Nos últimos anos eu tenho vivenciado uma felicidade inexplicável, mas nos últimos dias ela tem estado ausente, os dias tem sido mais escuros e sem nenhum brilho. Não consigo me imaginar longe de Luiza, não conseguiria, não aguentaria ficar sem ela, sem seus abraços, seus beijos, seus conselhos sábios sempre que eu me encontrava inseguro sobre alguma coisa, não suportaria nem sequer a possibilidade de viver sem aquela mulher que foi a única que conquistou meu coração.
As paredes deste gabinete tem sido as ouvintes de minhas tristezas. Aqui, sabendo que ninguém vai ouvir nada, eu simplesmente desabafo, coloco para fora todos os meus sentimentos sem medo. Depois do casamento de minhas filhas, que por sinal não está longe ela vai embora, confesso que não consegui olhar nos olhos dela quando veio se despedir de minhas filhas e de todos aqui, inclusive de mim em um momento mais particular aqui mesmo em meu gabinete.
As palavras dela ficam rodeando minha cabeça. "Nós terminamos aqui", "É melhor que a gente coloque um ponto final nessa história", "eu sempre serei sua amiga"... Eu não queria só sua amizade, eu queria seu amor, eu quero seu amor e sei que tenho, mas do que adianta se ela vai embora? Se vai me deixar aqui desconsolado e com o coração partido em mil pedaços? Não adianta nada.
Não posso permitir que ela vá, eu sei que ela está sofrendo tanto quanto eu, mas eu também sei que não é não afastando que tudo vai se resolver, precisamos enfrentar tudo isso juntos, assim como fizemos durante todos esses oito anos.
•No dia seguinte por volta das oito da noite Pedro chegou a casa da Condessa, ele bateu na porta e não demorou para que Luiza abrisse.
Luiza: Pedro, o que faz aqui? Você não pode fazer isso, eu vou embora amanhã e nós... Nós não temos mais nada sobre o que conversar! - Ela fala com um tom determinado, mas que por trás carregava muito sofrimento e tristeza.
Pedro: Deixa eu entrar, por favor? - Falo aquelas palavras em uma súplica.
Luiza: Entra!
Pedro: Primeiro eu quero pedir que por favor, não fique me lembrando que você vai embora e muito menos que terminamos, que você terminou comigo! - Lágrimas se formam em meus olhos com rapidez e sei que não conseguirei controlá-las.
Luiza: Pedro, por favor...
Pedro: Luiza, eu preciso falar o que eu estou sentindo, me escuta, por favor me escuta. - Peço sentindo minha voz falhar. - Eu não vou conseguir viver sem você, a mulher que me ensinou o que é o amor, a pessoa responsável por eu ter descoberto uma felicidade que eu nunca saberia o que era antes de você. Não posso viver sem seu carinho, seus beijos, seus conselhos, sem você. Eu te amo, te amo e minha vontade é de gritar isso para quem quiser ouvir, cada canto daquela Quinta lembra você, parece que o ar roubou o seu cheiro, em mim está seu cheiro... - Me aproximo mais dela no sofá e pego suas mãos e ela não hesita. - Não vai, você sabe que não quer ir, sabe que me ama tão profundamente como eu a você. Eugênio já permitiu que Dominique venha para o Brasil e o garoto quer conhecer aqui. E você, eu sei que você não quer ir, mas o que te impede de ficar? - Falo enxugando algumas lágrimas.
•Luiza estava muito emocionada com todas aquelas confissões. Seus olhos insistiam em deixar lágrimas despencaram deles. Ela não falou nada, era como se estivesse pensando em como falar ou no quê falar. Pedro passou a mão pelo seu rosto e repetiu a pergunta.
Pedro: O que te impede de ficar meu amor?
Luiza: Eu tenho medo! Durante oito anos nós vivemos o nosso amor, mas e agora? Sempre tive medo mas agora ele é maior. Isabel e Leopoldina se casam em breve, como nós poderíamos continuar nossa relação? Eu não seria mais preceptora delas, minhas obrigações com a família real estariam sendo encerradas. Eugênio está na França e eu não teria mais nenhum motivo para ficar no Brasil. O que todos iriam pensar se eu ficasse? E se eu ficasse e descobrissem sobre a gente, o que todos iam falar de você e da sua família?