Prólogo

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 Um abdômen ensanguentado, um braço roxo, meus cabelos loiros completamente molhados de suor, correndo o máximo que conseguia.

A floresta do Lado Sul, não era o melhor lugar para se hospedar depois de ter acabado sem família, e estar sendo perseguido por uma bando de malucos que te perseguem desde quando você tinha doze anos.

Eles eram um grupo de cinco adolescentes que sentiam o prazer de bater em uma criança mais nova. Os malucos só se aquietaram quando conseguiram matar uma pessoa em uma brincadeira estúpida com o fogo.

Mas mesmo adultos, lá estavam eles, tentando me pegar pela última vez, antes que eu saísse da minha vila de vez.

Depois de conseguir me livrar dos palermas, eu já não sabia mais onde eu estava, mas ainda era o Lado Sul.

Estava cansado e fraco, das pancadas que eu recebi dos cinco malucos, tudo que eu consegui ver antes de desmaiar no meio da floresta foi uma garota, ela tinha olhos escuros que davam para ver o universo neles e se perder nas estrelas que ele possuía.

Quando eu acordei não estava mais na floresta, e sim em uma cabana com aparência de ala médica. Havia um senhor baixinho na frente da cama onde eu estava, ele parecia estar organizando instrumentos que provavelmente utilizou em mim.

Tentei me levantar mas meu abdômen ainda doía, havia um curativo nele e outro no braço onde eu levei um murro. O senhor baixinho se virou para mim com um sorriso, acho que ele não tinha esperanças de eu acordar.

- Que bom que você acordou. - Ele estendeu a mão para me comprimentar e eu retribuí - Bem-vindo a Vila, eu sou o médico, Marcos. Yelena achou o senhor largado na floresta e o trouxe para cá.

Estava enjoado e sem cabeça para entender tudo aquilo, então eu apenas levantei e comecei a procurar minha blusa.

- Eu agradeço o senhor pelos curativos, mas receio que não posso ficar por muito mais tempo.

Enquanto eu tentava colocar minha blusa e o médico tentava me impedir falando que eu iria arrancar o curativo, a porta da cabana se abriu.

A garota que eu havia visto na floresta estava ali, agora eu consegui ver mais que seus olhos escuros. Ela tinha longos cabelos castanhos, onde apenas duas mechas estavam presas para trás em um enfeite que mais tarde consegui ver, usava um vestido simples porém bonito, e seu semblante era encantador. Nunca havia visto tanta beleza em uma pessoa.

- Olá doutor, vim ver como vocês estavam - ela se virou para mim com um sorriso meigo, e tentei não deixar claro que eu estava sentindo um aperto no coração. - Eu sou a Yelena, te resgatei hoje à tarde na floresta. - Ela também estende a mão para mim e eu para ela. - O que fazia lá?

- Hum... Eu me chamo Ren, estava saindo de minha antiga vila.

O doutor que voltou a fazer suas coisas, deu uma risada cínica e falou:

- Nunca pensei que sair de uma vila seria tão sangrento. - O ignorei porque já estava ficando estressado, estava com fome e desconfortável naquele cômodo tão pequeno.

- Bem, vim ver se está com fome, podemos ir até a taverna para você poder comer algo. - Nem pensei duas vezes e sai com ela até a taverna.

Nessa noite, nós conversamos sobre qualquer coisa banal que passava por nossas mentes naquele momento, isso não fez a conversa ficar menos desinteressante, muito pelo contrário.

- Você tem quantos anos?- Yelena me perguntou e eu parei de comer meu sanduíche, estava parecendo um selvagem comendo.

- Vinte e um. - Não sabia muito bem como continuar a conversa - E você?

- Vinte e três.

Yelena conseguiu puxar a maioria dos nossos assuntos, por mais que a maioria fossem perguntas.

- Você pode ficar por aqui se não tiver um lugar para ficar, seria bom ter mais alguém na Vila para ajudar.

Não estava nos meus planos ficar por ali, mas ficar sozinho vagando pela floresta também não estava. Decidi ficar na Vila, talvez não fosse a melhor decisão posteriormente, pois cometi o maior erro da minha vida, me apaixonar.

Eu e a Yelena ficamos muito amigos, ela era divertida e sabia escutar, gostava da sua companhia e espero que ela também gostasse da minha.

RenegadosOnde histórias criam vida. Descubra agora