Dor da perda.

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Meramente...

O caos era habitual dentro de mim, criando mil monstros em meu próprio interior. E eu lutava para combater isso? Talvez.

Como descrever a sensação de perda? Algo doloroso que corrói a alma, ou corrói seu emocional? A sua dependência. Eu sentia que perdi tudo, meu mundo, o chão onde piso, e isso me faria querer continuar viva? Eu seria fraca em desistir? Qual o sentido da vida, se você não consegue mais ter aquilo que tanto amava? Algo impossível de se reconquistar outra vez, toda a minha família se foi.

— Senhorita SunHee, tem alguém que quer lhe visitar. - A Enfermeira Hwang informou, fazendo-me soltar um suspiro frustrado.

— Diga que não quero ver ninguém. - Protestei.

— Senhorita... é alguém importante, fará bem a você, a vocês.

Quem de tão importante poderia ser? Eu perdi todas as pessoas que mais me amavam, e que eu mais vos amava, não resta nada além deste vasto quarto, num hospital psiquiátrico, sendo tratada com anti depressivos fortes e analgésicos.

Apenas assenti sem ânimo algum, Hwang saiu do quarto, avisando-me para esperar um pouco. 

— Olá. - Uma voz rouca e muito bem familiar, se faz presente em meus ouvidos, fazendo-me levantar a cabeça, com a minha atenção até a porta, onde o avistei ali, parado, com uma máscara preta, cobrindo até a metade de seu rosto, e um boné da mesma cor, como o de costume.

Hm... oi. - Sorri fraco, brincando com meus dedos, ouvia os passos se aproximarem, até o lado direito da minha cama afundar, sentindo a presença dele. — Por que veio até aqui? - Indaguei.

— Não é óbvio? Vim ver você. - Simples e direto. — Acho que apenas não parei no mesmo local que você, pela insistência de meus pais, mesmo de longe, eles ainda controlam bastante minha vida. - Ele ri soprado, sem nenhum pingo de humor.

— Pelo menos você ainda os tem. - Falei. — Ainda tem pais para controlar sua vida. - Ele não disse uma palavra, seu olhar estava caído sobre mim, e então, Min se remexeu um pouco, levando sua destra até minha mão, acariciando a palma.

— Sinto muito. - Lastimou. — Você é importante pra mim, sabe, não é? Jimin ficaria contente em ver-me cuidando de ti. Seus pais também. - Olhei em sua face, fixando-me em seus olhos, a única parte exposta de seu rosto.

— O que? Quer cuidar de mim apenas em memória deles? Não preciso de caridade, Min Yoongi. - Falei ríspida, Yoongi bufou.

— Você nunca deixará de ser teimosa? Sou seu amigo também, lhe conheço desde criança. - Comenta, fazendo-me rir fechado.

— Yoongi, vamos ser sinceros, você sempre implicou comigo. - E era verdade, Min vivia frequentando minha casa, ele e meu irmão eram inseparáveis, os dois se juntavam para zoar da pequena SunHee, que corria atrás deles como uma criança histérica.

— Ok, vai me dizer que não gostava? Nos divertíamos correndo de você, seus tapas são dolorosos. - Ele riu, pela primeira vez, consegui soltar um sorriso ao recordar essas lembranças. — SunHee, não é caridade, eu e você somos jovens adultos, e sinceramente, eu não quero lhe ver trancafiada aqui dentro. - O melhor amigo do meu irmão diz.

— Yoongi, eu não sairei daqui sem algum maior de idade para certificar de que eu estou tomando os remédios direito, e você sabe, eu odeio tomar essas porcarias. - Explico. — Sem contar que, não voltarei para casa, de jeito nenhum.

— Eu posso. - Pausou sua fala. — Eu posso tirar você daqui, sabes que eu moro sozinho, vocês eram meus únicos amigos, minha segunda família, tem sido muito difícil.

— Min, você não vai querer uma dependente de remédios morando no seu apartamento minúsculo. - Tento desfazer sua ideia inapropriada, Yoongi é um cara legal, e eu sei que ele está tão machucado quanto eu, mas estar ao seu lado, me faz lembrar deles, me faz lembrar de Jimin, meu irmão e melhor amigo, eu tenho certeza, que também o faço lembrar dele.

— Somos dois ferrados psicologicamente, Park SunHee. - Ele afirma. — Eu preciso, eu preciso ter contato com você, por favor, não me afaste da única pessoa que sobrou daquela tragédia. Sei que sou uma pessoa com muitos problemas, que tem a personalidade completamente diferente da sua, e que mais brigamos do que conversamos, mas você sempre vai ser a irmã chata do meu melhor amigo. - Sua mão vem de encontro ao meu cabelo, bagunçando os fios com um carinho, seu toque me faz querer mais, querer um abraço, eu quero abraçar a essência que tem nele, talvez abraçá-lo, faça suprir a falta de meu irmão? Faça passar apenas um pouco da vontade de abraçar Park Jimin novamente?

— Se quer um abraço, peça. Eu sei que precisa, eu também preciso. - Yoongi diz, eu fito seus olhos brilhantes, sem saber se ela pela luz ou choro contido, mas vejo o universo inteiro ali dentro.

— Obrigada. - Me aproximo de seu corpo, sentindo seus braços envolverem-se ao meu redor, aparto-me contra seu corpo, sentindo o calor dele, um abraço quente e necessário, eu queria chorar, queria deixar que todas as minhas lágrimas angustiosas caíssem.

— Desculpe... o horário de visitas acabou. - Uma enfermeira novata alerta, ainda não sei seu nome, minha miopia me impede de ler o que está escrito em seu crachá, então apenas me afasto de Min Yoongi, assentindo e enxugando um pouco das gotas salgadas que teimosamente, caíram sob minha face.

— Eu vou levá-la.

O que estão achando? Continua? Essa é minha primeira obra e eu confesso estar muito ansiosa!💗

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2022 ⏰

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"Porque você roubou meu coração" - MYOnde histórias criam vida. Descubra agora