Capítulo único: Doces e travessuras

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Aziraphale era um anjo que estava na Terra há um bom tempo, e com o passar dos anos, descobriu o gosto dos seres humanos pelo sobrenatural. Era algo que chamava a atenção de muitos adultos e adolescentes, e geralmente de crianças também.

Em um dia trinta de outubro, ouviu dois adolescentes, um casal de irmãos que estavam em sua livraria, sobre qual fantasia iriam escolher para a noite seguinte, no Halloween.

De início, não se tocou sobre o que os dois estavam falando, mas logo se lembrou sobre a festividade e de várias vezes em que crianças e até mesmo adultos bateram em sua porta o fazendo escolher entre: “Doces ou travessuras”.

De repente, teve uma ideia. Poderia fazer algo diferente naquela época do ano para as crianças que frequentavam sua livraria...

Então ele pensou, e se eu contasse histórias de terror para as crianças?

Foi uma ideia realmente fantástica. Então o de cabelos loiros resolveu conversar com algumas crianças e seus pais. A ideia foi muito bem concebida, e então Aziraphale resolveu fazer acontecer.

Por mais muitos anos, o anjo continuou com aquilo, fazendo se tornar uma tradição. Em todas as noites de Halloween, ele decorava a livraria das mais variadas formas, e usava várias fantasias interessantes a cada ano. Em algumas dessas sessões de histórias, usou até mesmo um pouco de seus poderes angelicais para impressionar as crianças.

Mas isso já estava se tornando repetitivo. O loiro queria fazer algo diferente, que deixasse até a si mesmo de boca aberta.

Então, foi como se uma lâmpada se acendesse sobre sua cabeça. Na verdade, apenas queria fazer a única coisa que nunca fez no Halloween: assustar alguém.

Bem, ele tentara muitas e muitas vezes, mas era anjo demais pra isso. Fazia coisas simples, apenas para a diversão das crianças. Nada exagerado. Porém, ele teve vontade de tentar.

Iria chamar Crowley para o ajudar. Sim, eles eram inimigos naturais, mas isso não importava. O anjo não ligava. Até gostava da companhia do demônio.

Então, um dia antes da tão esperada noite de Halloween, Aziraphale ligou para Crowley.

— Crowley?

Hm... oi, Aziraphale — O som chiado da voz do ruivo entrou nos ouvidos de Aziraphale. Já era tarde da noite no momento em que o anjo ligara para o demônio.

— Boa noite, Crowley... bem, eu queria te perguntar uma coisa… o que vai fazer amanhã à noite? — O anjo estava um pouco incerto pela resposta do outro.

O demônio não era de concordar com tantas coisas que Aziraphale pedia para ele, pelo menos, ao ver do anjo. Preferia ficar dormindo ou fazendo qualquer outra coisa que não fosse boa.

Bem... não sei, anjo... roubar doce de criança, talvez?

— Ah, Crowley, pelo amor de Deus! — disse o loiro, indignado com a resposta. Uma risada abafada foi ouvida do outro lado da linha — Estou falando sério, o que vai fazer amanhã à noite?

O que você quer fazer?

— Você sabe que em todas as noites de Halloween eu leio histórias de terror para as crianças que vêm na livraria, certo?

Certo. E então?

Crowley já imaginava o que o anjo poderia pedir, e estava pronto para topar. Qualquer coisa era melhor do que ficar enfurnado em um apartamento enquanto todo mundo se divertia nas ruas.

— Estava pensando em fazer algo diferente esse ano. Sabe, mesmo contando histórias aterrorizantes sobre monstros e coisas do tipo, nunca assustei ninguém. Acho que seria divertido... e então, o que me diz? Você poderia me ajudar a assustar as crianças que virão amanhã? — A empolgação na voz do anjo era marcante. O demônio sorriu enquanto ouvia o outro falar. Na opinião dele, seria muito engraçado ver as caras de espanto das pobres criancinhas.

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