-Conexão-

-Capítulo único-

Era normal agentes da Ordem se ferirem gravemente em missões, mais normal até do que eles gostariam.
Em sua maioria esses ferimentos variavam entre mordidas, marcas de tiro e efeitos de rituais inexplicáveis. A cada nova missão havia uma estranha expectativa em saber qual tipo de ferimento novo ganhariam, já que a cada dia seus inimigos estavam ficando cada vez mais fortes e bizarros.

Joui Jouki, um desses agentes, poderia dizer com todas as palavras que havia visto de tudo um pouco- desde aranhas gigantes até um monstro que fica invisível- e que com certeza se houvesse uma competição do agente com mais cicatrizes, Joui estaria no mínimo no top 5 da lista final.
Bem, um ponto a se destacar é que muitas cicatrizes que ele possuía, vindo de ferimentos intensos, não eram pela ineficácia dele como agente, na verdade, pelo contrário.

Joui sempre prezava pela vida alheia, sempre se colocando à frente, ou literalmente se jogando na frente, para que ele se ferisse, e as outras pessoas não.
Ele sempre fazia isso.
E dessa vez não seria diferente.

          

                                              
 Após o caos, literalmente, ligado ao Diabo e a revelação do Anfitrião a Equipe Abutre, e os agentes da ordem presentes no Coliseu, retornaram à mansão Leone após uma noite longa.
Como sempre, eles tiveram pouco tempo para processar os acontecimentos. Eles não tinham tempo a perder, pelo visto Kian já estava movendo suas próprias engrenagens, e eles não poderiam ficar atrás.

Seguindo as dicas dadas pelo Diabo, e relacionadas às páginas do grimório do Arnaldo, o próximo rumo dado ao Abutres foi a França, onde deveriam procurar e investigar os  resquícios de uma misteriosa organização ocultista chamada Tenebris.
Embaixo da Catedral de Notre-Dame haviam ruínas do que pareciam ser antigos "laboratórios" de ocultismo- e era por lá que se havia começado as investigações da Equipe Abutre, junto de alguns agentes dos Obscurité.

Todos haviam se separados em pequenos grupos,- já que o local em si possuía muitas salas e corredores, e eles não tinham tanto tempo para poder analisar todas elas- e nisso Joui, Carina e Lorraine, a ocultista de mechas vermelhas, acabaram em um pequeno trio, andando por um longo corredor mal iluminado, assim como todos os cômodos daquele lugar, em direção a um salão a frente.
Joui e Carina iam em frente, montando novamente a famigerada dupla furtiva, enquanto Lorraine ia atrás, observando e investigando o local em busca de novas pistas, ou até mesmo passagens secretas, já que aquele lugar era um mistério.

Desde que havia voltado, Joui tinha criado uma conexão com os novos membros da equipe, em especial com Carina Leone.
Joui não sabia o porquê, mas havia algo que de alguma forma ligava ambos os dois, os aproximando cada vez mais. 
Talvez fosse algo sobrenatural? Ou suas personalidades e vivências parecidas os deixava ligados dessa forma, pessoas tendem a se aproximar de coisas que sejam parecidas consigo.
O fato é que Joui havia simpatizava rapidamente com ela, fazendo-o sentir esse estranho sentimento de proteção e cuidado por ela, de uma forma que ele não sentia por outras pessoas além de sua família.

 -Esse é seu pai?

Joui viu Carina dar um leve pulo em seu lugar, e rapidamente virar em sua direção. O rosto vermelho evidenciava o choro recente.

Era bem tarde da noite, a equipe Abutres havia chegado a algumas horas do Coliseu- enquanto o resto dos agentes só chegariam no dia seguinte- e todos haviam se dispersado pela mansão, achando alguns lugares confortáveis para dormir.
Joui estava na enfermaria junto de Arthur, mas diferente dela não havia conseguido dormir, então resolveu procurar a cozinha para poder tomar um pouco de água. Parou ainda nas escadas, vendo no andar de baixo uma pessoa parada em frente a um quadro. Silenciosamente, descendo as escadas, ele conseguiu distinguir Carina, parada em frente a um quadro de um homem sério e elegante. 
A expressão no rosto dela estranhamente lembrava a Joui de seu próprio pai, o fazendo-o sentir como se seu estômago afundasse.