UM

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É sábado à noite e por incrível que pareça, estou sem nenhuma vontade de sair.

É desgastante demais conciliar os estudos da faculdade, os treinos e os jogos do time de futebol americano, e ainda ter uma vida social bastante agitada. É sofrido demais.

Tudo bem que a gente se diverte pra caramba, mas não deixa de cansar.

Estou largado na minha cama jogando um maldito viciante jogo de aplicativo, há pelo menos uma hora, direto.

— Qual o seu problema dobe? O namorado te deu o fora? – disse Sasuke, saindo do banheiro, mega produzido. Vai farrear como sempre.

O engraçado é que ele é quieto, fechadão, mal encarado, mas não consegue ficar quieto no apartamento. Toda vez quer sair pra algum lugar. Eu nunca o entendi totalmente, mesmo convivendo com ele todos os semestres da faculdade. Ele é meu colega de quarto, de turma, de time e a famosa pedra no meu sapato, mas é um cara legal.

Tá, admito que ele é meu melhor amigo e gosto dele mas vou continuar fingindo que não.

— Já disse que estou esperando você mozão – digo e sorrio da expressão sombria que ele me lança, junto com o dedo do meio. Ele odeia quando faço isso, mas é sempre ele quem começa – Vai onde, teme?

— Há uma festa.

— Onde?

— Interessa? Você disse que estava desgastando a falsa beleza em festas demais.

— Ô chatice ambulante, não vai pegar ninguém azedo assim.

— De novo, interessa?

— Palhaço. Posso pegar uma carona com você até o alojamento do Shikamaru? Ele vai dar uma "festa" – digo, fazendo o sinal de aspas com as mãos e ele esboça um quase sorriso, entendendo.

Shikamaru é um dos alunos mais centrados da faculdade e é um dos auxiliares do técnico do time.

O garoto é um gênio nato e tem melhorado muito a qualidade do time, mas até onde eu sei, ele odeia festas. Em três anos de faculdade, é a primeira festa que eu tenho conhecimento de que ele próprio vai patrocinar. Não falo muito com o cara, mas... sei la, a curiosidade é maior.

— Soube que o novo supervisor do prédio dele é um nazista completo. Patrulha os corredores e faz batidas aleatórias nos quartos. Sem brincadeira, não sei o que deu no Shikamaru, ele nem gosta dessas coisas.

— Já esteve lá?

— Que diabos eu ia fazer no alojamento do Shikamaru? Nem sei onde é. Você sabe?

— Ele mandou uma msg com o endereço, mas eu apaguei. Acho que fica literalmente do outro lado do campus. Você vai na festa daquela fraternidade nova, ou não? É por lá.

— Se sabe pra onde eu vou por que estava me perguntado?

— Vai me dar uma carona ou tem algum problema?

— Vem logo. Já estou saindo.

— Me dá dez minutos.

— Estou saindo. Se não estiver do meu lado quando eu der partida, pode esquecer – diz, saindo pela porta.

Retiro o que eu disse, odeio esse cara.

Levanto rápido, corro até o banheiro e dou uma geral. Agarro a jaqueta do time que estava em uma cadeira e corro atrás do Sasuke.

Preciso pegar logo meu carro na oficina.

Mais ou menos vinte minutos depois, estou no corredor do Shikamaru, eu acho. O lugar está tão quieto que fico quase deprimido.

Dias AssimOnde histórias criam vida. Descubra agora