Capítulo 2

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Uma semana após o fiasco dos encontros com os acompanhantes, Anne estava decidida a suportar qualquer coisa que sua mãe viesse a dizer, que diferença faria mais um ano? Ela poderia tentar uma viagem para longe na próxima vez, como uma válvula de escape.

— Ela não me ligou ainda, o que é mais que estranho — disse para Erika no telefone.

Talvez seja um sinal de desistência — supôs sua amiga.

— Meu sonho, amiga – respondeu Anne enquanto tentava equilibrar o celular ao ouvido ao passo em que fechava a geladeira com um dos pés, após retirar alguns ingredientes para fazer lasanha.

Não me diga, vai fazer lasanha? — perguntou Erika assim que escutou a porta da geladeira.

— Como você adivinhou? — questiona.

Você praticamente vive e respira lasanha! – Erika exclama.

— Ei, eu não vivo e respiro lasanha! – Anne rebate mesmo sabendo que estava errada. – Que culpa eu tenho se lasanha é maravilhosa.

Claro, não esqueça de mencionar que é o único prato que você consegue fazer sem olhar para um caderno de receitas — destaca Erika.

— Falou a master chef né – ironiza.

Óbvio, querida – Erika ri.

— Espere um pouco, tem alguém tocando a campainha – Anne avisou ao escutar o barulho vindo da sala

Vai lá.

Anne largou as coisas sobre a bancada e pegou um pano para limpar as mãos enquanto saía rumo à porta do seu apartamento. Meio receosa em atender, pois não esperava nenhuma entrega ou visita, Anne abriu a porta devagarinho, esperando que quem quer que fosse não estivesse mas ali ou não percebesse a pequena abertura na porta.

Mas assim que entreabriu a porta, um par de olhos azuis correu até aquela fissura.

— Olá, vizinha! — saudou o belo homem.

Ainda com um pé atrás, Anne não tirou o ferrolho da porta para se pronunciar.

— Vizinho?

— Sim, do apartamento em frente ao seu.

Anne havia se esquecido completamente que Phoebe iria se mudar com o marido, isso significa que ela conseguiu ir para um lugar mais espaçoso. Agora ela sentiu-se como uma péssima vizinha por não ter se despedido.

— Ah, seja bem vindo então – sorriu sem graça.

— Obrigado. Eu posso lhe pedir um favor? – o homem perguntou.

— Ah, eu...

— É coisa rápida, eu juro — afirmou ao perceber a incerteza pairando na fala dela.

— Tudo bem — concordou no final.

— Você poderia me dar uma xícara de açúcar? Na pressa da mudança acabei esquecendo de comprar no mercado – ele informou colocando em vista sua xícara preta.

— Ah, claro – Anne pensou por alguns segundos antes de prosseguir. — Entre, espere um instante na sala — ofereceu abrindo a porta do apartamento após dar uma boa olhada no seu perfil e estatura. Ele parecia decente. E muito bonito.

Mas assassinos também são decentes até te apunhalarem pelas costas.

— Sente-se — ofereceu a ele o sofá.

— Obrigado — sorriu entregando a xícara a ela.

Anne agradeceu aos céus por estar vestida de forma civilizada para receber visitas, caso contrário, estaria totalmente constrangida sobre o olhar daquele indivíduo.

Um Marido para o Natal - Conto Natalino - EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora