Bom, pelo jeito eu amo muito o A-Yao, não é nenhum sacrifício escrever fics dele e claro que não deixaria ele de fora nessa data.
Me desculpem desde já por qualquer erro e boa leitura ~🎃✨
Ficar adormecida num caixão por tanto tempo era, sem sombra de dúvidas, entorpecedor.
Meng Yao gostava do dia, de poder ver a luz do sol, amava tons de amarelo e era a única pessoa de sua família que se vestia com luz onde só reinava trevas.
Ela não era de um todo rebelde, pois valorizava seu legado, nunca negaria quem é: uma vampira.
Não era como se ela saísse exibindo as presas ou perambulando com um cálice de sangue em mãos, deixando um rastro de corpos murchos para atrás. Simplesmente, se perguntassem, ela confirmaria.
Porém, apesar de todas as suas vantagens, a maior desvantagem em ser quem era estava dentro de seu coração.
Os vampiros de sua linhagem eram conhecidos pela intensidade ardente de suas paixões e pela frequência com que aconteciam - seu pai que o diga, pois era um monstro diferente entrando na casa à cada década.
E, diferente de si, o resto da família vivia todas as noites do ano como noites comuns de forma diária, dia após dia. O problema foi que, por se negar depois de tanto tempo a abdicar seu primeiro amor para poder buscar um novo, Meng Yao foi levada até o castelo de uma bruxa e amaldiçoada para que dormisse por três séculos.
Cada século em seu caixão era para que desistisse de seu sentimento por Xue Yang, porém, ao ficar imersa em seu subconsciente, sua doce paixão apenas se fortalecia pela ansiedade recíproca da espera.
Aquilo era tão único, não seria fácil ou sequer possível que alguns anos conseguissem separá-las.
A maldição, também, foi jogada para que Xue Yang desistisse daquele amor por precisar esperar tantos anos por Meng Yao.
Fosse encarnada ou em seu espectro fantasmagórico, cada batida de seu coração cristalino era inteiramente dedicada à Meng Yao e cada respirar de sua alma era uma prova de sua devoção para com a outra.
Aquela era uma conexão especial que nem a madeira mais rígida de um caixão ou as camadas mais densas da carne humana seriam capazes de romper.
Incrivelmente, o tempo de três séculos sempre caía em época de Halloween. Foi por isso que Xue Yang passou a dedicar a festa à Meng Yao, quase como se fosse uma comemoração de aniversário.
Eram horas de espera em pontes rodeadas por árvores floríferas quando o dia 30 de outubro chegava, podendo ver um lago translúcido guiar alguns peixes coloridos em sua passagem debaixo da ponte.
Muito embora Meng Yao sempre aparecesse por volta da meia-noite para o dia 31, Xue Yang sempre tinha o pressentimento de que, talvez, ela fosse chegar, milagrosamente, antes.
Sempre que a esperava demais, Xue Yang se emburrava e começava a devorar todos os doces que conseguia arranjar pela cidade dos mortais. Levada pela ansiedade, a fantasma sempre pensava em como os dias, às vezes, pareciam que nunca iriam acabar.
Porém, toda sua chateação e angústia eram deixados de lado quando olhava para a lua sobre as árvores e avistava uma sombra diferente se movimentar num bater de asas em sua direção.
Transformada em morcego, era como Meng Yao gostava de chegar até Xue Yang. Sempre se certificava de pôr um laço amarelo em sua orelha esquerda ao sair de casa, pois assim poderia ser identificada e diferenciada dos outros bichanos - por mais que Xue Yang jurasse que nunca a confundiria com um morcego qualquer.
Sempre que estava perto de pousar, Meng Yao fazia questão de se destransformar instantes antes e cair na noite fria de outono, diretamente nos braços de Xue Yang, que apesar de ser transparente, era mais materializada do que se suponhavam os mortais.
Enquanto beijar uma vampira era desconfortavelmente prazeroso pelas presinhas que sempre terminavam por darem as caras e vez ou outra perfurá-la, beijar uma fantasma também era igualmente desconfortavelmente prazeroso pelo fato de serem lábios tão suaves e gélidos quanto uma fumaça de inverno que sempre davam uma impressão de que se dissipariam à qualquer momento, mas sempre permaneciam ali.
Enquanto para Xue Yang era muito fácil fazer o mínimo sangue que Meng Yao guardava no corpo subir para as bochechas, para a outra era uma tarefa árdua.
Xue Yang não sentia vergonha com tanta facilidade, mas quando acontecia, Meng Yao comemorava o milagre beijando as bochechas em tom de azul-ciano que coloriam o espectro facial de sua amada.
Eram noites de risos e amor sob o mesmo luar que tantos outros casais já testemunhara.
Xue Yang acreditava que a Lua gostava delas, pois sempre crescia e perdurava nos auges de seus sentimentos, permitindo que a noite durasse mais que o esperado.
Porém, mesmo com todo o amor latente em suas almas, uma hora aquilo tinha que acabar, pois seria injustiça ultrapassar o tempo do Sol.
Meng Yao gostaria de um dia poder assistir o nascer do infame e belo Sol naquela mesma ponte com Xue Yang, mas sabia que nunca aconteceria, pois além de precisar quebrar a maldição para isto, seria facilmente reduzida à cinzas caso fosse exposta a seus graciosos e potentes raios luminosos.
Assim, foi preciso que mais uma última despedida fosse feita antes do amanhecer.
Conforme se despediam, o coração de Meng Yao se enchia de angústia. Ela gostaria de ficar, pelo menos por parte de seu coração, mas seu corpo precisava estar em seu caixão.
Ao ver Meng Yao em sua forma de morcego distanciar-se aos últimos brilhos prateados do luar, Xue Yang entristecia sua alma conforme a Lua chorava suas últimas lágrimas esbranquiçadas no horizonte.
Apesar de estar sofrendo, ela ainda permanecia como o fantasma que sondava dia e noite a ponte, fosse por mais três séculos ou milênios.
Xue Yang permaneceria alí por toda a eternidade, incansavelmente, até os próximos Halloweens em que a dona de seu coração retornasse para si.
Fim.
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Rises The Moon | XueYao
FanfictionHá cada 300 anos, em uma noite de Halloween, Meng Yao despertava de seu caixão e buscava por sua amada Xue Yang, a fantasma que para todo o sempre estaria à sua espera, mesmo depois de tantas despedidas ao amanhecer. || Angust!Fic | Fluffy | Female...