Prólogo

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7 de setembro de 2020- Londres

A palheta de cores fria e sem cor já tomava conta a maior parte de Londres, já se faziam 5 dias desde do início do outono. William odiava essa estação do ano, era como se toda vida e tudo que fazia aquela cidade ser menos monótona fosse sugado para um limbo cinza e sem vida. Will torcia o nariz enquanto cruzava a imponente Tower Bridge, a paisagem morta o deixava impaciente e ele tentava com todas suas forças focar na música que passava em seu fone de ouvido, talvez se esforçando o bastante para sua mãe não perguntar como ele se sentia mesmo já sabendo a resposta.

Vinte e cinco tortuosos minutos se passaram até o carro estacionar na frente do hospital, toda aquela rotina o deixava cansado e muitas vezes passava em sua cabeça largar tudo e ir aproveitar todos os doces prazeres que a vida tem a oferecer, mas Will não era corajoso o suficiente para isso, mais do que tudo, Will tinha medo de morrer. Ele nunca imaginou que aos 17 anos teria câncer e somente a possibilidade de morrer o deixava extremamente desconfortável. Ele tinha em mente que a morte é parte de um processo natural da vida, mas Will não a aceitava.

Em passos largos porém não tão apressados, William cruzou o hall de entrada do hospital, enquanto isso anotava mentalmente que a luz branca do hospital deixavam todos com aspectos de cadáver e quase soltou um leve sorriso enquanto pensava sobre isso. Após se sentar ao lado de sua mãe naquela sala fria de espera, Will movia seus dedos de forma ansiosa, era sempre a mesma tortura. Sua mãe o observava com um olhar sutil e que se analisado com atenção poderia se perceber que era um olhar quase que de pena. Uma voz já conhecida quebrou o silêncio que fazia naquela sala tirando Will de seus pensamentos tortuosos quase que instantaneamente. A enfermeira Bailey como sempre estava com um sorriso que poderia aquecer o coração de qualquer um. Ao ouvir seu nome Will caminhou em direção a Bailey enquanto sua mãe o acompanhava e quando chegou perto o bastante foi capturado em um abraço apertado de Bayley, já se faziam quase dois anos desde de se conheceram em um situação não tão agradável. Ao adentrar e se sentar de frente ao médico que o olhou quase o analisando repousou suas mãos em seu colo buscando algum tipo de conforto daquela situação.

Não demorou muito para o médico começar a explicar a atual condição de Will, ele fazia isso usando palavras complicadas o suficiente para que a cabeça de Will explodisse só de pensar na possibilidade de entender aquilo.

-William, após estudar bastante o seus novos exames percebemos que seu câncer está em outro orgão. Ele disse isso largando os papeis levemente sobre a mesa enquanto lançava seu olhar para Will.

-Ótimo, agora deixa eu ver se me lembro, é agora que você me diz que tenho que fazer mais uma cirurgia e depois me encher de remédios novamente?- Will questionou enquanto lançava um sorriso amarelo percebendo que aquela situação era quase um Deja Vu.

-Não Will, esse é diferente, ele estar em um local que não podemos operar e infelizmente após os exame percebemos que ele não reage aos remédio que temos disponíveis aqui. O doutor continuou a falar e novamente usou palavras complicadas, porém foi interrompido.

-Quanto tempo? Quanto tempo eu tenho? Will perguntou sentindo como se fosse desmoronar, ele quase mordia os lábios para tentar conter as lágrimas que já se acumulavam em seus olhos. Bailey o olhava com pena, seus olhos também estavam marejados porém ela se mantinha estática sobre o batente da porta, o tempo parecia ter congelado enquanto esperava a resposta do médico.

-1 ano e meio, 2 anos se tomar os remédios.

1 ano e meio, apenas 1 ano e meio. Essa frase ecoava em um loop na cabeça de Will. Que grande mudança poderia ocorrer em um período tão curto. O médico falava sobre as medidas que eles poderiam tomar para mante-lo confortável porém ele ignorou tudo isso e saiu daquele lugar que o sufocava e assim que o vento gelado da velha Londres o tocou no rosto as lagrimas que Will tanto segurou, se desprenderam de seus olhos como uma avalanche nos alpes.





-Por Todas as Primaveras.

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