Noah Urrea
A caminho da casa dos Cooper, minha cabeça ainda estava presa na sessão silenciosa de hoje. S/n tinha algo... difícil de descrever. Ela não era só introspectiva — ela era um labirinto trancado, e por algum motivo, eu queria entrar.
Assim que chegamos, Camila nos recebeu com um sorriso forçado. S/n não estava por perto, o que não me surpreendeu.
— Cadê a S/n? — minha mãe perguntou, arrumando o guardanapo no colo.
— Trancada no quarto. Emburrada — respondeu Camila, sem muita paciência.
Começamos a comer, e a noite parecia seguir tranquila... até o som dos passos dela ecoar pela escada. Olhei sem querer. Ela desceu com expressão séria, vestindo apenas seu silêncio e aquela intensidade no olhar. Quando nossos olhos se cruzaram, senti um frio estranho percorrer meu estômago.
— Oi, S/n, tudo bem? — minha mãe tentou ser simpática.
— Tudo — ela respondeu, fria.
— E a primeira sessão com o meu filho? — perguntou, sorrindo.
— Pra ser sincera, senhora Wendy, foi um tédio total.
— Bom, você não disse uma palavra e ainda me chamou de burro — falei, tentando manter o tom leve.
— E você não é? — retrucou, me encarando com ousadia.
Aquela menina era fogo puro.
— S/n, respeito! — ralhou Camila.
— Desculpa, mãe. Mas ainda não entendo por que me colocaram num terapeuta.
— Porque você precisa se abrir, filha. Se continuar assim, pode acabar afundando em algo mais sério. Não queremos isso — disse Camila, com firmeza.
— Mas vocês não me entendem.
— Talvez o Noah entenda...
— CHEGA! — gritou, e seu grito foi como um trovão no meio do jantar. — Ninguém nunca vai me ajudar! Parem de dizer que ele vai me ajudar! Ele não vai!
Antes que alguém pudesse reagir, ela correu escada acima, e tudo o que restou foi o silêncio amargo na sala.
Camila Cooper
— Eu nunca vi a S/n assim — murmurei, ainda surpresa.
— Nem eu — Pedro completou, sério.
— Vocês têm certeza de que ela quer fazer terapia? — perguntou Noah, com o olhar preocupado.
— Sim, Noah. Ela não era assim. Era doce... diferente. Alguma coisa mudou.
— Talvez ela esteja escondendo algo. Um trauma, uma dor que ela mesma não consegue nomear.
— Vou tentar falar com ela. Com mais calma desta vez...
— Tenta entender o lado dela — disse Noah. — Mas não pressione. Se ela sentir que está sendo forçada, vai se fechar ainda mais.
Depois do jantar, fui até o quarto dela. Bati na porta. Ouvi um "entra" sussurrado.
Ela estava deitada, o rosto virado, as lágrimas secando no travesseiro.
— Oh, meu amor... não fica assim. Tô aqui, de verdade. Quer conversar?
— Mãe, não tô com cabeça pra isso agora. Podemos deixar pra amanhã?
— Claro, minha princesa. Mas posso pedir uma coisa?
— Pode...
— Tenta fazer só mais uma sessão com o Noah. Só mais uma. Se não gostar, eu tiro você.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre o Silêncio e o Pecado
FanfictionPrólogo - Entre o Silêncio e o Pecado S/n Cooper, 17 anos, sempre viveu cercada por muros altos - muros invisíveis que ela mesma construiu para proteger seu coração. Calada, introspectiva, carregava em si cicatrizes que ninguém via, mas que gritavam...