Capítulo 2 - A Carta

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  Cansado de tanto andar, Harry se sentou na calçada e colocou a cabeça entre as pernas imaginando a merda que acabara de fazer. Sendo menor de idade, com toda a certeza seria expulso por ter feito magia fora de Hogwarts. A esta hora o Ministério da Magia já deveria estar a par do que havia acontecido na casa dos Dursley, e o Ministro da Magia (Cornélio Fudge), já  deveria estar redigindo sua carta de expulsão.

  Exasperado, Harry se levantou e ficou andando de um lado para o outro imaginando o que iria fazer; quando percebeu uma sombra escura em um arbusto logo atrás dele. Parecia algo muito grande, com olhos enormes e brilhantes. 

  Assustado, Harry deu alguns passos para trás, se desequilibrou e acabou caindo. Ao bater no chão sua cicatriz começou a latejar e ele sentiu a visão embaçar aos poucos. Logo o mesmo não via absolutamente nada.

   ~•°•~

  Quando acordou, Harry estava em um ônibus que sacolejava para todos os lados. Ainda com a cicatriz dolorida ele se sentou com a mão na testa. Alguém falou um pouco ao longe do mesmo:

  - Como está se sentindo? - Um garoto alto com aparência de dezoito, dezenove anos, muitas espinhas no rosto, orelhas grandes e uniforme roxo estava o encarando de longe.

  - Quem é você? Onde eu estou? 

  - Bem vindo ao Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Meu nome é Stanislau Shunpike, Lalau. Te encontramos caído no meio da Rua Magnólia. Quase te atropelamos, e como você estava de mala e cuia tiramos a conclusão de que você precisava de um transporte. - Harry fez seu máximo para encaixar as falas de Lalau nos acontecimentos anteriores.

  - Quanto custaria me levar até Londres? - Harry finalmente falou depois de um momento de silêncio.
  
  - Onze sicles, mais por catorze você ganha chocolate quente e por quinze um saco de água quente e uma escova de dentes da cor que você quiser. - O jovem espinhento estendeu a mão aberta para o garoto de cabelos negros.

  Harry se levantou e seguiu até seu malão, remexeu em suas coisas, pegou sua bolsa de dinheiro e colocou um ourinho na mão de Lalau:

  - Qual é o seu nome? Porque estava caído no meio da rua? - Lalau começou a encarar o mesmo, e Harry nervoso se pôs a esconder sua cicatriz. 

  - Meu nome é... Neville. - Harry disse o primeiro nome que veio a mente.

  - Olá, garoto Neville. Por que estava caído na rua? - Disse Lalau, meio que desconfiando do garoto.

  - Eu só tropecei e caí. Nada demais. - Harry se encolheu um pouco para esconder um pouco mais da cicatriz e preservar sua real identidade.
 
  - Você não parece ser de falar muito. Vou deixar você quietinho.

  Lalau se afastou alguns passos e sentou-se em sua poltrona ao lado do motorista. Logo ele começou a soltar algumas exclamações enquanto lia uma notícia:

  - Não acredito que Sirius Black ainda está a solta por aí!! - Gritou Lalau.

  Harry se recordou de ter ouvido esse nome na TV no dia que tio Valter avisara a todos na casa sobre a visita de tia Guida; curioso se levantou e foi em direção ao jornal que Lalau lia:

  - Quer ler também, Neville?

  - Quero. - Lalau entregou o jornal a Harry que leu a notícia.

  BLACK AINDA FORAGIDO

  Sirius Black, provavelmente o condenado de pior fama já preso na fortaleza de Azkaban, continua a escapar da polícia, confirmou hoje o Ministério da Magia.
"Estamos fazendo todo o possível para recapturar Black", disse o Ministro da Magia, Cornélio Fudge, ouvido esta amanhã, "e pedimos à comunidade mágica que se mantenha calma."
  Fudge tem sido criticado por alguns membros  da Federação Internacional de Bruxos por ter comunicado a crise ao Primeiro Ministro dos Trouxas.
  "Bem, na realidade, eu tinha que fazer isso ou vocês não sabem?", comentou Fudge, irritado. "Black é doido. É um perigo para qualquer pessoa que o aborreça, seja Bruxo ou Trouxa. O Primeiro - Ministro me garantiu que não revelará a verdadeira identidade de Black. E vamos admitir - quem iria acreditar se ele revelasse?"
  Enquanto os trouxas foram informados apenas de que Black estaria armado (com uma espécie de varinha de metal que os Bruxos usam para matar uns aos outros), a Comunidade Mágica vive no temor de um massacre, como o que ocorreu há doze anos, quando Black matou treze pessoas com um único feitiço.

Harry Potter e a Poção do InversoOnde histórias criam vida. Descubra agora