Um escritor, levemente pensativo 💻

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É oficial. Eu desisto de escrever. Não dá certo, nada vai como eu planejei, está tudo uma bagunça.

No meu escritório só se vê papeis jogados por todos os lados, com ideias, desenvolvimentos sem sentido e anotações sobre o que fazer. Mas eu não consigo, eu já aceitei o fato de que sou um escritor fracassado e que não vou conseguir escrever mais alguma coisa,

Já ouvi todas as minhas playlists para escrever, eu empaco sempre! isso é um saco, e há quem diga. Ser escritor não é fácil, eu vivo com dores de cabeça, dores nos dedos de tanto digitar e as vezes sonho acordado. Bom, eu amo o que faço, mas o reconhecimento as vezes não vem o tanto para cobrir a raiva que passo. Mas eu tenho uma forma de inspiração que nunca falha.

Meu marido. Quero dizer, agora mesmo ele está na nossa cidade natal fechando negócios para abrir mais uma empresa que ele quer muito, onde vai abranger todo o seu mercado de trabalho. Eu estou esperando ele, engraçado dizer que eu estou esperando, na verdade eu estou sentado na privada do nosso banheiro chorando por ser um completo desastre para exercer minha profissão.

Estive tanto tempo dando entrevistas que eu não consegui pensar no meu próximo, agora estão todos os meus fãs esperando algo de mim, o que me deixa sinceramente cansado. Mas meu maior desafio no momento é: Como parar de chorar.

Eu estou chorando no banheiro a quase uma hora, quando eu paro de chorar, eu fico parado pensando nas minhas escolhas de vida e volto a chorar. Sim, eu sei, se algo te fizer chorar, pare de pensar. Mas eu duvido você conseguir botar isso em prática enquanto está triste para um cacete e duvidando da sua capacidade mental para aguentar toda essa pressão.

Um dia, minha mãe disse que escrever poderia parecer, mas não era fácil. Eu acreditei, sabe, eu sempre escrevi, escrevia pequenas estorinhas pensando nas nuvens enquanto ia para a escola, sempre era difícil continuar de um ponto, eram sempre muitas ideias, mas agora tudo saiu do meu controle. Eu não consigo mais pensar em nenhum enredo bom o suficiente.

Não sei se cheguei a dizer, mas eu sou escritor de fantasia, drama e romance. Tudo isso chega a ser triste de escrever, se torna repetitivo, se não tomar cuidado eu sou acusado de plágio e minha carreira vai por água 'baixo.

Esses últimos dias sem meu marido foram um sufoco, ele era minha fonte de inspiração - como eu cheguei a dizer antes.

Com ele longe, não tinha ninguém para me ajudar com meus enredos, me dizer o que precisava adicionar ou retirar. Eu deveria ter amigos, mas quando eu começo a ter problemas na escrita, eu me isolo para ter um resultado bom o suficiente para me agradar de primeira. O problema tá ai... esse meu problema na escrita afastou todos, ninguém quis ficar com uma pessoa emocionalmente problemática e que some durante meses sem dar explicações.

Se bem que eu acho que eles deveriam entender meu lado sabe... eu sou um escritor!! minha vida é um saco, - para os menos interessados. - eu vivo rodeado de cadernos rabiscados com estórias, livros, dicionários e notas aleatórias.

Eu ainda tenho alguns leitores que me colocam para cima, mas... eu tenho quase certeza que um deles quer o meu corpo nu... e eu sou casado! nunca que aceitaria algo desse tipo.

Falando em casado, meu marido - o qual eu já falei varias vezes e nunca termino. -deve chegar ainda hoje, ele tinha terminado de fechar o contrato e chegara a qualquer momento, esse é um dos motivos para eu estar chorando - agora - no box do banheiro.

Ele sempre esteve comigo, desde quando tínhamos sete anos e ele sonhou que estava sentado em uma mesa de chefe - foi nesse dia que ele decidiu que iria ser empresário. Eu sei, ele era um garoto estranho. - Mas eu não fiquei muito atrás, eu sempre tive o sonho de estar cercado de livros, juntando com a minha incrível facilidade de escrever estorinhas, eu juntei o útil ao agradável na minha adolescência.

Nela eu escrevi o meu primeiro conto e apresentei para os meus amigos, eles adoraram e me ajudaram a continuar. O que foi um erro enorme.

Depois que eles me colocaram lá em cima, eu tive uma quedo horrível, quando varias editoras locais me rejeitaram e não quiseram publicar o meu livro. Foi ai que o meu marido - na época melhor amigo. - resolveu mandar o roteiro para as editoras fora da nossa cidade, e pasme, a maior de Seul quis publicar ela! eu só fiquei decepcionado que ela pediu para eu ir para a capital me adaptar e fazer entrevistas junto com outras coisas.

Bom, eu aceitei de primeira, iria ganhar um salario para fazer o que eu mais amava, parecia um sonho!

Sinceramente, eu não sei de onde eu tirei essa ideia de que seria um sonho. Eu tinha dezoito anos quando me mudei, ainda era um adolescente e não considerado um adulto, mas, esse era um dos meus menores problemas, o que mais me matava era a saudade de todos. Meus irmãos, meus pais e o meu melhor amigo.

Como um bom escritor de romance, eu deveria descobrir o que era que eu sentia quando ele chegava perto, mas não foi assim que eu descobri que amava o Jeongguk.

E é algo estranho e engraçado falar. Eu nunca disse a ele que estava apaixonado por ele, e nem ele disse isso para mim. Eu apenas fui buscar ele na estação de trem, junto a ele estava todos meus familiares - que estavam de mudança para a capital, eles a trabalho e Jeongguk á estudos. - e quando eu menos pensei, eu estava sobre seus braços beijando seus lábios.

Foi algo automático, eu não percebi quando aconteceu, mas eu só sei que depois disso nós começamos a namorar. Ele foi fazer faculdade de administração, e eu fiz faculdade de dança com bacharelado, apenas para ter algo além dos meus livros.

Isso é algo que eu estou agradecendo nesse exato momento. Minha vida de escritor acabou e eu posso pedir pro Jeongguk criar uma academia de dança para mim. Eu sei que ele não faria isso do nada, eu conheço o marido que tenho, ele iria querer que eu tentasse primeiro escrever mais, uma vez que ele sabe que escrever é o meu maior amor - depois dele, claro. - e que eu detestaria não estar escrevendo.

Já no meio do banho, - sim, eu parei de chorar. - eu ouço a porta do banheiro ser aberta e revelar o seu corpo que tanto me atrai. Acho que ele percebe meus olhos inchados e ri um pouco antes de se pronunciar.

- Que tal um romance em que o casal se separa durante anos por causa do medo de um, quando eles se reencontram, um deles não quer papo e o que fugiu tem que conquistar ele de novo? - ele fala enquanto tira suas roupas e entra dentro do box me abraçando.

- Eu acho uma ótima ideia. - dou um sorriso para ele e fecho os olhos sentindo a água cair em meu corpo.

- Você por algum acaso estava pensando em abrir uma academia de dança e largar a vida de escritor?

‐ Não...

Fim.

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