1. Torre de Astronomia

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Durante o jantar, Harry encarava Draco fixamente, ele não sabia dizer quando começou a se sentir estranho perto do loiro. No início, havia colocado culpa de que suspeitava que era um comensal, passava horas seguindo ele por hogwarts, sempre se sentindo desconfortável quando via Draco com algum garoto. Draco havia se assumido gay no início do ano, quando Harry chegou na escola para completar o sexto ano, deu de cara com a noticia de que o filho dos Malfoy era homossexual.

Depois de, por volta de dois meses, saiu do estado de negação e passou a aceitar que Draco Malfoy era o mais novo dono de seu coração. Não ficou surpreso por ser um garoto, afinal, no quarto ano ele ficava com Cedric Diggory, ninguém sabia disso, óbvio.

Enquanto admirava a beleza do loiro, percebeu que Draco tinha acabado de virar o pescoço para olhá-lo. Corou levemente por ter sido descoberto, porém sua cara ficou ainda mais vermelha quando o loiro deu uma piscada de um olho jogando charme. Draco virou a cabeça em seguida, voltando a conversar com seus colegas de casa.

-O que foi cara? - perguntou Ron após perceber o estado do amigo.

-Nada, só fiquei com um pouco de calor - Ron estranhou a resposta, afinal, ele sentia a temperatura estar "normal", ou talvez até frio.

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Na mesma noite, Harry decidiu pegar sua capa da invisibilidade e seguir para a torre de astronomia. Não havia conseguido pegar no sono, então decidiu fazer algo ao invés de ficar rolando na cama em busca de sono.

Quando estava prestes a subir o último degrau, se deparou com uma figura encostada na borda, parecendo estar aproveitando a vista. Percebeu que esse alguém era Draco, estava disposto a dar meia volta quando ouviu Malfoy falar.

-Quem está aí?

Potter virou a cabeça para olhar para Draco, percebendo que o mesmo tinha se virado e estava olhando em sua direção com um semblante curioso.

-Não se faça de idiota, ouvi passos e tenho certeza que esse alguém chegou no topo da escada.

Harry não sabia o porquê, mas queria tirar sua capa. Assim fez e Draco se mostrou surpreso.

-Não sabia que tinha uma capa da invisibilidade Potter, e que utilizava ela para perseguir as pessoas - se Draco ao menos soubesse o quanto Harry já o perseguiu usando-a.

-Surpresa então - os dois reviraram os olhos ao final da frase, por motivos diferentes.

-Antes de ir, só quero dizer que eu sei que sou bonito e que sei que me olhar é quase como ver a oitava maravilha do mundo, mas me encarar te faz parecer psicopata.

-Já que entrou no assunto, vou te perguntar algo, realmente flertou comigo no salão?

-Potter eu vou te explicar algo, quando se flerta com alguém, não pergunte se flertaram!

-É uma regra?

-Básicamente..

-Ótimo, nunca gostei de seguir regras.

-Deu pra perceber...- o silêncio se estendeu durante minutos, o som apenas composto por suas respirações. Os dois estavam igualmente com medo do outro ouvir seu coração, ambos estavam tão rápidos que não se surpreenderiam caso tivessem uma parada cardíaca.

Enquanto trocavam olhares, conseguiam se comunicar, conseguiam ver o quanto o outro queria se aproximar, mas não tinha coragem.

Draco estava com as costas encostadas na grade da torre, Harry decidiu a ir até a grade ao seu lado, pois se tivesse perguntas, poderia simplesmente responder que veio a torre com o objetivo de olhar a vista.

Se surpreendeu ao não ouvir nada, apenas a roupa de Draco virando enquanto o mesmo voltava a ficar de frente para a vista.

Draco desviou seu olhar para quem estava ao seu lado, não querendo ser pego olhando, ficou apenas alguns segundos olhando seu rosto e desceu o olhar para a mão. Estavam tão próximas umas das outras, bastava estender o dedo indicador que sentiria a pele.

Draco havia se apaixonado por Harry no terceiro ano, sentiu borboletas no estômago pela primeira vez quando tiveram uma troca de olhares intensos na aula de Hagrid, acabou mordendo o lábio inferior enquanto olhava o moreno de cima a baixo, esperava que ninguém tivesse percebido, e pelo que viu ninguém havia percebido, com exceção de Harry, porém o mesmo mostrava interpretar isso como algo normal ou desafio, então não se importou.

Com o passar dos anos se sentia machucado toda vez que ouvia que Harry tinha beijado alguém, e sofria mais ao saber que era uma garota, odiava saber que o mesmo não sentia atração por garotos, e odiava mais ainda saber que mesmo que sentisse, nunca o olharia da mesma forma.

A um tempo, Draco começou a usar o argumento "só se vive uma vez" quando estava em dúvida entre fazer o certo ou o que queria. Havia utilizado esse argumento para se assumir, recebeu cartas de seus pais dizendo o quando devia ter pensado antes de falar, não se importavam com a sexualidade do filho, mas se importavam com a imagem que ele traria.

"Só se vive uma vez" repetiu as palavras em sua mente, estendendo o dedo e acariciando a pele da mão do mais baixo. Harry travou ao sentir o contato, não esperava algo assim.

Draco percebeu e afastou sua mão do outro, querendo se bater por dentro, havia passado vergonha, provavelmente Harry contaria aos amigos e riram da cara dele, perdendo as poucas chances que tinha de ficar com ele.

Olhou imediatamente para as próprias mãos, tentando decidir o que fazer, quando viu o dedo de Harry indo em direção a sua mão, da mesma forma que havia feito segundos atrás.

-O que? - sussurrou olhando para o carinho que era feito em sua mão.

-Se quiser eu paro, mas quem começou foi você - disse Harry ainda olhando para frente.

Draco abriu um sorriso, percebendo o quão feliz estava nesse momento. Passou sua mão por baixo da de Harry e entrelaçou ambas. Harry se virou para encarar Draco, observando novamente o olho do outro, ambos sorriam e esse sorriso se expandiu mais ao ver algo dentro dos olhos do outro, acharam imediatamente que era coisa da própria cabeça, pois em suas mentes, era impossível o outro estar apaixonado por si.

Ficaram observando a vista com as mãos entrelaçadas por várias horas, nenhum dos dois sabia dizer ao certo. Passaram a ir várias vezes para a torre de astronomia, sempre quinta-feira. Todas as vezes que viam tinham um contato maior, no início quase não trocavam palavras, ou por vergonha ou por medo de fazer o outro ir embora.

Depois de várias noites cheias de carinho, finalmente se beijaram, era um beijo lento, ambos se sentiam tão calmos mesmo com os corações em uma velocidade rápida, se sentiam completos, enquanto as duas línguas se cruzavam e eles sentiam frio na barriga. Estavam finalmente completos.

Odiaram ter que se afastar pela falta de ar, olharam um para o outro, sorrindo com brilho nos olhos. O beijo se repetiu várias vezes, naquela noite e em outros dias.

Não sabiam como seguiriam na guerra, ambos eram de lados opostos, Harry tinha o conhecimento de que Draco não fazia isso por que queria, e sim porque era obrigado, mas ainda sim era complicado. Haviam decidido que Draco continuaria na mansão, trazendo informações e tentando ajudar qualquer inocente que seja torturado ou quase morto.

Foi fácil impedir Draco de ir para Azkaban depois da morte de Voldemort, todos os inocentes que ajudou, as provas de que foi um comensal por pura obrigação e que tinha um plano com Harry.

Draco se sentiu aliviado por finalmente poder gritar para o mundo que namorava o salvador do mundo bruxo. Poucas foram as pessoas que aceitaram o relacionamento, Ron e Hermione se afastaram de Harry, Potter não tirava a razão deles, mas mentiria se dissesse que não doía.

Draco teve que começar as amizades do zero, afinal, seu pai e todos os seus amigos pararam em Azkaban, mas estava satisfeito, finalmente poderiam viver com seu amor.

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