Capítulo único

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Um irmão nunca foi uma perspectiva desejada por James Potter. Ele não tinha qualquer problema com seu status de filho único. Na verdade, ser a criança muito amada e esperada de um casal que sempre sonhou com a maternidade e a paternidade era uma espécie de paraíso. 

Enquanto crescia, nunca houve nada impossível para James. Ele era o próprio sol de sua casa. Todas as decisões dos seus pais visavam fazê-lo feliz e levavam em conta suas vontades, por mais infantis e birrentas que fossem. Sua mãe era carinhosa e o ensinou sobre a ternura do maior amor que existe no mundo. Seu pai era gentil e sua bondade sempre foi um grande exemplo para James, que desejava um dia ser metade do homem que o pai era. A mãe de James era como uma chama de conforto, enquanto seu pai era como águas mornas e relaxantes. Eles eram o alicerce de James e não havia nada que fizesse falta naquela família.

Pelo menos, era o que ele acreditava quando criança. 

Ele não teve uma infância solitária, mas também não exatamente a mais sociável. Alguns amigos aqui e ali, porém não um grupo muito grande de pessoas que ele podia listar como próximas. Como todos os bruxos puro sangue, ele foi educado em casa, então antes de entrar em Hogwarts, James não fazia ideia de como era uma convivência diária com crianças de sua idade. No entanto isso o animava.

A verdade era que James Potter tinha muita energia dentro de si. Energia demais, como sua mãe sempre observava. Ele tinha aquela vontade engraçada em seu peito, como uma sensação adormecida mas que nunca ia embora, de experimentar um pouco de cada aspecto que o mundo tinha a oferecer. Crescer dentro da mansão o fez sentir como o centro do universo, mas também o fez desejar conquistar tudo que existia além das paredes de sua casa.

Na primeira vez que colocou os pés no Expresso de Hogwarts, depois de acenar animadamente para os seus pais, que tinham lágrimas nos olhos pela primeira separação do filho a longo prazo, sua primeira ação foi derrubar um garoto que estava passando.

Não foi exatamente de propósito. James ainda estava distraído com seus pais, as emoções correndo como descargas elétricas por todo o seu corpo. Sua mente não estava em seu estado mais atento. Ele se virou de modo muito brusco, querendo encontrar um compartimento vazio do trem, e se esqueceu totalmente de verificar se tinha alguém vindo no corredor. Tinha. O garoto levemente mais baixo que James foi parar no chão. E James, que tinha onze anos de idade, deu risada.

Rir provavelmente não foi a decisão mais sensata. O garoto se levantou antes que James tivesse a chance de oferecer a mão para ajudar. Ele tinha o cabelo escuro e levemente cacheado na altura da nuca e seus olhos cinza azulados eram ferozes, como se ele estivesse pronto para destruir James. O garoto Potter não ficou nada intimidado. Na verdade, por alguma razão inexplicável, ele achou o menino engraçado, com toda aquela postura.

— Olha por onde anda! — ele disse, parecendo bastante mal-humorado. 

— Desculpa — disse James, dando de ombros, porque não era grande coisa. — Foi você quem caiu, da próxima vez toma mais cuidado.

— Você me derrubou! — o menino revidou indignado, fechando as mãos em punhos como se quisesse socar James.

— Você me deixou te derrubar.

O garoto revirou os olhos, mas não revidou, só pareceu ficar mais emburrado. James era capaz de dizer que ele era um puro sangue somente pelas suas vestes bruxas. Aliás, pelo estilo, a família devia ser bem tradicional.

— Sou James — se apresentou, estendendo a mão, como se não tivesse ocorrido qualquer desentendimento. Para sua surpresa, o garoto nem hesitou em apertar sua mão em retorno.

— Sirius — ele respondeu.

Esse foi o momento que ele conheceu Sirius Black. Sua alma gêmea platônica. Seu melhor amigo. Sua outra metade. O que quer que seja. Não foi um encontro grandioso. Foi desajeitado e ele faria piadinhas sobre derrubar Sirius por muitos anos ainda, mas foi aquele pequeno momento que poderia ser interpretado como insignificante que mudou a vida de James Potter por completo. Sirius chegou e virou tudo de cabeça para baixo, da melhor maneira possível. E sua versão de onze anos de idade embarcando no expresso de Hogwarts não tinha a menor ideia do que aquele garoto de ar arrogante e estourado um dia significaria para ele.

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