OITO

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Quando acordo, a chuva já parou, e Miles continua deitado atrás de mim, os braços ao redor da minha cintura. Esse dia não podia ficar melhor. 

Com um resmungo, Miles se mexe e me solta. Ele esfrega o olho um pouco, meio sonolento. Com uma voz  rouca - e muito sexy - ele diz:

-Há quanto tempo eu estou aqui?

Olho no relógio sobre a mesinha de centro. 

-Uma hora. 

Miles resmunga de novo, e beijando minha bochecha, ele senta no sofá. Eu faço o mesmo.

-Quer ir à Hogsmeade?- o convido, bocejando. 

-Claro- ele também boceja, e de repente, me dá uma vontade louca de beijá-lo. Mas eu me controlo. 

-Certo, vou me arrumar e te encontro em 10 minutos aqui em frente à comunal, ok? 

-Ok. 

Miles me dá um selinho e se espreguiça, antes de levantar e sair da comunal da grifinória pelo buraco do quadro. Depois disso, volto para o dormitório, que ainda está cheio. Vou até a minha cama, tiro meu malão dali de baixo e tiro dele uma calça de moletom cinza e uma camiseta preta marmorizada. Visto as roupas ali mesmo, ajeito o cabelo - sem muita referência de como ele está, já que não tenho um espelho - e vou até o banheiro. Escovo meus dentes, ajeito meu cabelo de novo e saio. Pego um tênis na mala e volto-a para baixo da cama, empurrando-a com o pé. 

Sentado numa poltrona da comunal, calço meu sapato e saio dali, indo a caminho do meu local de encontro com Miles. 

Olha, eu sei que eu dei mais tempo do que achei que seria necessário, mas ainda assim fico surpreso quando vejo Miles, com as mãos no bolso do sobretudo, me esperando encostado na parede, ao lado do quadro da comunal. 

Sorrio enquanto me aproximo. 

-Está aqui há muito tempo? 

-Não muito- ele dá de ombros. 

Entrelaçando seu braço com o meu, Miles ase vira para mim e pergunta:

-Bom, como você pretende chegar em Hogsmeade? 

-Por aqui- o puxo até a estátua da bruxa corcunda. 

Quando abro a passagem, Miles me olha boquiaberto, mas me segue quando entro ali. A porta se fecha, e eu puxo minha varinha, murmurando um feitiço para iluminar o lugar. 

Em silêncio, seguimos a trilha estreita, até chegarmos no saguão da Dedos de Mel. Certificando-me de que não há ninguém ali, abro o alçapão e saio do túnel, me esgueirando até o lado do fora da loja. 

-Moony? Oi- levanto as sobrancelhas ao ver Remus na porta da loja quando nos aproximamos da saída. Qual a probabilidade de nos encontrarmos duas vezes em dois lugares diferentes mas no mesmo dia? 

-Ah, oi. 

Só me lembro que Miles está ali comigo quando ele diz:

-Eu, hm, vou comprar uns sapos de chocolate. Já venho- e com um selinho, ele se despede de mim, desaparecendo na multidão da loja atrás de chocolates. 

-Bom, eu...- começo a dizer, mas Remus me interrompe. 

-Vocês estão me matando

-O que?!- franzo o cenho em indignação. 

-Vocês dois. Você está todo gayzinho aí, andando com o "Miles"- ele enfatiza as aspas com os dedos- pra lá e pra cá. E eu?

-Remus, foi você que quis terminar- eu cerro meus olhos em sua direção, praticamente rangendo os dentes. 

-Eu? Fui eu? Você jura, Sirius? 

-Por Deus, Remus. O que você quer que eu diga?!- furioso, abro os braços e depois os cruzo sobre o peito. 

-Eu sei lá!- Remus grita, e eu sinto meus olhos se encherem de lágrimas e meu rosto pegar fogo de ódio. 

-Era você- eu grito, mas respiro fundo e abaixo o tom de voz, prosseguindo:- Era você que não queria me assumir. Eu lutei por você, de verdade, mas eu não vou me privar de uma vida com alguém que eu amo por sua causa. 

-Então você ama o Miles?- ele ri em deboche, levantando as sobrancelhas e cruzando os braços.- Sabe qual é o seu problema, Sirius? Você só pensa em si mesmo.

-Ah, claro- e não consigo me conter, permitindo que uma lágrima escorra pela minha bochecha.- Eu sou o egoísta aqui. E o que você quer que eu faça?- descruzo os braços, cedendo à pressão. Não por fraqueza, mas porque eu estou exausto de falar sobre isso. 

-Não sei. Talvez, parar de pensar só na sua dor e me dar outra chance? 

-Eu segui em frente, Remus, e se isso significa que eu sou egoísta, eu sinto muito, mas não vou mudar isso. Com licença- e com isso, deixo Remus ali, plantado, enquanto vou até o caixa da Dedos de Mel à procura de Miles. 

Encontro-o na fila do caixa, esperando para pagar pelas compras. Abraço-o por trás, dando - sem querer - um sustinho nele, mas ao ver que era eu quem o abraçava, ele se recompôs. 

-Oi. Você tá bem?- Miles me pergunta. 

-Tô, tô sim- fungo um pouco, tentando sorrir com o rosto enterrado em suas costas. 

-Tem certeza? Deu pra ouvir vocês daqui. 

-Argh- suspiro.- Não quero falar sobre isso. 

-Tudo bem. Ei, você conhece um jeito de sair daqui sem pagar?- ele ri, e eu percebo que foi uma brincadeira, mas o pior é que eu conheço. 

-Me segue- e assim, fugimos da loja, com todos aquele doces nas mãos, sem termos sequer pagado pelas compras. 

Wolfstar- Juntos do começo ao fim...Onde histórias criam vida. Descubra agora