Um presságio de problema

1 0 0
                                    

Dalji tinha somente dezesseis anos quando foi comprada por um homem europeu. Em pleno século 21, onde a escravidão havia sido abolida, não era de certo dizer que todos iriam seguir o decreto. E Dalji foi colocada como babá das crianças de seus senhores durante 6 anos. Em que seu único conforto fora as crianças que lhe deram um pouco de consolo. Porém conforme os dias se passavam Dalji planejava fugir, e com a ajudar de outros escravos ela conseguiu fugir para Nova Iorque, a cidade mais moderna que já havia escutado sobre.
Neste novo lar, ela aprendeu com as pessoas como procurar emprego, como fazer currículos, e durante muito tempo esteve em um abrigo. Até achar um emprego considerado perfeito.

Ela seria babá de uma bebê de três meses, moraria com a família, teria comida, teto e um bom salário. Tudo pelo o que ela esperou enquanto presa. Mas é claro, a jovem escondeu da nova chefe sua origem, e a única coisa que a deixava tranquila é que se o seu "Dono" viesse busca-la certamente seria preso.

Tudo estava indo bem, até o fim do seu primeiro dia de trabalho. O Casal, Chong Joon, e Leahy Joon, eram de vista bonitos e educados. De origem coreana, apenas Chong tinha um sotaque estranho ao pronunciar inglês, pois sua esposa cresceu toda sua vida em Nova Iorque onde se estabeleceu como advogada na empresa do Marido.
Dalji já havia notado que eles não se comunicavam, e que a senhora Leahy estava sempre longe da filha.

- Senhora, já fiz a sua filha dormir, vou me retirar agora. - Disse Dalji em frente a porta do quarto do casal. Sendo interrompida de repente por um estrondo repentino, ao invés de entrar e checar, ela correu e se escondeu no quarto da pequena Aya.

- Será que ele está batendo nela? Isso também não é crime aqui? Pensei que esse fosse um lugar evoluído. - Após alguns segundos, ela mesma aproximou-se um pouco da porta outra vez para ouvir de que falavam, se fosse pega levaria uma baita bronca, e imaginava como a punição seria nesse novo continente.

-  Viu só? - Ela ouviu a voz do senhor Chong e logo em seguida um grito da senhora Leahy

- Tchau. - Dalji ouviu passos se aproximando da porta e correu novamente para o quarto da bebê, esperando seja quem for passar ela ouviu a porta da frente do apartamento bater, então decidiu sair de seu esconderijo para ir até o quarto e se deparar com uma bagunça e a sua senhora em lágrimas.
Seria um natural reflexo socorrer a sua chefe, porém não foi assim que Dalji foi criada, antes de tudo ela tinha que arrumar o quarto e não se meter nos problemas pessoais dos outros.

Ela começou pegando os cacos de vidro do chão quando a Leahy notou sua presença e parou seu choro para a olhar.

- O que está fazendo? - Ela perguntou em meio aos soluços.

- Juro que não estou cuidando de sua vida senhora, apenas estou limpando. - Respondeu nervosa.

- Não é isso, vê meu estado, ignora, e apenas limpa o chão? - Dalji não a respondeu apenas continuou pegando os cacos.

-  Pare com isso Dalji. - Após ouvir as palavras Dalji soltou os cacos e se curvou para Leahy em silêncio, ela parecia estar tremendo o que deixou a Leahy confusa.

- De que parte da Europa você veio mesmo? - Leahy semicerrou os olhos enquanto olhava a Dalji esperando sua resposta.

- Não sei o nome da cidade senhora, apenas que era no sul.

- Você tem um jeito de trabalhar bem diferente. - Leahy disse levantando-se da cama. - Desculpe ter que te fazer ver uma briga logo em seu primeiro dia. Se importa se eu desabafar um pouco? - Sem saber como reagir Dalji apenas concordou.

- Eu não queria ser mãe, nunca quis, mas meus pais me forçaram para conseguir manter meu casamento e o trato entre nossas famílias. Difícil dizer que meu marido sequer me satisfaz sexualmente. - Dalji olhou Leahy nos olhos por alguns segundos.

- Quer que eu arrume alguém para a satisfazer senhora? - Os olhos de Leahy se arregalaram.

- Como? Arrumar quem, você não vai me chamar um garoto de programa vai? Quer perder seu emprego logo no primeiro dia? - Dalji negou com a cabeça.

- Ótimo, então nunca mais repita algo desse tipo.

- Sim senhora. - Leahy suspirou.

- Pare de me chamar de senhora, você tem 20 e eu tenho 23, não somos tão diferentes assim. - Dalji não sabia o que dizer, nunca havia experienciado tal intimidade com uma mulher fina antes.

- A senhora precisa de alguma coisa? - Leahy olhou Dalji por alguns segundos antes de lhe dar um belo sorriso.

- Não, obrigado Dalji, vá descansar, amanhã você terá mais um longo dia pela frente. - Dalji fez uma última reverência antes de sair e fechar a porta do quarto. Ela estava tão aliviada de dormir um dia sem uma punição, que sequer pensou no que havia presenciado, ou talvez, não lhe fosse algo novo.

NannyOnde histórias criam vida. Descubra agora