Capítulo Único

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Cada parte do meu corpo tremia com o frio que me submeti, ansiava desesperadamente por uma fonte de calor a altura. "Corra" minha cabeça me avisava, "Atrás de você" e meu desespero aumentou.

Meus movimentos eram desesperados e ansiosos, a neve caia sobre minha pele que tentava ao máximo se esquentar.

— Daphne — falou uma voz que fez meu âmago se contorcer em uma ansiedade angustiante —, apareça querida, eu só quero brincar um pouco.

Meu coração palpitava e meu cérebro tentava mandar minhas pernas se mexerem mais rápido, o medo me tomava e a vontade de vomitar vinha a tona. Tentei, em vão, controlar a minha respiração e apenas senti meus pulmões se retorcerem com o ar frio que os invadiu, senti que iria morrer nesse exato momento.

— Daphne querida — falou a voz com uma frieza etérea —, apareça! Sua mãe está no porão te esperando! — a menção da mulher morta que eu havia encontrado me fez finalmente conseguir correr em direção ao povoado mais próximo.

Tentei gritar por socorro porém, minha voz falhou a cada vez que abri a minha boca, lágrimas corriam de meus olhos desesperados por ajuda. Me senti traída por aquele que jurou me amar eternamente, amar com todo o seu ser. Me sinto uma presa prestes a ser pega por seu predador natural, ouvi os seus passos apressados cada vez mais perto e eu não tinha mais forças para correr rápido.

— Daphne? — falou uma voz idosa feminina que caminhava em minha frente — O que está fazendo aqui?

— Me ajuda por favor, por favor! — falo em uma medida desesperada — Ele está atrás de mim, ele quer me matar! — As lágrimas vieram à tona ainda mais violentamente

— Quem querida? — Perguntou e ouvi a ansiedade em sua voz

— Olívio! Ele está atrás de mim, me esconda, me ajude! — Gritei para a senhora em minha frente

— Daphne, querida — a voz do homem irradiou minha mente e me virei lentamente para vê-lo —, o que está fazendo aqui essa hora da noite? Estive tão preocupado... — sua voz tinha um ar de falsa preocupação e novamente um nó se formou em minha garganta.

— Fique longe de mim! — Avisei tentando demonstrar firmeza

— Querida? O que houve? Sou eu, seu amado Olívio — sua voz mostrava que estava prestes a chorar

— Daphne — falou a senhora em um murmuro —, corra — quando terminou de falar, o som de uma pistola acionada se espalhou pela floresta, espantando todos os animais daquela parte

— Menos uma testemunha. — Sorriu Olívio de forma sínica — Agora, querida, somos só eu e você — ele falou enquanto se aproximava e eu não consegui me mexer, estava em estado de choque, acabei de presenciar um crime, vi alguém que estava disposto a me ajudar morrer, e eu não pude fazer nada.

20 de outubro de 1856

Jovem é encontrada morta junto a sua mãe em chalé perto de pacato povoado. Fontes apontam que o principal suspeito é seu marido, já foragido da polícia por casos de homicídio, Olívio Rodrigues Neto. Caso encontrem com este homem, vá diretamente avisar as autoridades competentes.

30 de outubro de 1856

Corpo de idosa desaparecida é encontrado em floresta próxima do chalé em que ocorreu um caso de assassinato recentemente. Médicos forenses e detetives afirmam que ambos os casos têm correlação entre si e suspeitas apontam para o notório assassino e foragido da polícia, Olívio Rodrigues Neto. Avisamos novamente para que os senhores que o avista-lo, vão correndo avisar para as autoridades competentes.

O ChaléOnde histórias criam vida. Descubra agora