subia para todo o apartamento, ou até mesmo com os pequenos latidos da Zoe. Mamãe me mataria se soubesse de uma coisa dessas.

Em alguns dias entraremos em um grande feriado, muito importante por sinal aqui na Alemanha, e terei cinco dias livre de trabalhos e toda a burocracia daquela faculdade. Ainda está nos meus planos ir para Karlsruhe, visitar e passar esses dias com meus pais, fazem cinco meses que não consigo ficar por muito tempo na cidade natal, e se eu não me engano pode ter mais tempo. Sinto saudades de sentir um pouco da natureza e cuidar dos animais, isso é um combustível num carro totalmente vazio.

— Zoe para de latir, está me atrapalhando. — Raramente minha cachorrinha tem esses surtos histéricos e começa a latir do nada, fora quando soltam fogos ou são noites de tempestade. E hoje ela estava mais fora do comum, como se estivesse algo de estranho aqui dentro da casa ou até mesmo alguma coisa estivesse a incomodando-a. Filhotes tem mais tendência de ter esse tipo de acontecimento, mas isso já estava ultrapassando seu limite. — Vem cá, vem. — O notebook que a poucos segundos estavam em meu colo voltou para seu devido lugar e quem ocupava seu local era a pequena bola de pelo dourada. Por ainda ter uns quatro meses, seu tamanho não era grande, pelo contrário, era bem pequenininha.

Ainda os seus latidos não tinham parado.

Tive medo dela poder estar com algum tipo de dor ou uma cólica que as vezes dá em cãozinhos, o que me preocupa bastante porque eu não sou muito boa na área da medicina, quanto mais animal.

— Ok Zoe, vou te deixar solta para ver o que está te incomodando, me ajuda a te ajudar. — Seu rabinho foi balançado enquanto me guiava até a sala, onde provavelmente estaria o motivo da zoada que ela estava fazendo. — Você acha que vai ter um assaltante aqui, vai?

— Provavelmente, acho que sim.

Isso poderia ser vozes da minha cabeça, até revirei os olhos, talvez a minha correria poderia estar pregando peças em meu psicológico para me condenar ainda mais. Odiava isso. Mas estava completamente errada das coisas que estava pensando, ou além do mais, tentando fazer com que se tornassem verdade pela confusão que havia nela. A silhueta de quem eu tanto sonhei nesses últimos dias, estava parada em minha frente com um visual totalmente renovado e diferente, seu tradicional e lindo sorriso, e seus profundos e apaixonantes olhos. Drew Starkey estava na minha frente?

— Drew?

Sussurrei para que somente eu pudesse ouvir, embargada com trêmula voz, com certeza o loiro platinado que me encarava ouviu.

— Sim Mayzinha.

...

— Não gosto do Draco Malfoy, e você está a cara daquele insuportável, Drew! — Reclamei pela segunda vez em alguns minutos, mas na verdade eu só estava implicando com a cara dele. Com esse cabelo mais loiro eu sentia as vibrações em todo o meu corpo se apressarem conforme eu olhasse para ele, e meus olhos se perderem mais ainda em suas profundezas.

— Procura um Harry Potter então.

— Besta.

— Besta.

Nos encaramos por alguns segundos consecutivos e sorrimos quando sentimos as pequenas patinhas da Zoe pularem em cima da cama onde estávamos deitados.

Starkey realmente é muito intenso com animais, como ele havia me dito quando estava na Califórnia. Dentre essas duas horas que ocupava junto comigo o meu apartamento, percebi que a Zoe não desgrudava do pé dele, e as vezes fingia que não me via ou ao menos percebia minha presença no lugar. Queria ter a coragem de me abrir de verdade e jogar tudo pra fora sobre o que eu sinto por ele, contar qual o efeito ele me causa quando apenas escuto sua voz ou até mesmo falar que amo saber que ele existe no mesmo mundo que eu. Mas a minha covardia dominava meu ser e me impedia de falar para a pessoa que eu amo o verdadeiro sentimento que eu tenho por ela. Lógico. Nunca fui de me expressar, quanto mais coisas relacionadas a vida amorosa.

Madelyn e Madison sempre foram as que eram cheios de namoradinhos e namoradinhas desde pequenas e isso já era muito rotineiro para as duas. Diferente de mim, que me isolava um pouco quando sentia olhares masculinos sobre mim, ou sentia que algum menino queria chamar minha atenção. Nunca fui boa nesses assuntos. Meu primeiro beijo foi com quatorze anos, quando um garoto chamado Josh, que conversava comigo normalmente, me puxou para um armário de serviços na escola e faltou me engolir pela boca. Tenho traumas e terríveis flashbacks disso até hoje.

Pra piorar a situação, passei na enfermaria logo depois disso para colocar um curativo nos meus lábios, que sangravam depois do péssimo ocorrido.

— Diz pra mamãe que você prefere o papai, diz gracinha. — Meus desvaneios fugiram após ouvi-lo mimar a bolinha de pelos que por incrível que pareça estava calma no meio de seus braços.

— Eu também prefiro o papai dela, sabia?


















one. quem é vivo
sempre aparece né?
eu sumi mesmo, desculpa.

two. senhor não tenho
psicológico pra terminar
essa fic!

three. o que acharam
desse capítulo?
de sua opinião.

four. votem e comentem
amo muito vocês!
e desculpa pelo sumiço!
eu estive muito ocupada :(

𝐒𝐓𝐀𝐋𝐊𝐄𝐑, 𝘴𝘵𝘢𝘳𝘬𝘦𝘺.Onde histórias criam vida. Descubra agora