A única razão de nos apegarmos tanto às memórias é que elas não mudam. Mesmo que as pessoas tenham mudado e o mundo tenha virado de ponta-cabeça, elas permanecem intactas. É como se fossem um pedaço congelado do tempo, uma prova de que, em algum momento, as coisas foram diferentes.
E talvez seja por isso que Louis não se cansa de se perder no seu eu adolescente.
Quando tudo parecia tão simples ao ouvir sua música favorita tocar e sua pessoa favorita o puxar para dançar, mesmo que os dois estivessem desajeitados. Quando maratonar filmes em uma festa do pijama, comendo pipoca até cair de sono, era a melhor programação possível. Quando as férias chegavam, e a matemática, por alguns dias, deixava de ser o monstro que assombrava suas noites. Quando sua mãe chegava carregada de sacolas, e ele corria até ela, ansioso para descobrir se havia o biscoito recheado que ele tanto adorava. Quando olhava para o relógio e via que eram 11h11, ou 22h22, e sentia que o universo estava conspirando para dizer que algo especial estava por vir. Quando sua banda teen favorita começava a tocar em alguma loja de departamento, e ele tinha que se segurar para não dar um grito que faria todos o olharem torto.
Mas também quando tudo parecia ser o fim do mundo e, ao mesmo tempo, o início de um novo universo.
Quando um incidente insignificante — como um comentário fora de hora ou uma mensagem que nunca chegava — era capaz de fazê-lo desmoronar em plena terça-feira. Quando não saber quem ele era parecia algo "normal", mas, secretamente, lhe dava calafrios. Quando as espinhas no rosto e os braços magrelos eram um lembrete constante de que ele estava preso em um corpo que parecia não cooperar. Ou quando Louis era reduzido a números, como se a vida pudesse ser medida entre um 0 e um 10 em provas que ele sabia que jamais fariam sentido no mundo real.
Agora, com 24 anos, Tomlinson sabe que tudo passa. A chuva passa, a tempestade passa, até o furacão passa. Mesmo que seja difícil aceitar o que sobra, tudo passa. Mas, por algum motivo, as memórias permanecem. Não como uma prisão, mas como uma âncora que lhe lembra que ele já foi muitas versões de si mesmo – e, talvez, ainda seja todas elas.
•••
— Sim, Niall, eu já escolhi minha roupa! — Louis dizia ao telefone enquanto digitava freneticamente no computador: "que tipo de roupa usar em um show de uma banda?". Ele já estava na terceira página de resultados, mas nada parecia útil.
— Não, Louis, aposto que você não escolheu. — Horan retrucou do outro lado da linha. — E digo mais: provavelmente está mandando mensagem para a Taylor perguntando que roupa usar.
— 50% correto. Na verdade, estava pesquisando no Google! — Tomlinson respondeu, desistindo de encontrar ideias na internet. — Mas essa foi uma ótima ideia, vou perguntar para a Tay.
Louis afastou o celular do ouvido e, com uma agilidade que só ele tinha, adicionou Swift à ligação. Alguns toques foram suficientes para ela atender, ainda que com uma certa demora.
— Que foi, gente? — Taylor perguntou com uma voz sonolenta, quase arrastada. — Aconteceu alguma coisa? Eu estava dormindo.
— Não aconteceu nada, só quero ajuda para escolher algo para vestir hoje à noite.
— Sério que você ainda não escolheu? — A loira rebateu com a voz levemente irritada, embora Louis pudesse imaginar seu sorriso preguiçoso do outro lado da linha.
— Eu também estou puto pra caralho com isso, Tay. — Niall enfatizou o "puto", o que fez Louis rir baixinho.
— Ai, gente, sinto muito, mas vocês sabem o quão corridos têm sido os meus últimos dias. Não tive tempo nem de pensar na cor da minha cueca hoje. — Louis retrucou, jogando o corpo para trás na cadeira e encarando o teto.
— Ok, então. Vá com aquela sua calça preta — mas não aquela que sua tia te deu, ela já está toda desbotada. Vista sua camisa preta com a estampa meio punk e coloque todos os colares prateados que você tiver no pescoço. — Swift disparou, com a precisão de quem já estava acostumada a resolver os dilemas de Louis.
— E nos pés? — Louis perguntou, já revirando o armário mentalmente.
— All Star preto de cano alto. E vê se pega uma meia que não esteja furada no dedão. — Ela continuou.
— Cueca branca, por favor. — Niall acrescentou, com uma risada de canto.
— Wow, desse jeito ninguém vai resistir a mim. Achei que já tivéssemos superado aquele lance de conquistar os membros da banda. — Tomlinson brincou, um sorriso se formando em seu rosto.
— Nunquinha, meu amor! — Taylor respondeu à brincadeira com naturalidade. — Mas agora, sério, vou ter que desligar. Preciso continuar meu sono da tarde.
— Ah, tá bom, né. Buh bye, Tay. — Tomlinson e Horan disseram em uníssono, algo que já fazia parte do repertório da amizade deles.
— Buh bye, meninos. — E com isso, Swift desligou, deixando Louis e Niall sozinhos na linha.
— Então, tudo certo? — Niall perguntou, fingindo ser sério.
— Quase lá, só falta um detalhe... — Louis respondeu, olhando para o espelho. Talvez fosse verdade que tudo passava, mas, naquele momento, ele sabia que certas coisas – como a amizade deles – tinham vindo para ficar.
— É o que que falta agora, Louis? — Niall perguntou de forma despojada, mas também interessada no que o amigo responderia.
— Falta eu escolher um bom perfume, preciso achar alguém para trocar uns beijos essa noite. — Ele disse e Horan conseguia ouvir o barulho dos frascos de perfume sendo revirados do outro lado da linha. — Qual você acha que eu posso usar hoje?
— Vai com aquele que o Liam te deu, tão cheiroso e sexy...
— Você é um crânio, Ni! — Ele disparou beijinhos para o colega. — Enfim, vou tentar dormir um pouco agora para aguentar virar a noite, buh bye!
— Buh bye, querido, até mais tarde. — O loiro encerrou a ligação.
•••
Esse foi o primeiríssimo capítulo, espero que tenham gostado, não esqueçam de votar e comentar bastante.
beijinhosss 💋
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we are all in the same storm (larry stylinson)
FanfictionNão se apaixone por pessoas como ele. Harry te levará a museus, e parques, e monumentos, e te beijará em todos os lugares bonitos, para que você nunca volte neles sem sentir o gosto dele como sangue na sua boca. Ele irá te destruir das formas mais...