Chapter 1 - The Feels

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          Aquilo já começava a preocupar Anne, a deixava intrigada e ao mesmo tempo sufocada. A jovem não conseguia se lembrar desde quando isso começou, era como a mudança de estações, não se sabe ao certo quando realmente acontece, porque simplesmente acontece discreta e gradualmente.

          Anne passou a pensar que as sensações que tinha eram mais concretas e reais do que apenas a sua imaginação, mas só havia concluído isso depois de algumas semanas após o início disso tudo. Todos os dias tinha esses "sentimentos", ou como também chamava as vezes de "visões", algumas apareciam até em seus sonhos, e frequentemente apareciam aleatoriamente durante o dia. E mesmo que parecia que era apenas coisa de sua cabeça se pensasse em falar em voz alta com alguém, sentia que era de fato algo a mais, algo que nunca soube descrever.

          A jovem que era escritora, passara a trabalhar a pouco mais de um ano para uma editora consideravelmente famosa, também tentava usar todos aqueles diferentes sentimentos, ou visões - todos esses eventos recorrentes - como ideias para os seus trabalhos, mas acabava se distraindo ainda mais que o normal e por fim resolveu apenas dedicar um tempo além de seu trabalho, para descrever esses eventos, com todos os detalhes que conseguia, pois talvez assim aos poucos descobriria os significados de cada coisa que via e sentia.

~

          Passaram-se por volta de 6 meses desde o início disso tudo, e seu namorado, Do Hanse sabia em parte sobre isso, sobre esses eventos. O casal tinha o costume de contar muitas coisas, ainda que secretas, um para o outro, mas mesmo assim Anne sentia que não devia falar tanto sobre suas visões, com todos os detalhes, porque ela realmente acreditava que algumas dessas coisas o faria ficar imaginado que ela era doida ou que estava se deixando se levar pelas obras de ficção e universos longe da realidade. Outra coisa que ele não percebia ainda era o quanto sua namorada estava ficando cada vez mais ansiosa, pois ela tentava não deixar demonstrar tanto a sua inquietude e preocupação em relação àquele assunto, mas piorava a cada dia.

          O que ela viu durante todo esse tempo, era algo que definitivamente mexia muito com o seu coração, e ela não podia mais negar. Por isso queria fazer de tudo para entender o que realmente era essa trama melancólica e intensa, que permanecia em sua mente e que a traziam tantos questionamentos e inseguranças...

          Numa manhã quente de julho, Anne acordou um pouco atordoada por causa do barulho do despertador no criado ao lado de sua cama, e ao se sentar, pegar o celular e ao olhar a tela e ver que já havia passado das oito e meia da manhã, a garota quase que em um único pulo foi parar em seu banheiro para começar a se arrumar. Em vinte minutos ela já estava quase pronta, vestida com sua calça branca e fresquinha e uma regata preta, faltando apenas ajeitar seu cabelo e escolher um sapato, até que para sua surpresa vê em seu celular que estava recebendo uma ligação de seu namorado. 

 — Alô, amor, bom dia! - dizia Hanse sorrindo ao falar do outro lado da linha. -  Não esqueceu do nosso passeio não, né??

— Bom dia! - ela que havia se sentado no banquinho de sua penteadeira, de frente para o espelho agora tinha uma expressão confusa — Passeio? Numa quarta-feira de manhã? - Olhou para o calendário e viu que suas férias tinham começado exatamente nessa semana e deu um pequeno tapinha de raiva na mesa por ter se arrumado desesperadamente como se estivesse atrasada para o trabalho e ter esquecido completamente desse passeio, que haviam esperado tanto para que finalmente chegasse o dia. — Amor! Eu acordei tão desnorteada porque pensei que estava atrasada para ir ao studio, que acabei esquecendo a exposição que vamos hoje, me desculpa, huh? 

— Tudo bem Anne-ssi, sabia muito bem que a senhorita ama tanto seu trabalho que poderia se esquecer de mim, então eu te lembrei - Anne sabia que seu namorado era compreensível e que a ajudava — É esse o motivo dessa ligação, bobinha~ - e ele também não era de ficar bravo tão fácil, levando algumas coisas na brincadeira. 

          A jovem mulher agora se encontrava fazendo um biquinho, essa não era a primeira vez que isso acontecia e ela se xingou baixinho por ter esquecido de algo assim. 

— Pode desmanchar esse biquinho, meu amor, eu estava brincando, sei que você é muito dedicada ao trabalho, e está realmente tudo bem, okay? - ele falou com propriedade, já que  conhecia Anne a um bom tempo para saber alguns de seus costumes. 

— Não sei se amo ou odeio o tanto que você me conhece... Ou eu sou tão previsível assim? - falou ela, fazendo a si mesma e ao seu namorado rir de leve. Mas depois de deixar Hanse murmurando sozinho e orgulhoso sobre o quanto que ele a conhecia, ela logo voltou a aplicar um pouco mais do seu hidratante labial preferido, o que deixava sua boca com um tom avermelhado e com cheirinho de cereja. — De qualquer forma estou quase pronta, podemos nos encontrar ás nove e vinte na cafeteria perto da sua casa? - perguntou para já adiantar o assunto e ir direto ao ponto que era sair logo de seu apartamento que se encontrava tão abafado. 

—  Mas amor, eu estou saindo agora do escritório, tirei o dia de folga mas só vim deixar uns documentos aqui, então se quiser eu passo aí pra te buscar, pode ser? - De fato dava para ouvir os sons do carro dele sendo aberto, e ele sair do estacionamento. 

— Claro! Seria perfeito Sr. Do! - respondeu Anne com o tom de animação e de mais correria pois em cinco minutos deveria estar pronta e ter descido os quatro lances de escada, já que a empresa era bem pertinho de sua casa, então precisava se apressar um pouco. — Obrigada, Hanse! - disse apenas e após ouvir um "Uhmm, claro" de resposta desligou o telefone. 

          Exatamente quinze minutos depois, ou quase isso, estavam ambos sentados no café no qual iam juntos frequentemente e que mal sabia Anne, que também era o lugar onde alguém que marcaria não só seu dia, mas sua vida, passaria - aparentemente - pela primeira vez por seus olhos.     

Losing you (Sempre foi você)Onde histórias criam vida. Descubra agora