IBIZA [Jesse Lingard]

1.

Quando decidi viajar para Ibiza eu já estava bêbado, não sei o que me deu, apenas senti que precisava sair do país, e Espanha foi o primeiro destino a aparecer na minha mente.

E não, não tinha chances de eu ficar em sã consciência novamente durante o vôo pois acabei gastando as horas de viagem de Manchester até Madrid bebendo mais um pouco.

Matt comentou sobre um festival em Ibiza e apenas deixei que me guiasse, não fiz perguntas, somente pedi mais algumas garrafas de vodka.

O caminho foi longo, mas o álcool no meu sangue impediu que eu notasse isso também.

- Onde está o Marcus? Ele sempre te acompanha, não?

Matt quebrou o silêncio que havia instalado o ambiente no caminho até a área VIP.

- Marcus vai casar e não tem mais tempo pra essas farras.

Eu estava bêbado e é sempre bom lembrar, mas uma coisa eu não estava: Surdo. A voz da tal cantora era angelical, apesar de eu não entender porra nenhuma pois estava em espanhol.

- Quem é essa que tá cantando?

Minha voz saiu enrolada e eu não preciso dizer o porquê, certo?

- Não faço ideia. Mas canta bem, não?

Dá área VIP eu tentava vê-la com mais clareza, mas foram atos falhos. Simplesmente estou apaixonado na sua voz, mas a bebida, ou os pingos de chuva me deixam sem saber como é o rosto da mesma.

Percebi que chegamos no fim do show quando algumas pessoas traduziram dizendo que a tal cantora estava se despedindo.

Minha intenção era conhecê-la, mas não sabia como.

Matt me guiou até um lugar coberto e finalmente larguei o álcool e parti para a água.

- Sabem onde tem um banheiro?

Dessa vez minha voz não saiu enrolada.

- Em uma das portas daquele corredor, é só olhar a plaquinha.

- Tudo bem.

Foi o que respondi, e estava tudo bem, porém, apesar de eu estar voltando ao normal aos poucos, minha visão estava uma merda, pelo menos pra letras, então apenas joguei na sorte a expectativa de encontrar um banheiro.

Assim que abri a porta rosa me assustei com uma garota praticamente seminua.

E não minto quando digo que a primeira coisa que meus olhos bateram não foram nas pernas expostas, mas sim no olhar surpreso.

- Me desculpe! Eu estava procurando o banheiro e acabei me perdendo! Mil perdões.

Eu não sentia mais o álcool no sangue, mas a minha voz saiu enrolada por puro nervosismo.